terça-feira, 30 de agosto de 2011

Retrato de um Pastor
(texto publicado na Revista Ministério de Set-Out / 2011)


Felippe Amorim


Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero com eles, e testemunha dos sofrimentos de Cristo, e ainda co-participante da glória que há de ser revelada: Pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho. Ora, logo que o Supremo Pastor se manifestar, recebereis a imarcescível coroa da glória. (I Pedro 5: 1-4)

Introdução

Na Bíblia podemos encontrar exemplos de diversas pessoas que dedicaram sua vida ao ministério pastoral. Timóteo, Paulo, Jesus – o Supremo Pastor, dentre outros. O apóstolo Pedro recebeu sua ordenação ao ministério do próprio Jesus quando conversava com Ele às margens do mar da Galileia: “pastoreai as minhas ovelhas” (João 21:16).

Ao escrever sua primeira carta, Pedro dirige conselhos espirituais para diversas classes da igreja. Os pastores, líderes da igreja, não foram esquecidos pelo apóstolo. No capítulo 5:1-4 ele se dirige especificamente aos pastores. Nesses breves e profundos versículos, Pedro deixou estabelecidos a identidade, o trabalho e a recompensa do pastor. Palavras às quais todos aqueles que almejam ou exercem o ministério devem estar muito atentos.


A identidade do pastor



No verso 1, Pedro apresenta-se aos líderes aos quais escreve. Em sua apresentação podemos claramente observar as credenciais com as quais um pastor deve se identificar. No início de sua apresentação o apóstolo usa a expressão “presbítero com eles”(v.1). Pedro se mostra igual a todos os outros líderes para os quais escreve.

Uma característica que deve fazer parte das credenciais de um pastor é a humildade. O pastor não deve achar-se superior aos outros pastores, muito menos aos membros da igreja. Com tristeza ouvi o lamento de um membro de uma igreja que recebeu uma severa repreensão de seu pastor por tê-lo chamado de “irmão”. Se os pastores não são também “irmãos”, o que são finalmente?

Pedro continua se apresentando. A expressão que ele usa agora é “testemunha dos sofrimentos de Cristo” (v.1). Ninguém melhor que ele poderia usar esta expressão. Pedro esteve bem perto de Jesus na maioria dos momentos de sofrimento do Salvador na terra. Mas esta frase deve levar-nos a refletir em nossa vida. O pastor deve ser uma testemunha de Jesus. Seus olhos devem estar em todos os momentos de sua vida fixos no Mestre. Testemunha no sentido de quem fala a respeito, mas, também no sentido de quem conhece.

Não temos o privilégio que Pedro teve de contemplar a Jesus pessoalmente. Mas podemos contemplá-lo pela fé através das páginas das Escrituras Sagradas. O estudo da Bíblia deve ser a ação mais frequente da vida pastoral. Ellen White comenta: “Fato lamentável é que o progresso da causa seja prejudicado pela falta de obreiros instruídos. Muitos carecem de requisitos morais e intelectuais. Eles não exercitam a mente, não cavam em busca dos tesouros ocultos. Visto que apenas tocam a superfície, adquirem unicamente o conhecimento que à superfície se encontra” (Obreiros Evangélicos, 93). O pastor é uma testemunha por conhecer profundamente seu Mestre.

As palavras introdutórias de Pedro continuam. Ele se auto-denomina “co-participante da glória que há de ser revelada”. Percebe-se em suas palavras uma firme esperança no glorioso futuro prometido por Jesus. Além de participar da glória, o apóstolo entende que é co-participante do sofrimento de cristo: “Porque para isso fostes chamados, porquanto também Cristo padeceu por vós, deixando-vos exemplo, para que sigais as suas pisadas.”(I Pe. 2:21). Isso também fica claro em I Pedro 4:13 onde lemos: “mas regozijai-vos por serdes participantes das aflições de Cristo; para que também na revelação da sua glória vos regozijeis e exulteis”. A vida pastoral não é feita apenas de momentos de felicidade. As aflições certamente farão parte da jornada de um líder, pois o líder maior, Jesus Cristo, passou por muitas aflições. O prêmio final deve ser a grande motivação do ministro.

O trabalho do pastor

Após apresentar as credenciais espirituais do ministro, Pedro começa a expor seus conselhos. O primeiro deles é: “Pastoreai o rebanho”(v.2). Este mesmo conselho já havia sido dado por Paulo (Atos 20: 28) e por Jesus(João 21:16). Quando nos voltamos para a figura do pastor cuidando de suas ovelhas no campo, entendemos o conselho. Pastorear significa alimentar e cuidar do rebanho.

O pastor alimenta sua igreja quando sobe ao púlpito com uma mensagem retirada da Bíblia. O sermão deve ser guiado pelo conselho paulino: “prega a palavra”(II Tim. 4:2). Histórias engraçadas ou comoventes podem entreter, mas só a palavra de Deus alimenta.

