quinta-feira, 31 de março de 2011

Prega a Palavra
(Uma versão deste texto foi publicada na Revista do Ancião de Abril-junho de 2011)


Felippe Amorim




Vivemos nos últimos dias da história da humanidade. Não há dúvida de que estamos muito próximo da volta de Jesus a este planeta. As profecias bíblicas a respeito deste período estão se cumprindo fielmente: catástrofes naturais, violência, fome, doenças, dentre tantas outras evidências do final dos tempos.

Os cristãos deveriam estar cada vez mais alerta diante de tudo que tem acontecido. Deus se preocupou em deixar em Sua Palavra conselhos que nos ajudariam a viver melhor neste período. Paulo, em sua carta a Timóteo, informa-nos como seriam os últimos dias da história deste planeta.

Em II Timóteo 3:1 a 5 o apóstolo descreve como estará o mundo pouco antes do retorno de Cristo. Ele informa profeticamente que seriam “tempos díficeis” nos quais os homens seriam “egoistas, avarentos, desobedientes aos pais, cruéis... mais amigos dos prazeres do que de Deus”. Apenas palavras inspiradas poderiam ser tão exatas em sua descrição, pois é um retrato fiel do mundo em que vivemos.

Após nos dar uma visão mais abrangente, Paulo concentra seu olhar na igreja e destaca dois grupos que existiriam nos últimos dias.

O primeiro grupo está descrito em II Timóteo 4:3,4. Este grupo estaria dentro da Igreja, mas sem compromisso algum com a Palavra de Deus. Uma das características desta porção da igreja é que “não suportariam a sã doutrina”. A pregação doutrinária confronta o pecado sem rodeios e isto ofende aos que amam o pecado. Para fugir destes sermões, este grupo procuraria mestres que apresentariam mensagens que “coçariam os seus ouvidos”. Esta expressão do apóstolo nos leva a pensar em pessoas que querem ouvir mensagens “agradáveis”, bonitas ,engraçadas, mas, muitas vezes, vazias.

Infelizmente, muitas igrejas na atualidade têm assumido este padrão homilético, tornando-se, assim, “amigáveis”. John MacArthur em seu livro “Com Vergonha do Evangelho”(Editora Fiel, 2009) diz que “ Nada, praticamente, é dispensado como impróprio para o culto [das igrejas “amigáveis”] ... Aliás, uma das poucas coisas que é considerada como inadequada é a pregação clara e poderosa”(p. 46). Este autor registra alguns depoimentos interessantes de líderes destas igrejas. “ Aqui não há fogo nem enxofre. Nada de pressionar as pessoas com a Bíblia. Apenas mensagens práticas e divertidas”. “Os cultos em nossa igreja trazem consigo um ar de informalidade. Você não verá os ouvintes sendo ameaçados com o inferno ou sendo considerados como pecadores. O objetivo é fazer com que se sintam bem-vindos, não de afastá-los”. “O Pastor está pregando mensagens bastante atuais... mensagens de salvação, mas a idéia não é tanto de salvação do fogo do inferno. Pelo contrário, é salvação da falta de significado e de propósito nesta vida. É uma mensagem mais soft, de mais fácil aceitação.” (p. 48-49). Percebe-se facilmente que não há compromisso algum com a Palavra de Deus nestas igrejas. O apóstolo Paulo não recomenda estas mensagens e as cita em tom de reprovação.

O segundo grupo está descrito em I Timóteo 4:1,2. Enquanto o primeiro permanece dentro da igreja, este está sofrendo o processo de apostasia. Os motivos são esclarecidos. “Obedecem ensinos de demônios”, ou seja, seguem ensinamentos religiosos que são contrários à Bíblia. Outro motivo apresentado no texto é hipocrisia, pessoas que levam uma vida dupla, são uma coisa na igreja e outra no mundo. Os apóstatas do final dos tempos também têm a “mente cauterizada”, são membros de igreja para os quais nada mais é pecado. O Espírito Santo não consegue mais falar com estas pessoas.

