quarta-feira, 17 de outubro de 2012



Deus em três atos
Felippe Amorim

Cremos em um Deus triuno. Esta é uma das mais importantes verdades bíblicas. Qualquer desvio dessa crença pode causar prejuízos tremendos para o cristão individualmente ou/e para a igreja.
            “Há um só Deus: Pai, Filho e Espírito Santo, uma unidade de três Pessoas coeternas. Deus é imortal, onipotente, onisciente, acima de tudo, e sempre presente” (Crença nº 2 da IASD). As provas da triunidade de Deus estão espalhadas por toda a Bíblia. Basta um estudo atencioso e honesto para comprovarmos isso.
            Nenhum dos três foi criado ou está em situação de subordinação em relação ao outro. Como diz o enunciado da crença lido anteriormente, são pessoas coeternas (Pai, Filho e Espírito Santo) formando um só Deus. Não adianta tentarmos entender como isso é possível, nossa mente não chegaria tão longe. Devemos aceitar, no entanto, as evidências.
            Por ocasião do batismo de Jesus, Deus foi mostrado em sua triunidade. Lemos assim: E o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea, como pomba; e ouviu-se uma voz do céu, que dizia: Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo (Lucas 3:22). Pai Filho e Espírito Santo, os três estão nessa cena.
            Em alguns episódios (como o anterior) a trindade apresenta-se junta. Em outros momentos individualmente. Encontramos na Bíblia três momentos que revelam bem o Deus triuno. Como em um grande filme, Deus revela-se através dos tempos. Vamos destacar três atos dessa linda história.

Ato 1: Criação

            No princípio criou Deus os céus e a terra. E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas (Gênesis 1:1-2).
            Sob a Liderança de Deus, o Pai, e tendo como agente da criação o Filho, tudo foi criado de forma maravilhosa. No original hebraico, a palavra Deus do verso anterior é Elohim. É uma palavra plural. Ela está se referindo a mais de uma pessoa, portanto, no primeiro verso da Bíblia já encontramos uma evidência inequívoca sobre a multiplicidade da divindade. O verso dois, por sua vez, fala claramente sobre a presença do Espírito naquele momento. A trindade já se faz presente no início do relato sagrado.
            Há mais evidência em Gênesis: “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra” (Gênesis 1:26).
O texto está todo no plural mostrando que a criação foi obra em conjunto de mais de uma pessoa divina. A pluralidade é uma característica clara da divindade.
O ato criativo de Deus carrega ensinamentos em cada um de seus aspectos. Na criação Deus mostra sua capacidade de Produzir a partir do nada. O aspecto criador de Deus nos garante que Ele pode pegar uma matéria sem forma e vazia e transformar em um lindo planeta com todas as condições para a vida. Isso é confortador para nós, pois, muitos seres humanos estão internamente como a Terra estava, sem forma e vazios. São vidas destruídas pelo pecado que se forem colocadas nas mãos do Criador poderão ser transformadas em valiosas obras de arte. Na Criação, Deus é revelado como o Todo-Poderoso Triuno.

Ato 2: Calvário

O segundo ato que podemos destacar do “filme” da redenção é o Calvário. Neste ato o Filho está em destaque, embora percebamos a presença do Pai. Enquanto estava pregado na Cruz, Jesus se referiu a Ele: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. E, repartindo as suas vestes, lançaram sortes” (Lucas 23:34). Se Jesus e o Pai não fossem pessoas diferentes, como alguns dizem, Jesus estaria falando com ele mesmo. Isso é ridículo doutrinariamente. O diálogo da cruz é mais uma referência à pluralidade da divindade.
No calvário aconteceu o evento central na história dos seres humanos: a morte do Salvador. Lemos assim: “E Jesus, clamando outra vez com grande voz, rendeu o espírito. E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras;” (Mateus 27:50-51).
Esse ato de Deus é o motivo que leva os pecadores a ter esperança. A morte de Jesus nos traz vida em abundância. Para deixar bem claro o que acontecia naquela cruz o véu do templo se rasgou. Deus estava indicando o fim dos sacrifícios no Templo terrestre, pois o cordeiro de Deus havia morrido (Jo. 1:29). A justiça divina havia sido satisfeita. Estava pago o preço pelo resgate dos pecadores.
Esta é uma cena que precisa ser lembrada todos os dias. “Far-nos-ia bem passar diariamente uma hora a refletir sobre a vida de Jesus. Deveremos tomá-la ponto por ponto, e deixar que a imaginação se apodere de cada cena, especialmente as finais. Ao meditar assim em Seu grande sacrifício por nós, nossa confiança nEle será mais constante, nosso amor vivificado, e seremos mais profundamente imbuídos de Seu espírito” (O desejado de todas as nações, 83). No calvário Deus é revelado como aquele que Resgata. Como o redentor do mundo.