O cuidado do pastor é feito mais eficazmente de forma individual. É no contato do pastor com a ovelha que são detectadas as feridas e as debilidades da ovelha, e assim o pastor pode exercer seu cuidado de forma mais efetiva. A visita pastoral à casa do membro é um excelente momento para que isso aconteça. Todo o cuidado com os membros da igreja é pouco, pois somos sub-pastores cuidando das ovelhas do Supremo Pastor (João 10: 14 e 21: 15)

Pedro passa para um próximo tópico de seus conselhos sobre o trabalho pastoral. Ele fala que o trabalho deve ser “não por força, mas espontaneamente”(v.2). A alegria deve permear a vida ministerial. Fazer o trabalho que Cristo fazia deve ser motivo de prazer no trabalho. Aliás, se o trabalho não for espontâneo, com alegria, não será aceito, pois o único serviço que Deus aceita é aquele feito com alegria (2 Cor. 9:7).

A lista de recomendações continua. O final do verso dois nos diz que o pastor não deve trabalhar por ganância. O dinheiro não deve estar entre as motivações para o trabalho. Deus provê tudo aquilo que o pastor precisa, para que ele trabalhe motivado pela salvação de almas.

Parece que Pedro deixou para arrematar os conselhos com uma das mais importantes facetas do ministério pastoral. “Não por dominação, mas sendo modelos do rebanho”(v.3).

O trabalho do pastor não deve ser exercido a partir de um autoritarismo quase militar, o ministro não “manda” na igreja. Ele é servo de Deus, designado para cuidar da igreja. A autoridade do pastor é moral e espiritual, e por isso Pedro termina seus conselhos falando que o ministro deve ser um exemplo de cristão. São abundantes os texto sagrados que falam que o líder deve ser modelo (Tito 1:7, 1 Tes. 1: 7; 2 Tes. 3: 9; 1 Tim. 4: 12; Tito 2: 7).

A mesa do pastor deve ser exemplo para os membros, assim como a roupa, as palavras, as reações, as músicas, os relacionamentos. O pr. Paulo entendia muito bem isso quando disse: “Sede meus imitadores, como também eu o sou de Cristo”(1 Cor. 11:1).

Ellen White escrevendo sobre as características de um ministro estabeleceu 7 Requisitos essenciais para a vida do pastor:

1 – Simpatia: Necessitamos mais da simpatia natural de Cristo; não somente simpatia pelos que se nos apresentam irrepreensíveis, mas pelas pobres almas sofredoras, em luta, que são muitas vezes achadas em falta, pecando e se arrependendo, sendo tentadas e vencidas de desânimo. (Obreiro Evangélicos, 140)

2 – Integridade: Necessitam-se neste tempo homens de coragem provada e firme integridade, homens que não temam erguer a voz na defesa do direito. (Obreiro Evangélicos, 141)

3 – União com Cristo: Uma ligação vital com o Sumo Pastor, há de fazer do subpastor um representante vivo de Cristo, uma verdadeira luz para o mundo. (Obreiro Evangélicos, 142)

4 – Humildade: Os que possuem mais profunda experiência nas coisas de Deus, são os que mais se afastam do orgulho e da presunção. (Obreiro Evangélicos, 142)

5 – Fervor: O meditar somente não satisfará a necessidade do mundo. Religião não deve ser em nossa vida uma influência subjetiva. Temos de ser cristãos bem alerta, enérgicos e ardorosos, cheios do desejo de comunicar aos outros a verdade. (Obreiro Evangélicos, 143)

6 – Coerência: Não importa quão zelosamente seja advogada a verdade, se a vida diária não testemunhar de seu poder santificador, as palavras faladas de nada aproveitarão. Uma conduta incoerente endurece o coração e estreita o espírito do obreiro, colocando também pedras de tropeço no caminho daqueles por quem ele trabalha. (Obreiro Evangélicos, 144)

7 – A vida diária: O pastor deve achar-se livre de toda desnecessária perplexidade temporal, a fim de se poder entregar inteiramente a sua santa vocação. Cumpre-lhe orar muito, e sujeitar-se sob a disciplina de Deus, para que sua vida revele os frutos do verdadeiro domínio de si mesmo. Sua linguagem precisa ser correta; nada de frases de gíria, nem de palavras vulgares devem-lhe sair dos lábios. Seu vestuário deve estar em harmonia com o caráter da obra que está fazendo. Esforcem-se os pastores e professores por atingir a norma estabelecida nas Escrituras. (Obreiro Evangélicos, 14)

Pesa sobre os ombros do ministro uma grande responsabilidade. Por isso a comunhão com Cristo deve ser muito almejada.

A recompensa do pastor


Diante de tanta responsabilidade, seria no mínimo estranho se Jesus não estabelecesse um pagamento para os ministros. Não me refiro simplesmente ao salário do qual é digno o trabalhador (I Tim. 5:18). Me refiro a um prêmio maior.

I Pedro 5:4 diz: “Ora, logo que o Supremo Pastor se manifestar, recebereis a imarcescível coroa da glória”. A frase é afirmativa. Logo que Jesus voltar, Ele garante: “recebereis”. Há uma recompensa guardada para todos aqueles que forem fiéis e certamente os pastores estão incluídos (Mat. 5: 12; 2 Cor. 4: 17; 2 Tim. 4: 8). Todos os pastores que foram fiéis em seu trabalho um dia receberão a coroa das mãos do Supremo Pastor. E para este grupo ainda há uma recompensa especial: ver aqueles que Jesus colocou sob sua responsabilidade também recebendo a coroa da vida das mãos do Bom Pastor, nosso Senhor Jesus Cristo.