Jon Paulien em seu livro “Deus no Mundo Real”(CPB, 2009) apresenta alguns passos que são dados no processo de apostasia: 1- Deixar a oração particular, orar apenas em público. Na igreja, por exemplo. 2- Deixar de Estudar a Bíblia e o Espírito de profecia. 3- A queda das normas do estilo de vida. 4- Frequência irregular aos cultos. 5- Dúvidas acerca da Bíblia e da Vida futura, ou seja, a pessoa começa a se ater aos “textos difíceis” e aos poucos vai desacreditando da Palavra de Deus. 6- Desconfiança na instituições religiosas, o que redunda em rebelar-se contra a igreja. Em um processo lento e às vezes imperceptível para quem está sofrendo, a pessoa sai da igreja.

O quadro descrito acima é lamentável, mas, graças a Deus, Paulo não nos deixou sem solução. Em I Timóteo 4:1,2 nos é apresentada a saída. A frase chave deste texto é: “Prega a Palavra”. Enquanto não colocarmos em nossos púlpitos e em nossa vida a mensagem da Bíblia como ela é, não conseguiremos escapar do triste fim que está reservado para o mundo.

Precisamos estudar mais a Bíblia, os pregadores precisam pregar mais a Bíblia e menos fábulas e histórias que comovem, mas não alimentam. Apenas a Palavra de Deus pode nos livrar da falta de fé e da apostasia. Paulo nos orienta como deve ser esta pregação. Com longanimidade (paciência) e doutrina. Não devemos usar o púlpito como chicote contra a igreja, a doutrina deve ser pregada com amor, paciência, mas sem omitir nenhuma parte dela.

“Recebidas, as verdades bíblicas elevarão a mente e a alma. Se a Palavra de Deus fosse apreciada como deveria ser, tanto os jovens como os idosos possuiriam uma retidão interior, uma firmeza de princípios que os habilitariam a resistir à tentação”(Ciência do Bom Viver, 459). Que a Bíblia seja nossa companheira diária na jornada rumo às mansões celestiais!

terça-feira, 22 de março de 2011

O chamado para a missão

Alguns acontecimentos são comuns na vida cristã antes da prontidão para o trabalho.





Depois disto ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem irá por nós? Então disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim. (Isa. 6:8)

Introdução



“Todo verdadeiro discípulo nasce no reino de Deus como missionário.” (Desejado de Todas as Nações, 195). É vontade de Deus que todos aqueles que se convertem sejam imediatamente inseridos no trabalho pela salvação de outros. Todo cristão é chamado para ser um missionário, sem exceção.

Apesar desta verdade bíblica nem todos aqueles que ingressam na igreja de Deus se comportam assim. Alguns aceitam o convite, enquanto outros nunca se dispõem a evangelizar. É verdade que nem todos têm o dom de dar estudos bíblicos ou pregar sermões com eloquência, mas podemos ser missionários usando os dons que Deus nos deu.

O profeta Isaías recebeu a oportunidade, que a nós também é dada, de pregar o evangelho e sua resposta foi: “eis-me aqui, envie-me a mim”. Essa resposta, segundo o próprio profeta, veio “depois disto”. Portanto, algumas coisas aconteceram antes dele aceitar a missão. O que leva algumas pessoas a dar a resposta de Isaías e outros a rejeitarem o chamado? O que acontece na vida de um cristão antes de ele aceitar o convite para a missão? A experiência do profeta Isaías nos ajuda a responder estas questões.

Contemplar a Deus



Em Isaías 6: 1-3 lemos o seguinte: “No ano em que morreu o rei Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as orlas do seu manto enchiam o templo. Ao seu redor havia serafins; cada um tinha seis asas; com duas cobria o rosto, e com duas cobria os pés e com duas voava. E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, santo, santo é o Senhor dos exércitos; a terra toda está cheia da sua glória”.

A primeira coisa que aconteceu na vida de Isaías antes que ele aceitasse o chamado foi comtemplar a Deus. Na descrição, o Senhor estava sobre um alto e sublime trono. Provavelmente, o profeta teve uma visão do lugar santíssimo do Santuário Celestial. Deus sabia que antes que o Seu mensageiro saísse para o trabalho, deveria contemplar a Sua majestade para ter a real dimensão da sacralidade e responsabilidade de sua missão. Qualquer que saia para o trabalho de Deus sem passar tempo contemplando-O terá grandes possibilidades de fracassar em seu trabalho.

