terça-feira, 12 de junho de 2012



Enquanto Ele não vem

                                                                               Felippe Amorim


A breve volta de Jesus à Terra é uma certeza inequívoca para todos aqueles que estudam a palavra de Deus. Basta olharmos para o mundo em que vivemos e reconheceremos os sinais que precederiam o retorno de Cristo. Muitos cristãos creem nisso, embora nem todos vivam de acordo com esta esperança.
Esta é uma questão importante: como viver enquanto o dia do retorno de Cristo não chega? O que fazer enquanto aguardamos a Sua vinda?
Encontramos esta resposta no sermão profético de Jesus. Logo após apresentar os sinais de Sua segunda vinda, o Senhor profere a parábola dos talentos. O estudo deste texto (Mt. 25:14-30)  nos ajuda a compreender o que Jesus espera daqueles que estão aguardando o Seu retorno.
“Porque é assim como um homem que, ausentando-se do país, chamou os seus servos e lhes entregou os seus bens: a um deu cinco talentos, a outro dois, e a outro um, a cada um segundo a sua capacidade; e seguiu viagem (Mt. 25:14-15). Nesta parábola encontramos as diretrizes de como passar o tempo de espera.

A Distribuição

Na passagem bíblica Deus é identificado como o Senhor, o dono dos talentos. Essa é uma informação importante, principalmente para aqueles que têm uma tendência de se orgulharem daquilo que sabem fazer bem.
Quando pensamos que o que temos não é nosso, foi-nos dado por Deus, fugimos do orgulho de pensarmos que somos “bons”. “Deus deseja que Seus obreiros olhem para Ele como o Doador de tudo que possuem, que se lembrem de que tudo o que têm e são vem daquele que é maravilhoso em conselho e grande em obra” (Conselho Sobre Mordomia, 114).
Precisamos lembrar que não é a nossa capacidade ou conhecimento que definirá a eficácia do talento, “pode-se possuir cultura, talento, eloquência ou qualquer dote natural ou adquirido; mas sem a presença do Espírito de Deus não se tocará nenhum coração, nem se ganhará pecador algum para Cristo. De outro lado, se estão ligados com Cristo, e se possuem os dons do Espírito, os mais pobres e ignorantes de Seus discípulos terão um poder que falará aos corações. Deus faz deles condutos para a difusão, no Universo, das mais elevadas influências” (Parábolas de Jesus, 328).
“A parábola dos talentos devidamente compreendida, excluirá a cobiça, que Deus chama de idolatria” (Testemunhos Seletos, vol. 1, pág. 365.).
Além de escaparmos do orgulho, a consciência de que os talentos que temos são dons de Deus, nos ajudará a ter um coração grato e dedicado a Ele, como resposta aos presentes recebidos.
O texto nos diz que cada servo recebeu de acordo com a sua capacidade. Deus conhece cada um dos seus filhos e não os sobrecarrega. Receber mais ou menos talentos não deveria ser nossa preocupação. “Ninguém precisa lamentar que não recebeu maiores dons; porque Aquele que repartiu a cada um, é igualmente honrado pelo desenvolvimento de toda dádiva, seja ela grande ou pequena” (Parábolas de Jesus, 328).
O importante é que todos receberam, apesar de não igualmente. A questão mais importante não é a quantidade dos talentos, mas o que faço com aqueles que recebi.
Não cabe a nós discutir a quantidade, essa é uma decisão de Deus. Como diz o apóstolo Paulo: “Porque a um, pelo Espírito, é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência; e a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar; e a outro, a operação de maravilhas; e a outro, a profecia; e a outro, o dom de discernir os espíritos; e a outro, a variedade de línguas; e a outro, a interpretação das línguas. Mas um só e o mesmo Espírito opera todas essas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer." (I Cor. 12:8-11)
Outra questão importante é que mesmo aquele que recebeu apenas um, ganhou muito. Um talento corresponde a 6000 denários, que por sua vez corresponde a 6000 dias de trabalho nos tempos de Cristo, ou seja, 16 anos de trabalho aproximadamente. Apenas um talento já tem muito valor. Quem receber apenas um, já recebeu um grande dom de Deus.