Todos os pastores devem trabalhar no presente com o seu coração no futuro. Naquele glorioso dia, todas as angústias, todos os desafios, a vida abnegada, muitas vezes, sangue, suor e lágrimas serão recompensados. Todos seremos ovelhas do Grande Pastor e nunca mais sofremos os efeitos do mal. Somente felicidade, para sempre.





segunda-feira, 15 de agosto de 2011


Missão Possível
(publicado no site Advir.com: click aqui )

Felippe Amorim

E este evangelho do reino será pregado no mundo inteiro, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim. Mateus 24:14



Recentemente o Brasil foi impactado pelo exemplo de fidelidade de uma jovem Adventista do Sétimo dia chamada Wasthi. Ela recusou a vaga em um Programa de televisão que poderia render para ela um bom emprego, porque queria se manter fiel a Deus observando o quarto mandamento de Sua lei, ou seja, santificando o sábado.

A entrevista na qual ela explicou seus princípios religiosos foi amplamente divulgada pela internet e certamente milhões de pessoas escutaram que existe um criador, um dia de guarda verdadeiro e uma igreja que preza pela verdade bíblica. Certamente foi uma grande contribuição à pregação do evangelho. Esse fato suscita uma reflexão séria.

Jesus deixou registrado na Sua palavra uma série de sinais que precederiam o Seu glorioso retorno a esta terra. Um estudo atento do capítulo 24 de Mateus nos apresenta sinais naturais, políticos, sociais, religiosos que facilmente identificamos em nossos dias.

O último grande sinal da volta de Jesus também está registrado no capítulo 24 de Mateus, é a pregação do Evangelho em todo o mundo. Este é o grande evento que precede o maior espetáculo já presenciado pelo universo.

Quando observamos o mundo em que vivemos podemos nos perguntar como o evangelho será pregado em todo o mundo. Hoje, mesmo com tantas facilidades tecnológicas, ainda enfrentamos grandes barreiras para a pregação do Evangelho. Países como a China e a Índia que detêm cerca de 1/3 da população mundial tem uma presença cristã muito pequena e se falarmos da presença Adventista, o número é ainda menor.

Mesmo aqui no Brasil a situação é desafiadora. Em São Paulo, por exemplo, a população é de aproximadamente 18,8 milhões de habitantes e quase 70 mil adventistas.

“No restante do mundo o desafio não é diferente, vejamos: Em Tóquio e adjacências vivem 35,6 milhões de pessoas e apenas 2.860 são adventistas. Em Nova Iork, são 19 milhões e 37.897 adventistas. Na Cidade do México, são 23,5 milhões de habitantes para 53.093 adventistas. Em Mumbai, na Índia, são 18,9 milhões e cerca de 10 mil adventistas. Se formos à China, um dos desafios do mundo atual, vamos encontrar Xangai com 14,9 milhões de habitantes para 6.274 membros, e em Beijing, 11,1 milhões de habitantes para 3300 adventistas. A mesma realidade pode ser vista em Buenos Aires, com 12,7 milhões de habitantes para 22.978 adventistas. No Cairo, Egito, com 11,8 milhões de habitantes, vivem 289 adventistas. Em Manila, nas Filipinas, são 11,1 milhões de habitantes e 30.775 adventistas. Moscou na Rússia, tem 10,4 milhões de habitantes e 3.500 são adventistas”.

Quando nos deparamos com este quadro, corremos o risco de ficarmos desanimados, pensando que será impossível pregarmos o evangelho em todo o mundo para que a volta de Jesus seja uma realidade o mais rápido possível.

Quando temos questões tão importantes como esta para responder, precisamos ir a mais confiável fonte de informações: A Bíblia. Nela encontramos relatos que nos dão o caminho para a solução deste nosso aparente empasse.

Noé e o Dilúvio

Começaremos analisando o projeto evangelístico que Deus designou Noé para realizar. O mundo antediluviano havia chegado no limite da paciência de Deus. O supremo criador resolveu então destruir o mundo, mas, graças a sua infinita misericórdia, quis salvar o maior número de pessoas e por isso deu uma mensagem a Noé e este deveria fazer uma série evangelística concomitante à construção da arca.