O profeta estava lidando com as duas dimensões de Deus. Sua Imanência e Sua transcendência. Estes dois atributos reais de Deus precisam ser compreendidos da maneira correta. Não podemos perder o ponto de equilíbrio entre eles.

Se apenas considerarmos a imanência de Deus, ou seja, sua proximidade com o ser humano, corremos o risco de cometer o erro de muito cristãos no mundo evangélico. Para este grupo, Deus é o “amigão”, “Deus é dez”. A falta de compreensão a respeito da imanência divina chega a tal ponto que a vontade de Deus se confunde com a vontade do ser humano. Quando se chega nesta situação, o cristão pensa que Deus gosta do que ele gosta. Sendo assim, posso comer qualquer coisa, beber qualquer coisa, ouvir qualquer coisa, cantar qualquer coisa, pois se Deus está “em mim”, deve gostar de tudo o que eu gosto.

Do outro lado estão aqueles que desvirtuam a compreensão da transcendência de Deus. Para estes, Deus está tão distante que não se importa com aquilo que se passa comigo, tudo o que Ele quer é me pegar no erro para me castigar. Esse outro extremo também deve ser evitado.

Biblicamente, Deus está próximo de nós o suficiente para ouvir nosso choro, sentir nossas dores e atender nossa oração, porém Ele também é o Soberano do universo e, portanto, merece todo o nosso respeito, obediência e veneração.

Foi exatamente uma cena de adoração e respeito que Isaías viu ao contemplar o trono de Deus. Os serafins se comportavam perante Deus com extrema reverência. A Bíblia os descreve contendo seis asas, com duas cobriam o rosto, com duas os pés e com duas voavam. Além de O reverenciarem como seu corpo, suas palavras também eram de louvor, clamavam: “Santo, Santo, Santo”. Apesar de serem seres perfeitos e espetaculares, os anjos estavam admirados com Deus, não consigo mesmo. O culto de adoração a Deus deve ter o foco nEle e não em nós. O que acontece no culto deve ter a intensão primária de agradar a Deus e não ao adorador.

Todos aqueles que aceitam o chamado para a missão precisam primeiro passar pela experiência de contemplar a Deus. Sempre que agimos assim somos impelidos a louvá-Lo, assim como os anjos o fizeram.

No entanto, não temos acesso físico ao trono de Deus, então como contemplamos a Deus? A Bíblia nos apresenta pelo menos três formas através das quais podemos comtemplar ao Senhor.

“Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos” (Sl 19:1). Através da criação podemos contemplar a Deus. Certamente Deus não está nas árvores, plantas ou animais. Mas quando olhamos para a natureza, nos lembramos de que há um criador que nos ama e nos salva.

Uma segunda forma de contemplarmos a Deus é através do Estudo da Bíblia. Em João 5:39 lemos: “Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna; e são elas que dão testemunho de mim”. Ao entrarmos em contato com a palavra de Deus podemos contemplá-Lo e perceber sua santidade.

Na igreja, ao nos reunirmos com nossos irmãos, também podemos, pela fé, contemplar ao nosso Deus, “pois onde se acham dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles” ( Mt 18:20). O salmista disse: “Assim no santuário te contemplo, para ver o teu poder e a tua glória” (Sl 63:2). O momento em que os cristãos estão reunidos como comunidade fraternal é um excelente momento para contemplar a Deus.


Reconhecer a sua condição



Ao contemplar a Deus a reação de Isaías foi a que qualquer ser humano terá quando verdadeiramente se defrontar com o Senhor: “Então disse eu: Ai de mim! pois estou perdido; porque sou homem de lábios impuros, e habito no meio dum povo de impuros lábios; e os meus olhos viram o rei, o Senhor dos exércitos!”(Is. 6:5)

Quando o profeta se viu perante Deus, foi inevitável a comparação. A santidade do Pai revelou a pecaminosidade do homem. Quanto mais próximos de Deus estamos, mais reconhecemos a nossa condição de pecadores. “Não permitamos que Deus seja desonrado pela declaração de lábios humanos: "Estou sem pecado, sou santo." Lábios santificados nunca pronunciarão palavras de tanta presunção. ”(Atos dos Apóstolos, 562)

Se tivermos que nos comparar com alguém, devemos nos comparar com Deus e não com outros seres humanos. Quando nos comparamos com Deus percebemos a nossa real condição. Mas quando nos comparamos com outros seres humanos corremos o risco de nos considerarmos bons, consagrados, santificados e nos sentirmos melhores que outros. A comparação “Deus x Homem” é a única verdadeiramente útil para o cristão.