Ato 3: Pentecostes

O terceiro ato do nosso “filme” é o pentecostes. Nesta cena o Espírito Santo está em destaque. Ele foi enviado para continuar a obra iniciada por Jesus, enquanto o Filho iria para sua obra sacerdotal no santuário celestial.
Em Atos 2: 2 - 4 lemos o seguinte relato: E de repente veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados. E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles. E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem”.
Este é um relato do Espírito Santo atuando na vida dos fiéis, distribuindo o dom necessário para aquela ocasião. A terceira pessoa da Trindade é o protagonista deste episódio.
Muitos têm se desviado dos ensinos bíblicos e negado a personalidade de Espírito Santo. Afirmam que ele seria apenas uma força ou influência vinda de Deus, mas não é isso que a Bíblia nos apresenta.
Em Atos 5:3 e 4 lemos: “Disse então Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, e retivesses parte do preço da herdade? Guardando-a não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus” (Atos 5:3-4).   
A afirmação que retiramos destes versos é clara: O Espírito Santo é Deus. Ananias e Safira não poderiam mentir para uma força ou para uma influência. Só se mente para um ser que possui personalidade.
Encontramos diversas passagens na Bíblia que descrevem atributos pessoais do Espírito Santo, provando, sem deixar margens para dúvidas, que Ele é uma pessoa da trindade, não uma força ou qualquer outra coisa parecida.
Neste terceiro ato de Deus o encontramos agindo nas pessoas de forma mais direta. Distribuindo seus dons. Gálatas 5: 22 e 23 nos mostra o que o Espírito Santo deseja fazer em nós. “Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra estas coisas não há lei”. Ele quer fazer brotar em nós o seu fruto para transformar o cristão, para ajudar a cumprir a missão de Deus e para restaurar mais filhos dEle. No Pentecostes, portanto, Deus é revelado como o capacitador. Aquele que dotará os homens das qualidades necessárias para que eles sejam tudo quanto Deus deseja que sejam.

A cena Final: A (Re)criação

Criador, Redentor e capacitador são três importantes aspectos do Deus Triuno. Porém, toda boa história tem um grande momento final onde o bem definitivamente vence o mal. Nós não poderíamos terminar esta reflexão sem mencioná-lo.
A trindade está envolvida no plano da redenção e o objetivo desse esforço em conjunto é um retorno, todos querem levar o homem de volta ao Éden. O último ato de Deus será a (Re)criação. Quando ele cumprirá a promessa: “E vi um novo céu, e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. E eu, João, vi a santa cidade, a nova Jerusalém, que de Deus descia do céu, adereçada como uma esposa ataviada para o seu marido. E ouvi uma grande voz do céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles, e será o seu Deus (Apocalipse 21:1-3).
O Deus triuno voltará ao primeiro ato e fará a (re)criação. Assim será revelado todo o Seu amor definitivamente. Somente naquele momento poderemos desfrutar do que descreve Ellen White: O grande conflito terminou. Pecado e pecadores não mais existem. O Universo inteiro está purificado. Uma única palpitação de harmonioso júbilo vibra por toda a vasta criação. DAquele que tudo criou emanam vida, luz e alegria por todos os domínios do espaço infinito. Desde o minúsculo átomo até ao maior dos mundos, todas as coisas, animadas e inanimadas, em sua serena beleza e perfeito gozo, declaram que Deus é amor (Grande Conflito , 678). 

quinta-feira, 4 de outubro de 2012


O Evangelho do Auxílio

Sempre (ou quase sempre) que fazemos algo importante por outra pessoa percebemos que ganhamos a confiança dela. É muito comum recebermos um presente, um abraço ou palavras de carinho de alguém por quem fizemos uma boa ação.
Deus, enquanto nosso criador, tem a plena consciência de como as pessoas criam vínculos entre si a partir da ajuda mútua e instituiu o método da ajuda como uma das melhores formas de conquistar pessoas para o evangelho.
“Na pregação do evangelho está incluído muito mais que meramente fazer sermões. Deve esclarecer-se o ignorante, erguer-se o desanimado, os enfermos devem ser curados. A voz humana deve desempenhar sua parte na obra de Deus. Palavras de bondade, simpatia e amor devem dar testemunho da verdade. Ferventes e sinceras orações devem trazer para perto os anjos. ... O Senhor vos dará sucesso nesta obra. ... Ela está entretecida com a vida prática quando é vivida e praticada. A união de obra cristã para o corpo e obra cristã para a alma é a verdadeira interpretação do evangelho” (Review and Herald, 4 de março de 1902).
Na Bíblia podemos encontrar diversos exemplos de pregadores que usaram a beneficência para atrair as pessoas para Cristo. Um deles é Eliseu.

