segunda-feira, 30 de julho de 2012


Inimigos Invisíveis

O planeta Terra está recheado de seres vivos. Muito são animais grandes e pesados. Mas há uma parte significativa de seres vivos que nos são invisíveis. A maioria das doenças que contraímos é causada por seres microscópicos, que, apesar de muito pequenos, são muito perigosos.
É por isso que é tão importante lavar as mãos antes das refeições, lavar bem os alimentos, filtrar ou ferver a água. Porque podemos ingerir minúsculos seres que trarão grandes prejuízos para nosso corpo.
É muito difícil lutar contra o que não se vê. No âmbito físico isso é uma verdade e no espiritual é ainda mais sério. Os maiores inimigos espirituais dos filhos de Deus também são invisíveis. O apóstolo Paulo escreveu sobre isso: “pois não é contra carne e sangue que temos que lutar, mas sim contra os principados, contra as potestades, conta os príncipes do mundo destas trevas, contra as hostes espirituais da iniquidade nas regiões celestes” (Ef. 6:12).
É verdade que enfrentaremos inimigos físicos na caminhada espiritual, mas eles apenas são uma figura do real inimigo invisível.
Quando enfrentamos problemas no matrimônio o inimigo não é o cônjuge, a luta não é um contra o outro, mas dos dois contra Satanás. As complicações na igreja não devem ser encaradas como a luta de um irmão contra o outro, mas dos irmãos contra o inimigo de Deus. Quando alguém é tentado a sua luta não é diretamente contra o objeto da tentação, mas sim contra o inimigo invisível. Enquanto os seres humanos lutam uns contra os outros, gastam a energia que deveria ser aplicada contra Satanás. Esta é a nossa principal luta e nela precisamos das armas de Deus para vencer.

Necessidade de todos

O apóstolo Paulo inicia o trecho bíblico de Efésios 6:10 com um conselho: “Finalmente, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes permanecer firmes contra as ciladas do Diabo; Portanto tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, permanecer firmes” (Ef. 6: 10-11, 13).
Se observarmos bem, este conselho traz consigo algumas implicações. A primeira é que não há força em nós mesmos para lutarmos as batalhas espirituais. Muitos que acreditam na autoajuda querem incutir na cabeça das pessoas que temos um poder interior, mas a verdade é que toda força espiritual que venhamos a ter é externa a nós. Outra implicação deste conselho paulino é que as ciladas do inimigo certamente virão. Todo cristão enfrentará alguma prova imposta pelo inimigo.
Como ilustração da solução para a nossa fraqueza diante da guerra espiritual, o apóstolo evoca a imagem do soldado romano indo para a guerra, porque nós não podemos esquecer que estamos envolvidos em um conflito cósmico e nossas atitudes denunciam de que lado estamos. Quando os romanos iam para a guerra eles vestiam uma armadura e Paulo sugere que nós também necessitamos de uma. Ele explica por que. Primeiro para ficarmos firmes contra as ciladas e depois para resistirmos no dia mal.
Esse recado não foi dado inicialmente para pessoas descomprometidas com o evangelho. O recado era para aqueles que estavam do lado de Deus na guerra, e para estes também chegam dias maus. Muitos pregam que quando alguém aceita a Cristo não deve passar mais por problemas de qualquer natureza, mas estes versos vão de encontro à teologia da prosperidade. Os problemas também chegam aos fiéis, a diferença é com quem estes enfrentam as tempestades da vida. Como diz o verso, eles permanecerão inabaláveis.

