quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

JESUS EM SEUS RELACIONAMENTOS:

Aprendendo com o mestre

Felippe Amorim



Certa vez escutava a coordenadora de uma faculdade comentar a respeito do perfil dos profissionais que ela procurava para contratar. Segundo ela, se suas duas únicas opções fossem um profissional altamente capacitado, mas com dificuldades de relacionamento e um profissional não tão capacitado quanto o primeiro, mas com uma boa capacidade de relacionar-se bem, escolheria, com certeza, o segundo profissional.

Pessoas que sabem se relacionar bem são bem-vindas em qualquer ambiente. O cristão deveria ser um modelo de bom relacionamento, pois temos o maior exemplo na pessoa de Jesus. Sem dúvida nosso salvador foi o mestre dos relacionamentos e ao analisar Sua vida podemos aprender preciosos princípios que nos ajudarão a construirmos boas relações interpessoais. A seguir estudaremos cinco características de Jesus como um ser relacional.

Compaixão

A Bíblia relata o episódio no qual Jesus curou um leproso. Ser leproso nos tempos de Cristo era ser considerado alguém à margem da sociedade. Mesmo assim, está relatado: “Jesus, pois, compadecido dele, estendendo a mão, tocou-o e disse-lhe: Quero; sê limpo.”(Mc 1:41). Qualquer Judeu se recusava a se aproximar de uma pessoa que estivesse com problemas de pele. Porém o texto nos diz que a compaixão de Jesus foi tamanha que ele tocou o leproso e então o curou.

Para os Judeus, tocar em alguém leproso o fazia tornar-se imundo. A lógica era que o imundo contaminava o limpo. Mas com Jesus era diferente: o limpo purificou o imundo. Era exatamente por causa de Sua condição de superioridade em relação ao homem que Jesus poderia ter a verdadeira compaixão.

“Quando se olhava para Jesus, via-se um rosto em que a divina compaixão se misturava com um poder consciente. Ele parecia circundado de uma atmosfera de vida espiritual. Suas maneiras eram suaves e despretensiosas, mas Ele impressionava as pessoas com um senso de poder que, embora oculto, não podia ser inteiramente dissimulado”. (Ciência do Bom Viver, 51)

Em nossos relacionamentos diários precisamos também ter compaixão do nosso semelhante. Assim como Jesus se aproximou dos mais excluídos de seu tempo, nós também devemos dar atenção àqueles que são marginalizados seja por motivos socioeconômicos ou por outros motivos de natureza diversa.
Paciência

A paciência é uma das mais marcantes características de Jesus. Se não fosse esta virtude divina, todos nós estaríamos condenados para sempre. Em Marcos 2:16-17 temos um relato no qual podemos perceber claramente a paciência de Jesus. “Vendo os escribas dos fariseus que comia com os publicanos e pecadores, perguntavam aos discípulos: Por que é que ele como com os publicanos e pecadores? Jesus, porém, ouvindo isso, disse-lhes: Não necessitam de médico os sãos, mas sim os enfermos; eu não vim chamar justos, mas pecadores”.

Os fariseus o atacavam constantemente. Mas Jesus sempre os tratou com muita paciência e até na hora de dar uma resposta, se preocupava em explicar o propósito de suas ações, como no caso acima. Na sua explicação paciente estavam contidas preciosas lições para todos os ouvintes.

"Mas fiel é o Senhor, que vos confortará, e guardará do maligno. E confiamos de vós no Senhor que não só fazeis, como fareis o que vos mandamos. Ora o Senhor encaminhe os vossos corações na caridade de Deus, e na paciência de Cristo." II Tess. 3:5.

Da mesma maneira como o nosso Senhor teve uma santa paciência com aqueles com os quais se relacionava, nós também como imitadores de Cristo devemos exercer paciência em nossos relacionamentos.

Nas relações interpessoais precisamos de paciência quando nos atacam injustamente, quando lidamos com pessoas que não têm o conhecimento que possuímos, quando nos deparamos com pessoas que pensam diferente de nós e em diversas outras situações da vida. Agir com paciência, conquistará os outros para nós e para Cristo.