Quando o profeta fez esta comparação a sua reação foi a única possível “Estou perdido!”. Ele sabia que se dependesse de suas obras ele estaria condenado eternamente à morte. Os lábios de Isaías eram impuros e ele percebeu isso quando viu o contraste entre seus lábios e os lábios dos serafins. Dos lábios dos anjos apenas saíam louvores a Deus, mas, certamente, como muitos de nós, os lábios de Isaías já haviam falado vaidade, ou seja, engrandecimento próprio.

“A humilhação de Isaías era genuína. Quando o contraste entre a humanidade e o caráter divino se lhe tornou patente, ele se sentiu inteiramente ineficiente e indigno” (Obreiros Evangélicos, 22).

Porém, todas as vezes que o ser humano se sente indigno dessa forma, abre espaço para que Deus atue em sua vida. Foi isso o que aconteceu com o profeta, o verso seis relata: “Então voou para mim um dos serafins, trazendo na mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz”. Arrependimento e confissão são acompanhados da atuação de Deus para justificar e santificar.



Justificação e santificação



“E com a brasa tocou-me a boca, e disse: Eis que isto tocou os teus lábios; e a tua iniquidade foi tirada, e perdoado o teu pecado.”(v. 7)

Todo esse processo pelo qual Isaías passou resultou em um trabalho que Deus executou no profeta e também pode fazer em nós. Este trabalho é feito em duas fases. A primeira é o perdão dos pecados. Deus está atento à confissão dos nossos pecados e está pronto a nos perdoar. Isso é justificação.

A segunda fase está intimamente ligada à primeira. Logo que o pecado é perdoado Deus retira a iniquidade de nós. Isso é Santificação. As duas fases são executadas por Deus.

Ser pecador não é o maior problema do homem. O grande problema é ser pecador e não reconhecer sua condição, se arrepender e confessar. Quando seguimos este processo Deus nos garante a remissão de nossa condição.
Conclusão



Após passar por estes três estágios então Isaías conseguiu ouvir o convite de Deus para a missão. Temos o privilégio de “ir por Deus”. A missão é dEle, nós temos o privilégio de sermos seus representantes. Mas apenas estaremos aptos para isso quando comtemplarmos a Deus diariamente, reconhecermos nossa condição pecaminosa e nos entregarmos a Ele para que seja feito o necessário trabalho de justificação e santificação.

“A brasa viva é um símbolo de purificação, e representa também a potência dos esforços dos verdadeiros servos de Deus. Àqueles que fazem uma tão completa consagração que o Senhor possa tocar-lhes os lábios, é dito: Vai para a seara. Eu cooperarei contigo”. (Obreiros Evangélico, 23). Temos uma necessidade urgente de consagração. Há uma missão para cada um de nós: cumprir a missão de Deus, pregando o evangelho em todo o mundo. Deus hoje pergunta novamente: Quem irá por nós? Espero que nossa resposta seja: “Eis-me aqui, envia-me a mim”.







sexta-feira, 11 de março de 2011

O que significa temer a Deus ?
(Publicado na Revista Adventista em Março/2011)

Felippe Amorim


O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem, e os livra. (Salmo 34:7)



Sede sóbrios, vigiai. O vosso adversário, o Diabo, anda em derredor, rugindo como leão, e procurando a quem possa tragar; (1 Pedro 5:8)




Os dois textos acima são complementares. O primeiro é uma linda promessa e o segundo uma séria advertência para cada um de nós.

Saber que temos proteção divina em um mundo tão perigoso é, no mínimo, um alívio. Quando combinamos os dois textos, então, temos uma alegria maior ainda. O alerta feito na carta de Pedro nos diz que existe um inimigo sempre pronto a nos devorar assim como um leão faminto tenta devorar sua presa.

Duas expressões são importantes nestes textos: “Redor” e “derredor”. O anjo está ao redor e o diabo está ao derredor. Podemos perceber uma clara progressão nestas expressões. Temos um amigo protetor bem próximo de nós, mas logo após ele está o inimigo querendo nos destruir.