O trabalho dos servos

A história nos apresenta três servos. Os dois primeiros receberam, respectivamente, cinco e dois talentos e a Bíblia os apresenta fazendo a aplicação imediata deles. Provavelmente eles tinham a noção de que é através do uso que se multiplicam os talentos. Como diz Ellen White: “Talento usado, talento multiplicado” (Parábolas de Jesus, 353). Os talentos se multiplicam quando estão a serviço dos outros.
O terceiro servo recebeu apenas um talento. A Bíblia o apresenta com medo enterrando-o. Talvez haja um pouco de desgosto também. Quem sabe ele pensou: “apenas um?”.
Podemos perceber que este último conscientemente não trabalhou, seu talento não foi multiplicado por sua negligência. Para o Senhor não importava a quantidade de talentos que o servo recebeu, o que importava é que ele fizesse uso. Deus não aceita nossa desculpas para se escusar do trabalho. Às vezes pensamos como o último servo: “Tenho poucos talentos, não farei falta na obra”, mas para Deus não funciona assim. “Somente pela fidelidade nas coisas pequenas é que a alma pode ser qualificada para agir com fidelidade sob responsabilidades maiores” (Parábolas de Jesus, 356).

A recompensa

Quando o senhor da parábola voltou de sua viagem, convocou seus servos para a prestação de contas. Os servos que ganharam cinco e dois talentos voltaram com seus bens dobrados. Devolveram tudo ao senhor e ganharam como recompensa o “gozo do Senhor”.
O terceiro servo, no entanto, escondeu seu talento na terra, não o colocou ao serviço dos outros e foi duramente repreendido pelo senhor. Ele não fez isso por ignorância, segundo suas próprias palavras, ele conhecia a severidade do senhor. Sua recompensa foi a perda de todos os seus bens e a exclusão do gozo do senhor, ou seja, a perdição.
Ele foi egoísta guardando o seu talento apenas para si. Mas, “ninguém suponha que possa viver vida de egoísmo, e então, tendo servido aos próprios interesses, entrar no gozo do Senhor. Não puderam participar da alegria de um amor desinteressado. Não se adaptariam às cortes celestes” (parábolas de Jesus, 364).
Os três poderiam ter multiplicado os seus talentos e ganhado o gozo do Senhor, mas apenas dois escolheram fazer. Isso mesmo, é uma questão de escolha.
Como dissemos no início, o contexto desta história é a volta de Jesus. “O homem que partiu para longe representa Cristo, que, ao proferir esta parábola, estava prestes a partir da Terra para o Céu” (Parábolas de Jesus, 325). O momento do reencontro do senhor com os servos corresponde ao ajuste final de contas que Cristo fará ao retornar.

Mensagem para os que esperam por Jesus

Há nesta parábola preciosas lições para nós que aguardamos o retorno de Cristo para os nossos dias. Todos nós recebemos pelo menos um talento de Deus e a maneira certa de esperar por Cristo é aplicando esses talentos na obra de Deus.
Muitos ainda focam a data da segunda vinda e esquecem-se do trabalho que Deus espera que façamos enquanto Ele não vem.
Todos em algum momento da vida já tivemos que esperar por alguém. Às vezes esta espera demora horas. A melhor maneira de esperar é se ocupando, assim o tempo passa mais rápido. Ficar sem fazer nada parece que segura os ponteiros do relógio. Esse princípio também funciona para a espera por Cristo.
No dia do acerto final, Jesus pedirá contas das responsabilidades que ele nos deixou. A principal delas é a pregação do evangelho. Cada um de nós tem que anunciar as boas novas de salvação usando os dons que recebemos. Alguns anunciarão usando a música, outros a pregação, alguns a escrita ou estudos bíblicos, enfim, cada um faz de acordo com seus dons. “Os seguidores de Cristo foram redimidos para ser úteis ao próximo” (Parábolas de Jesus, 326).
É assim que Jesus Cristo deseja que o esperemos. Enquanto Ele não vem devemos estar ativos, aplicando e multiplicando os dons que Ele nos concedeu.