Por cento e vinte anos Noé pregou todos os dias a mesma mensagem, a mensagem presente para aquela época: o mundo seria destruído e as pessoas deveriam entrar na arca para se salvarem. Por certo, a maior série evangelística da história. No final de 120 anos apenas 8 pessoas foram salvas. Será que era a intenção de Deus condenar a maior parte das pessoas? Certamente não, mas Deus não poderia salvar aqueles que não aceitaram a mensagem. Como diz Ellen White: “O Redentor do mundo tinha muitos ouvintes, mas poucos seguidores. Noé pregou ao povo cento e vinte anos antes do dilúvio e, contudo, bem poucos souberam dar valor a esse precioso tempo de graça. Exceto Noé e sua família, ninguém mais foi contado entre os crentes, nem entrou na arca. De todos os habitantes vivos da Terra, somente oito almas aceitaram a mensagem; mas aquela mensagem condenou o mundo. A luz foi dada para que cressem, a rejeição da luz valeu-lhes a ruína. Nossa mensagem para o mundo será um cheiro de vida para todos quantos a aceitarem, e de condenação para todos os que a rejeitarem”. (Testemunhos Seletos v.3, 190)

A história de Noé nos dá a nossa primeira conclusão acerca da pregação de evangelho a todo o mundo. Devemos tentar alcançar o maior número de pessoas possível, mas para Deus a qualidade é mais importante que a quantidade. Se pudermos unir quantidade com qualidade seria o ideal, mas, segundo a história bíblica, se tivermos que optar por uma das duas devemos sempre ficar com a qualidade dos conversos.

ELIAS e o Monte Carmelo

Analisemos outra história. Elias foi um fiel servo de Deus. Em uma ocasião do seu ministério ele se deparou com um casal diabólico, Acabe e Jezabel. Este casal real havia feito o povo de Israel se distanciar de Deus e adorarem deuses falsos da fenícia.

A missão de Elias era repreender o povo em nome de Deus. O profeta do Deus verdadeiro deveria levar a mensagem de juízo ao rei e, sob risco de perder sua própria vida, entrou no palácio real e anunciou três anos e meio de seca na região. A palavra profética foi cumprida e quanto mais o tempo passava, mais a vida de Elias corria risco, pois Acabe e Jezabel queriam a todo custo a cabeça de Elias.

Passado o tempo determinado por Deus, Elias marcou um encontro entre ele e os inimigos de Deus no monte Carmelo. O profeta de Deus fez uma pergunta aos que estavam ali, pergunta esta que ecoa até nossos dias: E Elias se chegou a todo o povo, e disse: Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-o; mas se Baal, segui-o. O povo, porém, não lhe respondeu nada. (1 Reis 18:21)

Esta é uma questão que precisa ser pensada seriamente por todos os cristãos. A pergunta de Elias não oferece a opção do meio termo, era preciso uma posição firme por um dos lados – ou Deus ou baal. Podemos tirar outra lição. Durante toda a história do movimento profético Adventista do Sétimo dia, uma clara identidade nos diferenciou de outras denominações. Necessitamos preservá-la. Não podemos ficar servindo a dois senhores, ou melhor, a duas “teologias”, uma bíblica e outra contextual. A chamada ética circunstancial não pode ser aplicada na pregação do evangelho. A posição dos cristãos adventistas deve ser firme de tal forma que a identidade desta igreja seja mantida de acordo com a vontade de Deus expressa em Seus textos inspirados.

Após os improdutivos momentos de invocação dos profetas de baal recheados de muito barulho, Elias orou a Deus, sem barulho, sem gritaria, sem agitação, Elias apenas orou a Deus e o criador honrou a fidelidade do seu servo. A Bíblia registra assim aquele momento: Então caiu fogo do Senhor, e consumiu o holocausto, a lenha, as pedras, e o pó, e ainda lambeu a água que estava no rego. Quando o povo viu isto, prostraram-se todos com o rosto em terra e disseram: O senhor é Deus! O Senhor é Deus! (1 Reis 18: 38,39)

Ellen White descreve aquele momento: “Com impressionante distinção o grito ressoa sobre o monte e ecoa pela planície. Afinal Israel está desperto, esclarecido, penitente. O povo vê por fim quão grandemente havia desonrado a Deus. O caráter do culto de Baal, em contraste com a sensata adoração requerida pelo verdadeiro Deus, está plenamente revelado. O povo reconhece a justiça e misericórdia de Deus em haver retido o orvalho e a chuva até que tivessem sido levados a confessar o Seu nome. Agora estão prontos a admitir que o Deus de Elias está acima de qualquer ídolo”. (Patriarcas e Profetas. 153)

A vida fiel de Elias fez com que o evangelho fosse rapidamente espalhado por toda a região. Embora houvesse outros fiéis escondidos nas cavernas, naquela ocasião o testemunho de um homem fiel fez com que a mensagem presente para aquela época fosse pregada para “todo o povo” segundo a bíblia.

Sadraque, Mesaque e Abdenego

Analisemos a história registrada no capítulo 3 do livro de Daniel. Os três amigos do profeta, Sadraque, Mesaque e Abedenego receberam a ordem da adorar a imagem que o rei Nabucodonosor havia construido.

“A idéia de estabelecer um império e uma dinastia que perdurassem para sempre, apelou fortemente ao poderoso monarca cujas armas as nações da terra tinham sido incapazes de resistir. Com o entusiasmo nascido da ilimitada ambição e orgulho personalístico, ele tomou conselho com seus sábios quanto à maneira de levar avante o projeto. Esquecendo as assinaladas providências relacionadas com o sonho da grande imagem; esquecendo também que o Deus de Israel, por intermédio de Seu servo Daniel, tinha-lhe esclarecido o significado da imagem, e que em conexão com esta interpretação os grandes homens do reino tinham sido salvos de morte ignominiosa; esquecendo tudo, exceto o seu desejo de estabelecer o seu próprio poder e supremacia, o rei e seus conselheiros de Estado decidiram que todos os meios possíveis seriam utilizados para exaltar Babilônia como suprema, e digna de submissão universal”. (Profetas e Reis. 505)

Existia uma mensagem que deveria ser espalhada por todo o mundo: Somente o Deus de Israel era verdadeiro. Esta era a mensagem presente naquela ocasião. O desafio era muito grande, pois aparentemente tudo conspirava contra a mensagem de Deus.