Enquanto o anjo estiver ao nosso redor estaremos seguros, mas no momento que o anjo sair do seu lugar, o inimigo terá acesso direto à nossa vida e estaremos correndo sérios perigos de consequências eternas.

O salmo 34:7 nos mostra como desfrutarmos permanentemente da companhia do anjo do Senhor. Ele está ao redor dos que o temem. Devemos, portanto, nos preocupar em compreender profundamente o que significa temer a Deus. Inicialmente já devemos saber que o temor nesse texto não é a mesma coisa que ter medo. No sentido bíblico, temer é algo muito mais amplo.

Temer a Deus envolve pelo menos três aspectos da vida cristã: Adoração, Amor a Deus e Serviço. Se compreendermos estes aspectos poderemos temer realmente a Deus e desfrutarmos de sua constante companhia e proteção.

Adoração

 
Adorar a Deus é mais que uma ação pontual é um estilo de vida. Portanto, devo adorar a Deus desde a hora que acordo até a hora que vou dormir, e inclusive meu sono deve ser revestido de adoração a Deus.

Gostaria, contudo, de destacar três aspectos de uma vida de adoração. O primeiro deles nos é apresentado no Salmo 66:4 onde lemos: “Toda a terra te adorará e te cantará louvores; eles cantarão o teu nome”. Adorar envolve cantar louvores a Deus. A música, sem dúvida, é uma maravilhosa forma de adorar o criador. Quando nos reunimos em congregação e entoamos músicas ao nosso Deus, quando ouvimos um lindo hino executado por uma orquestra, solista, grupo, enfim, podemos adorá-lo com todo nosso coração.

Devemos estar atentos para que a nossa música esteja de acordo com a vontade de Deus expressa em Sua palavra. O critério para que escolhamos as músicas de adoração na igreja não deve ser o que EU gosto, mas o que DEUS gosta, pois, “A música, quando não abusiva, é uma grande bênção; mas quando usada erroneamente, é uma terrível maldição”(O Lar Adventista, 408). Analisemos com cuidado os textos inspirados para que possamos utilizar a música sempre sob a vontade de Deus.

Um segundo aspecto da adoração que gostaria de destacar está explícito em Gênesis 22:5: “E disse Abraão a seus moços: Ficai-vos aqui com o jumento, e eu e o mancebo iremos até lá; depois de adorarmos, voltaremos a vós”. Adorar envolve entrega total. O contexto do versículo anterior é o momento no qual Abraão estava subindo o monte para sacrificar seu filho Isaac. Como pode haver adoração em uma situação como aquela? A adoração consistia no ato de se submeter à vontade de Deus irrestritamente. Há algo que precisamos pensar a respeito daquela ocasião. Abraão não compreendia tudo a respeito da ordem que Deus havia dado, mas adorar a Deus é obedecê-lo mesmo quando não entendemos tudo a respeito do que Ele nos pede.

Quero ainda destacar um terceiro aspecto da adoração. Deuteronômio 26:10 nos diz: “E eis que agora te trago as primícias dos frutos da terra que tu, ó Senhor, me deste. Então as porás perante o Senhor teu Deus, e o adorarás”. Adorar envolve fidelidade nos dízimos. Não há dúvida de que o texto de deuteronômio faz uma ligação íntima entre a fidelidade nos dízimos e a adoração a Deus. Existem declarações bíblicas claras a respeito da devolução dos dízimos e do ato de ofertar. Infelizmente, alguns cristãos têm resistido a este ensinamento divino. Criam suas próprias teorias sem embasamento bíblico e desviam o destino do dízimo e as vezes nem o devolvem. Ambas as ações são contrárias às romendações bíblicas, tornam o cristão um ladrão e o privam de bênçãos, de acordo com o que diz Malaquias 3:8 a 11.

Uma vida de adoração, portanto, é um dos aspectos do temor ao Senhor.
Amar a Deus


Temer a Deus envolve um segundo aspecto da vida cristã. Envolve amar a Deus. Falar de amor nos dias em que vivemos pode nos fazer ter uma concepção errada. O amor, infelizmente, se tornou um sentimento banalizado. Em qualquer relacionamento curto e superficial tem se usado a palavra amor. Mas o amor a Deus envolve compromisso e é mais que um sentimento. Amar a Deus nos leva a ação.