A armadura de Deus

Paulo aconselha que tomemos toda a armadura de Deus. E, logicamente, isso deve ser feito antes da batalha. O soldado veste a armadura antes de ir para a guerra. Se tentar vestir-se durante a guerra correrá um sério risco de morte. Assim também o cristão deve estar preparado cada dia da vida para enfrentar o inimigo, se esperar para se consagrar na hora da aflição, será vencido.
Outro detalhe é que o texto fala de TODA a armadura. A armadura completa é necessária, pois qualquer parte desprotegida será o local onde o inimigo atacará. O diabo sempre nos tenta em nossos pontos fracos, por isso eles precisam estar cobertos.
A primeira parte da armadura citada é o cinto da verdade. O cinturão tinha duas funções entre os romanos: proteção e sinal da patente. No âmbito espiritual este cinturão é a verdade, mas verdade no sentido mais profundo que a mera oposição à mentira. É a verdade de Deus fincada no coração. Como diz Paulo: “Como a verdade de Cristo está em mim, não me será tirada glória nas regiões da Acaia” (2 cor. 11:10). Somente quando temos a verdade de Deus em nossa vida estaremos seguros.
A próxima parte é a couraça de Justiça. Nos romanos esta parte era um colete que protegia a parte superior do corpo. Era proteção para o coração e os órgãos vitais. O elemento espiritual correspondente é a justiça de Cristo que cobre o filho de Deus e também a lealdade pessoal do cristão aos princípios bíblicos.
Devemos também calçar os pés com a preparação do evangelho da paz. Os soldados romanos usavam as botas, pois elas tornavam a caminhada mais firme. Espiritualmente é animador o pensamento de que o guerreiro pode estar firme e em paz em meio dos conflitos espirituais. O evangelho é basicamente boas novas de salvação. É a notícia de que podemos ter vida ao invés de morte. Em uma guerra é muito bom termos este alento. Podemos guerrear em paz porque a vida nos foi garantida por Jesus na cruz.
O escudo da Fé é o próximo elemento e o apóstolo diz que sempre devemos tê-lo. Os romanos usavam um escudo de madeira coberto com couro ou metal, grande o suficiente para cobrir o corpo todo e assim se protegiam dos dardos inflamados do inimigo. Este é um símbolo espiritual muito poderoso. A fé relaciona-se com todos os outros utensílios, por isso precisamos dela sempre. João escreveu: "Esta é a vitória que venceu ao mundo, nossa fé" (1 Jo 5: 4) e Paulo também enfatiza: "sem fé é impossível agradar a Deus" (Heb. 11: 6). A fé restaura a confiança e nos capacita para continuar na batalha além de ser proteção contra as chamas da tentação que vem sobre nós.
“A obra de vencer o mal deve ser feita mediante a fé. Os que entram no campo de batalha acharão que devem cingir toda a armadura de Deus. O escudo da fé será sua defesa, habilitando-os a ser mais que vencedores. Coisa alguma servirá, a não ser isto: fé no Senhor dos exércitos, e obediência às Suas ordens. Vastos exércitos, providos de quaisquer outros recursos, de nada servirão no último grande conflito. Sem fé, um exército de anjos não poderia ser auxílio. Somente a fé viva torná-los-á invencíveis, e os habilitará a estar em pé no dia mau, firmes e imóveis, conservando inalterável até ao fim o princípio de sua confiança” (Conselho aos pais, professores e estudantes, 183).
Há mais elementos na armadura espiritual. Paulo ainda fala do capacete da salvação. O capacete romano geralmente era de couro, podendo ser também de metal e tinha como objetivo proteger o centro da inteligência. A esperança da salvação também tem este efeito. Mantem a mente do cristão sã.
Finalmente o último utensilio da armadura: A espada do Espírito que é a palavra de Deus. Esta é a única parte da armadura que é ofensiva e defensiva ao mesmo tempo. A Bíblia defende-nos dos ataques do inimigo e com ela atacamos o campo inimigo com a pregação do evangelho.
“Nossa única segurança contra o cair no pecado é manter-nos constantemente sob a modeladora influência do Espírito Santo, empenhando-nos, ao mesmo tempo, ativamente, na causa da verdade e da justiça, cumprindo todo dever dado por Deus, mas não tomando nenhuma responsabilidade que Deus não nos pôs sobre os ombros. Os médicos e estudantes deste ramo, precisam conservar-se firmes sob a bandeira da terceira mensagem angélica, combatendo o bom combate da fé com perseverança e êxito. Não se devem apoiar na própria sabedoria, mas na que vem de Deus, revestindo-se da armadura celeste, do equipamento da Palavra de Deus, não esquecendo nunca possuírem um Guia que nunca foi nem jamais será vencido pelo mal” (Conselho aos pais, professores e estudantes, 488).