O rei Nabucodonosor tentou obrigar os jovens fiéis hebreus a adorarem a imagem de ouro, usando como instrumento de coerção, a fornalha ardente. Sadraque, Mesaque e Abedenego foram fiéis sem pensar nas consequências: Responderam Sadraque, Mesaque e Abednego, e disseram ao rei: Ó Nabucodonozor, não necessitamos de te responder sobre este negócio. Eis que o nosso Deus a quem nós servimos pode nos livrar da fornalha de fogo ardente; e ele nos livrará da tua mão, ó rei. Mas se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste. (Daniel 3:16-18)

O rei portanto os jogou na fornalha e naquele momento Jesus apareceu no meio da fornalha e os livrou da morte.

Os versículos 28 e 29 do capítulo 3 de Daniel falam algo sobre o qual nós deveríamos refletir bastante: “Falou Nabucodonozor, e disse: Bendito seja o Deus de Sadraque, Mesaque e Abednego, o qual enviou o seu anjo e livrou os seus servos, que confiaram nele e frustraram a ordem do rei, escolhendo antes entregar os seus corpos, do que servir ou adorar a deus algum, senão o seu Deus. Por mim, pois, é feito um decreto, que todo o povo, nação e língua que proferir blasfêmia contra o Deus de Sadraque, Mesaque e Abednego, seja despedaçado, e as suas casas sejam feitas um monturo; porquanto não há outro deus que possa livrar desta maneira”. (Daniel 3: 28,29)

É impressionante este relato. Todo o império babilônico, que abarcava quase todo o mundo conhecido da época, recebeu a mensagem do evangelho em um só dia.

O testemunho de três jovens fiéis foi o suficiente para que a mensagem fosse pregada em todo o mundo rapidamente. Sem mídia eletrônica, sem grandes meios de comunicação em um dia a mensagem foi pregada de forma espetacular.

DANIEL

Ainda no livro de Daniel temos outro relato que pode responder nossa pergunta inicial. Em Daniel no capítulo 6 encontramos a famosa passagem da Daniel na cova dos leões.

A fidelidade de Daniel e o prestígio que ele ganhou junto ao rei Dario da Pérsia, fez surgir inveja nos seus colegas de trabalho que incentivaram o rei a fazer uma lei que obrigava a todos orarem somente a ele mesmo. Daniel que seguia o princípio bíblico de agradar a Deus e não aos homens, continuou fazendo suas orações com a janela aberta em direção a Jerusalém.

A pena para o desobediente seria a morte na cova dos leões. Mesmo relutante, o rei Dario cumpriu sua palavra e jogou Daniel na cova dos leões. O anjo do senhor protegeu o profeta fechando a boca dos leões.

Novamente a vida fiel de um servo de Deus faz um grande trabalho missionário, como vemos na bíblia: “Então o rei Dario escreveu a todos os povos, nações e línguas que moram em toda a terra: Paz vos seja multiplicada. Com isto faço um decreto, pelo qual em todo o domínio do meu reino os homens tremam e temam perante o Deus de Daniel; porque ele é o Deus vivo, e permanece para sempre; e o seu reino nunca será destruído; o seu domínio durará até o fim. Ele livra e salva, e opera sinais e maravilhas no céu e na terra; foi ele quem livrou Daniel do poder dos leões”. (Daniel 6:25-27)

A mensagem presente para a época foi pregada em todo o reino da Medo-Pérsia em um só dia. Este é um grande exemplo de como podemos pregar a verdade de Deus em todo mundo. A vida de um fiel, Daniel, fez com que se espalhasse a mensagem de Deus em todo o mundo conhecido.

PAULO

No novo testamento podemos encontrar outro exemplo de pregação do evangelho em todo mundo.

Em colossenses 1:23 Paulo diz: “se é que permaneceis na fé, fundados e firmes, não vos deixando apartar da esperança do evangelho que ouvistes, e que foi pregado a toda criatura que há debaixo do céu, e do qual eu, Paulo, fui constituído ministro”.

Um pequeno grupo de fiéis seguidores de Jesus foi o suficiente para pregar o evangelho em todo o mundo conhecido como lemos no texto acima. A vida deles foi uma pregação não verbal que convenceu multidões a seguir a Jesus.

Os exemplos bíblicos que relatamos nas linhas acima nos mostram que a fidelidade de um cristão pode revolucionar o mundo.

Imagine que o decreto dominical saiu e o mundo inteiro está se adaptando a esta lei que supostamente trará a paz mundial. De repente surge um grupo de pessoas que são fiéis à bíblia e, portanto, guardam o sábado, o verdadeiro dia do Senhor.