Um primeiro aspecto do ato de amar a Deus que gostaria de destacar é o que está contido em Deuteronômio 11:13: “[...]amar ao Senhor teu Deus, e o servir de todo o teu coração e de toda a tua alma”. Precisamos amar a Deus sem restrições, com tudo que temos e somos. As vezes isso não é fácil porque envolve abrir mão das coisas que gostamos em prol das coisas que Deus gosta.

Outra faceta do amor do homem para com Deus está em Deuteronômio 11:22: “[...]e andardes em todos os seus caminhos,[...]”. Andar nos caminhos de Deus requer submissão, porque nem sempre os caminhos de Deus são os nossos caminhos e quando não há a coincidência precisamos ser humildes o sufuciente para aceitarmos a vontade de Deus.

Em Deuteronômio 11:1 lemos: “Amarás, pois, ao Senhor teu Deus, e guardarás as suas ordenanças, os seus estatutos, os seus preceitos e os seus mandamentos, por todos os dias”. Amor e obediência aos mandamentos são coisas inseparáveis do ponto de vista bíblico. Encontramos esta mesma idéia em várias passagens bíblicas (ex. Dt. 31:12,13). A mais clássica, sem dúvida, foram as palavras pronunciadas pelo próprio Senhor Jesus em João 14:15: “Se me amardes, guardareis os meus mandamentos”. Lemos ainda em 1João 5:2 : “Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus, se amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos”. Portanto o amor a Deus envolve estrita obediência a todos os Seus mandamentos, lembrando que “qualquer que guardar toda a lei, mas tropeçar em um só ponto, tem-se tornado culpado de todos”(Tiago 2:10).

Temer a Deus, portanto, implica em amá-lo irrestritamente e amá-lo significa obedecê-lo, muitas vezes sem entender todos os aspectos do que Ele nos pede.

Serviço a Deus

Ainda há um terceiro aspecto do temor a Deus que precisamos conhecer. Lemos em Deuteronômio 10:12: “Agora, pois, ó Israel, que é que o Senhor teu Deus requer de ti, senão que temas o Senhor teu Deus, que andes em todos os seus caminhos, e o ames, e sirvas ao Senhor teu Deus de todo o teu coração e de toda a tua alma”. E o verso 20 complementa: “Ao Senhor teu Deus temerás; a ele servirás, e a ele te apegarás, e pelo seu nome jurarás”.

O Serviço é uma característica da vida de um cristão que teme a Deus. Infelizmente é comum vermos membros de igreja que a única atividade religiosa que exercem é sair de casa, ir até a igreja e “assistir” ao culto. Não são ativos na causa de Deus. É certo que nem todos estarão nos púlpitos pregando. Deus deu diversos dons à sua igreja e cada membro deve trabalhar de acordo com os dons recebidos. Ninguém ficou sem receber pelo menos um dom.

Porém, todos os dons devem ser usados para a pregação do evangelho. Cristão que de alguma forma não serve a Deus na pregação do evangelho, não pode afirmar que teme a Deus, pois o temor envolve serviço ativo na causa de Deus.

Conclusão


Quando eu era criança, estudava em uma escola que tinha um espaço muito grande. Tão grande que para percorrer toda sua extensão de forma rápida era necessário um carro.

Meus colegas tinham mania de pegar caronas nas Kombis que diariamente passavam na frente do prédio de aulas.

Minha mãe sempre me advertia a não pegar estas “caronas”, pois eram perigosas e eu, por respeitar (temer) minha mãe, realmente evitei por algum tempo. Até que um dia resolvi pegar a carona. O resultado, já anunciado previamente por minha mãe, foi que eu caí, quebrei dois dentes e quando cheguei em casa ainda tive que conter as lágrimas e contar o que tinha feito para minha mãe.

Naquele dia, embora dissesse que respeitava minha mãe, agi como quem não respeita, pois respeito é muito mais que falar, é comprometer-se e obedecer.

Às vezes agimos semelhantemente com Deus, dizemos que o tememos, mas na prática as evidências são de que não O tememos.

Precisamos da proteção de Deus para que estejamos a salvo das investidas de Satanás. Esta proteção está prometida para todos os que O temem, ou seja, para todos que o adoram, amam, obedecem e O servem.