Simplicidade e Sinceridade

Nosso salvador era sempre simples e sincero e esta atitude dele facilitava bastante os seus relacionamentos. Um exemplo dessa característica encontramos no episódio da mulher samaritana. Jesus aproximou-se dela e sem que ela esperasse foi simples e sincero: “Respondeu a mulher: Não tenho marido. Disse-lhe Jesus: Disseste bem: Não tenho marido; porque cinco maridos tiveste, e o que agora tens não é teu marido; isso disseste com verdade. (Jo. 4:17-18)

Precisamos salientar que ao ser sincero, Cristo não tinha a intenção de ferir as pessoas. Naquele momento tudo o que Jesus queria era levar a mulher a reconhecer seus pecados e converter-se dos seus maus caminhos.

Jesus era simples para que mesmo os samaritanos se sentissem a vontade perto dele. O “príncipe dos mestres, buscava acesso ao povo por meio de suas mais familiares relações. Apresentava a verdade de maneira que daí em diante ela estaria sempre entretecida no espírito de Seus ouvintes com suas mais sagradas recordações e afetos. Ensinava-os de maneira que os fazia sentir quão perfeita era Sua identificação com os interesses e a felicidade deles. Suas instruções eram tão diretas, tão adequadas Suas ilustrações, Suas palavras tão cheias de simpatia e animação, que os ouvintes ficavam encantados. A simplicidade e sinceridade com que Se dirigia aos necessitados santificavam cada palavra. (Ciência do Bom Viver, 24)

Ao sermos sinceros com aqueles que se relacionam conosco devemos cuidar para que a sinceridade não seja confundida com crueldade nas palavras. Devemos seguir o exemplo de Cristo, Sua sinceridade não era cruel, era amorosa e sensível.

Perdão

Encontramos nos evangelhos diversos exemplos de Jesus como alguém que perdoava. Um dos mais conhecidos é o relatado em João 8. A mulher apanhada em flagrante adultério deveria, de acordo com a lei mosaica, ser apedrejada.

Porém o Senhor que é rico em perdoar, ofereceu mais uma vez àquela mulher o perdão e junto com ele o poder de não repetir o pecado: “Nem eu te condeno; vai-te, e não peques mais.”(Jo. 8:11)

A história da redenção é a história do perdão de Deus estendido à humanidade. Seguindo este exemplo, devemos aplicar perdão às nossas relações interpessoais.

O perdão aos que nos ofendem é não somente uma obrigação, como uma necessidade. “Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós; se, porém, não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai perdoará vossas ofensas. (Mt. 6:14,15)” O perdão de Deus está vinculado ao nosso perdão para com o próximo.

“Confessai vossos pecados a Deus, que é o único que os pode perdoar, e vossas faltas uns aos outros. Se ofendestes a vosso amigo ou vizinho, deveis reconhecer vossa culpa, e é seu dever perdoar-vos plenamente. Deveis buscar então o perdão de Deus, porque o irmão a quem feristes é propriedade de Deus e, ofendendo-o, pecastes contra seu Criador e Redentor”. (Caminho a Cristo, 37)

Amor

Todas as características acima citadas estão subordinadas ao maravilhoso amor de Cristo pela humanidade. Um dos versículos mais conhecidos da Bíblia nos diz: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. (Jo3:16)

Neste verso, encontramos pelo menos três aspectos do amor de Deus pela humanidade. É um amor que aceita, um amor que se doa e um amor que se entrega. Poderíamos escrever muitas e muitas páginas sobre o amor de Jesus e ainda estaríamos apenas tangenciando-o.

“Nosso próximo é toda a família humana. Devemos fazer o bem a todos os homens, e especialmente aos que são irmãos na fé. Devemos dar ao mundo uma demonstração do que significa praticar a lei de Deus. Devemos amar a Deus sobre todas as coisas, e ao nosso próximo como a nós mesmos”. (Review and Herald, 1º de janeiro de 1895.)

Que possamos aplicar aos nossos semelhantes o mesmo amor que recebemos de nosso grande Salvador e Senhor Jesus Cristo.


Conclusão

O apóstolo Paulo entendia exatamente como devia ser a vida de um cristão. Ele disse: “Sede meus imitadores, como também eu o sou de Cristo”.(1 Co 11:1). Precisamos aplicar o princípio de imitar a Cristo em todos os aspectos de nossa vida, inclusive nos relacionamentos.

Se imitarmos ao Senhor no que diz respeito aos nossos relacionamentos, certamente seremos muito felizes no contato com os semelhantes.

Os cinco princípios que apresentamos acima são apenas uma pequena amostra do quanto Jesus valorizava os relacionamentos interpessoais e de que Ele realmente é o Mestre dos relacionamentos.