Um fiel adventista do 7º dia é preso e mesmo sob ameaça de perder sua própria vida ele não abre mão da verdade bíblica. Os jornais farão entrevistas para conhecer quem é este fiel adventista e farão reportagens sobre a Igreja Adventista e escreverão artigos sobre as doutrinas adventistas. As universidade farão debates sobre o sábado e em pouquíssimo tempo o evangelho será conhecido em todo o mundo.

O Exemplo de Wasthi mostra que a parábola que contamos acima não é algo difícil de acontecer. Como falamos, milhares de pessoas hoje sabem da mensagem do sábado por causa do exemplo de uma jovem fiel. Certamente ela não é perfeita. Nenhum dos personagens bíblicos que citamos acima o era. Mas quando o ser humano decide colocar-se nas mãos de Deus, o Supremo Pai o faz fiel.

Um fiel é tudo o que Deus precisa, apenas um fiel e o evangelho pode ser pregado em todo o mundo.

Cada cristão Adventista do sétimo dia precisa buscar a Jesus de tal forma que quando chegar o momento certo Deus trabalhe através da sua fidelidade e termine a pregação do evangelho em todo o mundo. Após a pregação em todo o mundo Jesus voltará e nos levará para junto dele e passaremos a eternidade sem a presença do pecado e com a presença de Jesus.

Texto baseado no sermão do Pr. Joaquim Azevedo

Bibliografia

Revista Adventista. Nº 1218. novembro de 09. Ano 104.

WHITE, Ellen G. Testemunhos Seletos. Volume 3. 6ª Edição. Casa Publicadora

Brasileira. Tatuí-SP,

WHITE, Ellen G. Patriarcas e Profetas. Casa Publicadora Brasileira, Tatuí-SP, 2007

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Na contramão do mundo
(Texto publicado na Revista Adventista de Agosto / 2011)
Felippe Amorim


Introdução


Fiquei curioso para saber quais as lutas que os jovens cristãos têm enfrentado nesses tempos em que vivemos, então resolvi fazer uma pesquisa rápida sem muito rigor científico entre alguns alunos de uma escola de Ensino Médio. Passei um questionário simples com duas perguntas. A primeira foi: Em quais áreas você tem maior dificuldade de ser fiel a Deus? A segunda pergunta foi: Para você, qual é o maior desafio de um jovem cristão hoje?

As respostas foram muito interessantes. Para a primeira pergunta 64% dos pesquisados responderam que era ouvir somente músicas cristãs, 58% disseram que têm muita dificuldade em ler a Bíblia e orar diariamente. 21% indicaram problemas com a Internet, 26% responderam que têm dificuldade em sempre falar a verdade. Algumas áreas como sexualidade e frequência aos cultos também foram indicadas, dentre outras.

Para a segunda pergunta, tivemos respostas muito significativas também. Permanecer puro, se desligar das coisas mundanas e seguir os dez mandamentos foram algumas das respostas que obtivemos.

Sem dúvida, ser cristão no mundo contemporâneo é um grande desafio e ser um jovem cristão neste contexto é mais desafiador ainda.

Sempre ouvimos que o cristão precisa andar na contramão do mundo. Vamos pensar um pouco sobre o que significa estar na contramão. Estar na contramão não é confortável, é mais fácil ir para onde todos estão indo. A contramão é um lugar perigoso com grandes possibilidades de se machucar. Não é popular estar na contramão, certamente críticas serão ouvidas. Pode haver colisões frontais. Quando andamos na contramão certamente nos encontraremos com aqueles que vêm no sentido contrário. Finalmente é necessária muita coragem para estar nesta posição. Será que Deus realmente quer que andemos na contramão do mundo e soframos tantos constrangimentos?

A contramão: um imperativo bíblico


Em Romanos 12:2 lemos: “E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Não se conformar é não ter a mesma forma, em outras palavras é não estar na mesma direção. Deus requer de cada cristão que ande na contramão deste mundo.

A Bíblia nos apresenta vários exemplos de pessoas que escolheram estar na contramão deste mundo. Gostaria de destacar um deles.

O profeta Daniel foi levado de sua terra natal para a Babilônia quando ainda era jovem, provavelmente aos 18 anos de idade. Aquele lugar era o maior centro cultural e político de sua época. Em Daniel 1:5 lemos: “E o rei lhes determinou a porção diária das iguarias do rei, e do vinho que ele bebia, e que assim fossem alimentados por três anos; para que no fim destes pudessem estar diante do rei.” Há uma palavra que precisamos destacar deste verso, “determinou”. A “mão” do mundo para Daniel naquele momento era comer daquilo que o rei havia posto à mesa. A Bíblia registra qual foi a atitude do jovem profeta: “Resolveu Daniel, firmemente, não contaminar-se com as finas iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; então pediu ao chefe dos eunucos que lhe permitisse não contaminar-se”(Dn 1:8). Daniel resolveu andar na contramão do mundo.