Deus convida a cada um de nós hoje para que abramos nosso coração e deixemos que Ele nos ensine o que é o verdadeiro temor a Deus.



terça-feira, 8 de março de 2011

Menos Luxo, Mais Educação.



As decisões dos pais nos primeiros anos de vida dos filhos determinará o destino eterno deles.

Felippe Amorim




Sem dúvida a escola tem um papel fundamental na formação de uma pessoa. Os pais cristãos devem ser muito criteriosos quando forem escolher a escola dos filhos. Deus estabeleceu a Escola Adventista para que os filhos dos adventistas pudessem ter uma educação integral. Este é o plano de Deus para os filhos do povo remanescente.

Mas, infelizmente, Satanás sempre procura desvirtuar aquilo que Deus estabelece como benefício. Atualmente, os pais têm delegado à escola uma função que é deles primordialmente. A primeira educação de uma criança deve ser dada em casa pelos pais.

É lamentável que a vontade de ganhar dinheiro, de ostentar carros e casas bonitas e luxuosas esteja transformando pais em meros reprodutores e fornecedores de alimentos e roupas. São palavras fortes, mas, infelizmente, é isso o que tem acontecido. Os pais têm se preocupado tanto em garantir que seus filhos tenham as melhores coisas que o dinheiro pode oferecer que se esquecem de dar aquilo que o dinheiro não pode oferecer: formação moral, ou seja, a verdadeira educação.

As grandes verdades da providência de Deus e da vida futura gravavam-se na mente juvenil (Patriarcas e profetas, 592). Nesta fase da vida da criança os pais deveriam dedicar-se mais aos filhos, pois a negligência deste trabalho pode ter sérias consequências para o futuro deles.

Na Bíblia, encontramos muitos exemplos de pais que dedicaram tempo para a educação de seus filhos e viram como isso resultou em grandes homens que contribuíram muito para o crescimento social e espiritual de suas comunidades.

Joquebede e Ana não mediram esforços para dar aos seus filhos o melhor que elas poderiam oferecer: uma boa e sólida educação. A mãe de Moisés arriscou a própria vida ao proteger a vida de seu pequeno. E quando recebeu de Deus a oportunidade de educar Moisés não perdeu tempo. Doze anos de educação deram um rumo bem definido para os próximos 108 anos de seu filho e finalmente o colocaram no caminho para o céu.

Ana, por sua vez, não poupou esforços para criar seu filho no caminho de Deus. Quando o pequeno Samuel foi entregue a Eli para morar no templo ainda era muito novo, mas a educação que recebeu de sua mãe no lar foi determinante para um duradouro e profícuo ministério de muitos anos.

“A responsabilidade repousa especialmente sobre a mãe. Ela, de cujo sangue a criança se nutre e se forma fisicamente, comunica-lhe também influências mentais e espirituais que tendem a formar-lhe a mente e o caráter. Foi Joquebede, a hebreia que, fervorosa na fé, não temeu o "mandamento do rei" (Heb. 11:23), a mãe de Moisés, libertador de Israel. Foi Ana, a mulher de oração e espírito abnegado, inspirada pelo Céu, que deu à luz Samuel, a criança divinamente instruída, juiz incorruptível, fundador das escolas sagradas de Israel”. (A Ciência do Bom Viver, pág. 372.)

Os pais de Davi nos deram outro exemplo de como os pais, quando dedicados a Deus e à educação dos filhos, podem formar grandes líderes.

Davi logo após atingir a juventude saiu de sua casa para exercer as funções para as quais o Senhor o chamara. A vitória sobre Golias, o respeito a um rei que tentou mata-lo várias vezes, a habilidade com os instrumentos musicais, tudo isso nos indica que os pais de Davi se dedicaram à educação de seu filho mais do que ao luxo que poderiam oferecê-lo. Aliás, na criação de Davi, temos uma lição que os pais do século XXI precisam aprender. Os líderes da igreja precisam ser respeitados, mas as crianças apenas o farão se aprenderem isso com seus pais. Infelizmente, muitos pais têm destruído o amor de seus filhos pela igreja aos falarem mal dos pastores e anciãos na frente dos filhos durante o almoço ou em outros momentos.