Além da armadura

O apóstolo Paulo não esqueceu de um elemento importantíssimo nas batalhas espirituais. Mas este elemento ele deixou fora da metáfora da armadura. Ele fala que devemos batalhar com “toda oração e súplica, orando em todo tempo” (v. 18). A ideia é que a oração deve ser algo real antes, durante e depois da armadura. “Orai sem cessar” (1 Ts. 5:17) é o conselho de Paulo.
A oração não é um acessório. Ela tem que estar permeando todos os momentos das batalhas espirituais. “A oração é a respiração da alma. É o segredo do poder espiritual. Nenhum outro meio de graça a pode substituir, e a saúde da alma ser conservada. A oração põe a alma em imediato contato com a Fonte da vida, e fortalece os nervos e músculos da vida religiosa. Negligenciai o exercício da oração, ou a ela vos dediqueis de quando em quando, com intermitências, segundo pareça conveniente, e perdereis vossa firmeza em Deus” (Mensagens aos Jovens, 250).

Resistência em qualquer situação

A armadura não é uma vacina contra o sofrimento. É uma forma de passar pelas provas sem morrer. O próprio Paulo sofria enquanto escrevia este trecho: “pelo qual sou embaixador em cadeias, para que nele eu tenha coragem para falar como devo falar” (v. 20). Ele estava preso ao redigir a carta aos Efésios.
As lutas serão uma constante na vida de quem se decide por Cristo, pois estão posicionados contra um inimigo irado e desleal. “Lutam em toda pessoa, com veemência, dois poderes em disputa pela vitória A incredulidade arregimenta suas forças, dirigida por Satanás, a fim de separar-nos da Fonte de nossa resistência. A fé ordena suas forças, comandadas por Cristo, o autor e consumador de nossa fé. Hora após hora, em face do universo celestial, vai o conflito em prosseguimento. Esta é uma luta mão a mão, e a grande questão é: Quem vencerá? Essa questão cada um tem de decidir por si mesmo. Todos têm de tomar parte nessa peleja, combatendo de um ou de outro lado. Não há libertação do conflito. ... Somos insistentemente advertidos a preparar-nos para essa luta. "Fortalecei-vos no Senhor e na força do Seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo." Efés. 6:10 e 11. E repete-se a advertência: "Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes." Efés. 6:13”. (Filhos e Filhas de Deus – MM 1956, 328)
Não há em lugar algum da Bíblia a garantia de que não passaremos por aflições, mas a armadura garante que passaremos pelo sofrimento sem perder a fé e dependendo completamente de Deus. Mas podemos ter a certeza de que Jesus está interessado em nós, como diz Ellen White: “Cristo tem dado a mensagem, repleta das bênçãos de Seu poder. Ele veio remir a humanidade, e continuará a enviar mensagem após mensagem para salvar Seu rebanho dos enganos satânicos. Ele não cessará de enviar Suas mensagens até que o Universo redimido esteja em paz” (Carta 100, 1906).
            Devemos lembrar que “os que põem toda a armadura de Deus e devotam algum tempo cada dia à meditação, oração e estudo das Escrituras estarão em ligação com o Céu e terão uma influência salvadora, transformadora sobre os que os cercam” (Testimonies, vol. 5, pág. 112.), e que “toda pessoa verdadeiramente convertida vestirá a armadura de Deus, e enfrentará corajosamente o inimigo invisível” (Cuidado de Deus. MM 1995, 302). Portanto, se vista agora com toda a armadura de Deus.