Se analisarmos este verso perceberemos que não foi uma decisão fácil. Dentre todos os escravos, Daniel estava numa posição privilegiada, pois foi escolhido para estudar na “Universidade da Babilônia”, a melhor do mundo. Ao decidir não estar na “mão do mundo” ele estava arriscando perder a vaga na universidade, perder status social elevado e um bom emprego. A despeito de tudo isso, o profeta dá dois passos importantes que devem ser dados por todo cristão jovem ou adulto. Ele “decide” não se contaminar, mas apenas decidir não é o suficiente, logo após ele vai para a ação, pedir ao chefe dos eunucos. Decisão e ação devem marcar a vida dos cristãos que andam na contramão do mundo.

Deus nunca desampara seus filhos. A atitude de Daniel de andar na contramão do mundo foi recompensada pelo Senhor. Em Daniel 1:15 lemos que por escolher uma dieta diferente dos demais, em dez dias pode perceber-se que ele e seus amigos eram mais robustos que os outros. Depois de três anos de estudos eles foram achados dez vezes mais inteligentes que qualquer outro estudante daquele local (Dn 1:20).

Andar na contramão – A Prática

Aquele episódio pelo qual Daniel e seus três amigos passaram estava diretamente ligado a um importante aspecto do cristianismo, a alimentação. Mas dele podemos retirar um principio útil para qualquer aspecto da vida cristã. Todo cristão precisa andar no caminho de Deus e este é a contramão do mundo.

Na prática funciona assim:

A Mão do mundo diz: sexo livre. A contramão diz: sexo apenas no casamento.

A Mão do mundo diz: pornografia. A contramão diz: pureza da mente.

A Mão do mundo diz: perca tempo com futilidades. A contramão diz: Dedique tempo à Bíblia e oração.

A Mão do mundo diz: desrespeite os pais. A contramão diz: honra teu pai e tua mãe.

A Mão do mundo diz: cole na prova. A contramão diz: tire nota baixa, mas não cole.

A mão do mundo sempre leva à perdição, somente a contramão do mundo pode nos levar ao céu.

Qual o segredo?

É possível que nesse momento alguns estejam pensando: Sei que preciso estar na contramão do mundo, mas não tenho forças, como conseguirei?

Ellen White escreveu sobre Daniel: “O profeta Daniel tinha um caráter notável. Ele foi brilhante exemplo daquilo que os homens podem chegar a ser quando unidos com o Deus da sabedoria” (Santificação, 18). O Salmo 119: 9-11 diz: “Como purificará o jovem o seu caminho? Observando-o de acordo com a tua palavra. De todo o meu coração tenho te buscado; não me deixes desviar dos teus mandamentos. Escondi a tua palavra no meu coração, para não pecar contra ti”.

Não existe fórmula mágica para a fidelidade. Apenas a união com Jesus pode nos dar forças para resistirmos às ondas deste mundo. Somente Cristo pode nos indicar o caminho. “Quando te desviares para a direita ou para a esquerda, os teus ouvidos ouvirão atrás de ti uma palavra, dizendo: este é o caminho, andai por ele” (Is. 30:21). Necessitamos com urgência ter mais intimidade com Deus para ouvirmos sua voz e só então podermos andar na contramão do mundo.



quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Aplica-te à Leitura




até a minha chegada, aplica-te à leitura, à exortação, e ao ensino. (I Tm 4:13)

“Uma mente que se abre para novas ideias nunca mais retorna para o tamanho original” (Albert Einstein). A frase anterior nos passa uma mensagem importante. Nós seríamos muito beneficiados se constantemente entrássemos em contato com novas ideias.

Podemos usar diversos meios para termos acesso às novas ideias, mas, sem dúvida, a prática da leitura é um dos meios mais eficazes. Desenvolver o hábito da leitura é uma recomendação dos educadores para todos os seres humanos que querem se desenvolver intelectualmente.

Um Conselho Divino



Deus, o criador dos seres humanos, tem a total noção do quanto a leitura é benéfica para as pessoas. Ao inspirar Paulo quando este escrevia a Timóteo, Deus tocou neste assunto.

Na primeira carta que escreveu a Timóteo, no capítulo 4: 6 a 16, Paulo apresenta diversos conselhos a um jovem pastor. Mais especificamente, a partir do versículo 12 são apresentadas mensagens à mocidade.

“Não despreze a tua mocidade” é o conselho geral e depois Paulo detalha como o jovem pode não desprezar sua mocidade. Um dos conselhos é “aplica-te à leitura”. É verdade que Paulo estava se referindo especificamente à leitura do Antigo Testamento e essa, sem dúvida, é a mais importante de todas as leituras, em nosso contexto, a leitura das Escrituras Sagradas. No entanto, o conselho do apóstolo pode ser aplicado a um contexto mais amplo.


Um conselho Específico



Todos os cristãos deveriam ser pessoas que tem intimidade com a leitura, afinal, eles têm sua religião baseada em um livro. Muitas pessoas até desenvolveram um hábito de leitura, mas não o aplicaram ao principal livro: a Bíblia.

Ellen White tem alguns conselhos que demonstram a importância de fazer das Sagradas Escrituras a sua principal leitura.