Daniel é outro excelente exemplo de como uma família que prioriza a educação dos filhos pode ajudar em suas decisões da juventude e da vida adulta. Em Daniel 1:8 lemos: “e decidiu Daniel, firmemente, não se contaminar com as iguarias do rei...” Provavelmente, neste episódio, Daniel tinha aproximadamente 18 anos. Um jovem que mesmo diante da possibilidade de perder a oportunidadede estudar na melhor universidade do mundo (Universidade da Babilônia), de ter fama e influência política e social, não cedeu em questão de princípios.

“Daniel e seus companheiros tinham sido educados por seus pais nos hábitos da estrita temperança. Tinham sido ensinados que Deus lhes pediria contas de suas faculdades, e que jamais deveriam diminuí-las ou enfraquecê-las. Esta educação fora para Daniel e seus companheiros o meio de sua preservação entre as desmoralizantes influências da corte de Babilônia. Fortes eram as tentações que os rodeavam nessa corte corrupta e luxuosa, mas eles permaneceram incontaminados. Nenhuma força, nenhuma influência poderia afastá-los dos princípios que tinham aprendido no limiar da vida mediante estudo da Palavra e obras de Deus”. (Profetas e Reis, 482)

Não poderíamos deixar o nosso Senhor Jesus Cristo de fora desta lista. Apesar de ser Deus em sua essência, Jesus aprendeu muitas lições de sua mãe, que certamente foi escolhida porque seria a melhor mãe que Jesus poderia ter. “Com profunda solicitude observava a mãe de Jesus o desenvolvimento das faculdades da Criança, e contemplava o cunho de perfeição em Seu caráter. Era com deleite que procurava animar aquele espírito inteligente, de fácil apreensão. Por meio do Espírito Santo recebia sabedoria para cooperar com os instrumentos celestiais, no desenvolvimento dessa Criança que só tinha a Deus por Pai” (Desejado de Todas as Nações, 69).

Ainda podemos listar Timóteo que se tornou um grande pastor da igreja primitiva. Sobre ele, Paulo declara: “trazendo à memória a fé não fingida que há em ti, a qual habitou primeiro em tua avó Loide, e em tua mãe Eunice e estou certo de que também habita em ti”(2 Tm 1:5) e “que desde a infância sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela que há em Cristo Jesus”.(2 Tm 3:15). Timóteo recebeu de sua mãe e sua avó uma educação tal que Deus o escolheu para ser um pastor de Seu rebanho.

A Bíblia também nos apresenta um exemplo negativo. Ló, quando decidiu descer para Sodoma, deu início à destruição de sua família. O fim de sua vida foi dentro de uma caverna com duas filhas ímpias que geraram, dele mesmo, duas gerações extremamente corruptas, moabitas e amonitas (Gn19:30). Ló deu tudo o que o dinheiro poderia oferecer para seus filhos, mas deixou de fora o essencial, a verdadeira educação, aquela que ensina Deus e Sua moral para as crianças.

Ellen White comenta: “Semelhantes a Ló, muitos vêem seus filhos na perdição, e apenas conseguem salvar sua própria alma. Perde-se o trabalho de sua vida; esta é um triste malogro. Se tivessem exercido verdadeira sabedoria, seus filhos poderiam ter tido menos prosperidade mundana, mas ter-se-iam assegurado um título à herança imortal. (Patriarcas e Profetas, 169)

No final dos tempos, no dia da volta de Jesus, estas duas listas se completarão. A primeira é a lista dos filhos que receberam uma educação de qualidade, que tiveram pais que se preocuparam mais em seus filhos possuírem princípios divinos do que luxo. A outra lista será daqueles que tiveram pais que se preocuparam mais em dar aos filhos os últimos lançamentos em jogos eletrônicos, roupas, celulares e computadores, mas esqueceram de dar a única coisa que garantiria a vida eterna para seus filhos: Jesus.

No que diz respeito à criação de seus filhos, quais tem sido as suas prioridades? Você tem passado tanto tempo no trabalho que não tem condições de estudar a Bíblia com seu filho? Ou para você tem sido mais importante ter um filho que crescerá firme no caminho de Deus, mesmo que isso signifique que você não poderá ter o carro dos seus sonhos?

A resposta a estas perguntas determinará o destino terrestre do seu filho e também o seu destino eterno.