“A Bíblia é o melhor livro do mundo para comunicar cultura intelectual. Seu estudo ativa a mente, robustece a memória e aguça o intelecto mais do que o estudo de quantas matérias abrange a filosofia humana. Os grandes temas que ela apresenta, a digna simplicidade com que esses temas são tratados, a luz derramada sobre os grandes problemas da vida, comunicam força e vigor ao entendimento”. (Obreiros Evangélicos, 100)

Além dos benefícios espirituais, a leitura da Bíblia traz benefícios para o cotidiano prático. A capacidade intelectual do cristão é desenvolvida proporcionalmente ao seu contato com as palavras que foram inspiradas pela mente onisciente.

Deus continua nos aconselhando através de sua mensageira a respeito dos hábitos de leitura: “Quisera dizer aos jovens: Sede cuidadosos quanto à leitura. Enquanto a mente for dirigida na direção errada por leituras impróprias, impossível vos será tornar a verdade de Deus constante objeto de meditação. Se já houve tempo em que o conhecimento das Escrituras fosse mais importante que em qualquer outro, esse tempo é o atual. Apelo aos jovens e idosos: Tornai a Bíblia vosso guia. Aí encontrareis a verdadeira norma de caráter. (Signs of the Times, 19 de maio de 1887).

Não basta lermos, precisamos selecionar com muito critério aquilo que leremos. Há muita literatura no mercado que se propõe a ser cristã, mas está recheada de conceitos que se opõem ao que a Bíblia apresenta, como o espiritismo por exemplo.

Voltamos a reforçar que nossa principal leitura deve ser as Escrituras Sagradas e é ela quem deve nos instruir a respeito das nossas outras leituras. O próprio Paulo estabeleceu um princípio: “Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai”(Fp 4:8). Ellen White acrescenta: “A Bíblia é nosso guia na segura vereda que leva à vida eterna. Deus inspirou homens para escrever aquilo que nos apresente a verdade, que seja atraente e que, posto em prática, habilitará o recebedor a obter uma força moral igual à das mentes mais altamente educadas. Ampliar-se-á a mente de todos os que fazem da Palavra de Deus o seu estudo. Muito mais do que qualquer outro estudo, sua influência é de molde a aumentar o poder de compreensão e dotar cada faculdade de novo poder. Leva a mente em contato com amplos, enobrecedores princípios da verdade. Traz todo o Céu em íntimo contato com espíritos humanos, comunicando sabedoria e conhecimento e entendimento”. (Mente Caráter e Personalidade. Vl 1, 98). A Palavra de Deus deve ser nosso crivo para a escolha de nossas leituras.

Ampliando o conselho


Se parássemos a discussão do assunto neste ponto estaríamos desprezando outros aspectos importantes do assunto. O cristão não deve restringir-se à leitura da Bíblia.

O Profeta Daniel e seus três amigos são um bom exemplo de pessoas que tinham um profundo conhecimento bíblico, mas não pararam aí. A Bíblia diz que eles estavam classificados entre os “jovens em quem não houvesse defeito algum, de bela aparência, dotados de sabedoria, inteligência e instrução, e que tivessem capacidade para assistirem no palácio do rei; e que lhes ensinasse as letras e a língua dos caldeus”(Dn 1:4). Mas não somente isso, a Bíblia continua os descrevendo assim: “e em toda matéria de sabedoria e discernimento, a respeito da qual lhes perguntou o rei, este os achou dez vezes mais doutos do que todos os magos e encantadores que havia em todo o seu reino” (Daniel 1:20). Estes jovens hebreus se dedicaram também ao estudo de outros temas além dos bíblicos. Assim como os jovens hebreus cativos na Babilônia, devemos nos dedicar aos estudos da ciência, filosofia e outros assuntos que ampliarão nosso conhecimento geral.

É verdade que a vida moderna é muito cheia de compromissos, mas se nos organizarmos e aproveitarmos os pequenos momentos de folga conseguiremos ler muito mais.

Ellen White aconselha: “do justo emprego do tempo depende nosso êxito no conhecimento e cultura mental. A cultura do intelecto não precisa ser tolhida por pobreza, origem humilde ou circunstâncias desfavoráveis, contanto que se aproveitem os momentos. Alguns momentos aqui e outros ali, que poderiam ser dissipados em conversas inúteis; as horas matutinas tantas vezes desperdiçadas no leito; o tempo gasto em viagens de bonde ou trem; ou em espera na estação; os minutos de espera pelas refeições, de espera pelos que são impontuais - se se tivesse um livro à mão, e estes retalhos de tempo fossem empregados estudando, lendo ou meditando, que não poderia ser conseguido! O propósito resoluto, a aplicação persistente e cautelosa economia de tempo, habilitarão os homens para adquirirem conhecimento e disciplina mental que os qualificarão para quase qualquer posição de influência e utilidade”. (Parábolas de Jesus, 344)

O cristão deve ser um exemplo de pessoa aplicada à leitura e aos estudos. Deus promete que nos ajudará a desenvolvermos a nossa capacidade intelectual. Mas Deus não fará por nós aquilo que nós podemos fazer. A nós cabe a tarefa de aceitarmos o conselho de Paulo, aplicarmo-nos à leitura, e Deus fará a parte dele nos aumentando a capacidade mental. Escolhamos bem aquilo que leremos e nos dediquemos cada vez mais a esta prática tão benéfica.