A Viúva Pobre

 Um dia o sucessor de Elias encontrou-se com uma viúva pobre. A Bíblia registrou assim: Ora uma dentre as mulheres dos filhos dos profetas clamou a Eliseu, dizendo: Meu marido, teu servo, morreu; e tu sabes que o teu servo temia ao Senhor. Agora acaba de chegar o credor para levar-me os meus dois filhos para serem escravos (II Reis 4:1).
Um dos servos de Eliseu havia morrido e a sua viúva estava precisando de ajuda financeira. É interessante analisarmos a atitude do profeta. Primeiro Eliseu sondou o que a viúva ainda tinha em casa e como ele poderia utilizar aquilo para resolver seu problema.
Eliseu não foi simplesmente assistencialista, ele não supriu a necessidade da mulher sem que ela fizesse algo. O profeta deu uma tarefa para a família: Vai, pede emprestadas vasilhas a todos os teus vizinhos, vasilhas vazias, não poucas. Depois entra, e fecha a porta sobre ti e sobre teus filhos; deita azeite em todas essas vasilhas, e põe à parte a que estiver cheia (II Reis 4:3-4).
Deus multiplicou o azeite nas vasilhas daquela mulher e então o profeta deu outra ordem: “Veio ela, pois, e o fez saber ao homem de Deus. Disse-lhe ele: Vai, vende o azeite, e paga a tua dívida; e tu e teus filhos vivei do resto” (II Reis 4:7).
Em todos os lugares encontraremos problemas relacionados à fome e ao desemprego. Era isso que Eliseu enfrentava naquele momento, isso é algo real dentro e fora das igrejas. A exemplo do que a Bíblia apresenta, não podemos ser simplesmente assistencialistas ao ajudarmos as pessoas com problemas de desemprego, por exemplo. Devemos aproveitar as habilidades delas e ajudá-las a caminhar sozinhas. O profeta Eliseu poderia ter pedido a Deus a quantia necessária para a viúva pagar suas dívidas. Mas ele mandou que fossem procurar vender o azeite multiplicado e então viver do valor arrecadado.
As igrejas poderiam acrescentar ao seu planejamento cursos profissionalizantes simples como culinária vegetariana, artesanato, dentre outros. É certo que a igreja nunca deve perder o foco espiritual do seu trabalho, mas o trabalho social faz parte da sua vivência na atividade missionária. No caso da viúva pobre, através da ajuda dada a ela o nome de Deus foi exaltado e, certamente, aquela família se aproximou mais de Deus. Assim também acontecerá quando chegarmos às pessoas suprindo as suas necessidades. O evangelho alcançará seu objetivo mais facilmente.

Eliseu e a Mulher Rica

É interessante que logo após o relato do encontro de Eliseu com a viúva pobre, a Bíblia registrou o encontro do profeta com uma mulher rica. É possível aprendermos uma lição aqui, pois, assim como o profeta, também encontraremos na atividade missionária os dois extremos da condição social, o rico e o pobre e precisamos atingir ambas as classes.
A Bíblia diz assim: “Sucedeu também certo dia que Eliseu foi a Suném, onde havia uma mulher rica que o reteve para comer; e todas as vezes que ele passava por ali, lá se dirigia para comer” (II Reis 4:8).
            Deparamo-nos agora com outra cidade e outra situação. A cidade de Suném pertencia à tribo de Issacar (Jer. 19:18). Situada no vale de Jezreel ou Esdrelon, próximo ao monte Gilboa.
            Nesta cidade Eliseu ganhou a simpatia da família desta mulher rica e, segundo o relato bíblico, todas as vezes que o profeta passava por aquela cidade ele se hospedava na casa dela. A Bíblia deixa claro o motivo que levou esta família a admirar tanto este homem: “E ela disse a seu marido: Tenho observado que este que passa sempre por nós é um santo homem de Deus. Façamos-lhe, pois, um pequeno quarto sobre o muro; e ponhamos-lhe ali uma cama, uma mesa, uma cadeira e um candeeiro; e há de ser que, quando ele vier a nós se recolherá ali” (II Reis 4:9,10).
            “Um santo homem de Deus”. Esta foi a característica que mais impressionou a mulher rica. Não foi a eloquência de Eliseu ou seus títulos acadêmicos, embora essas coisas sejam importantes, não foram elas que atrairam os ricos a Eliseu.
            A Bíblia não registra nenhum método especial de contato entre Eliseu e a família rica, embora tenhamos recomendações do Espírito de Profecia para que tenhamos métodos e estratégias especiais para lidar com os ricos, no caso do sucessor de Elias, a sua intimidade com Deus e o seu viver refletindo o caráter de Deus foi o suficiente para ganhar a confiança da mulher rica e sua ajuda financeira.
            Isso traz uma lição para os missionários do século XXI que lidarão com a classe social mais rica das cidades. O refinamento é importante, saber expressar-se também, ter títulos acadêmicos ajuda, mas nada é mais importante e impactante do que a vida consagrada de um cristão. Não é necessário esconder placas de igreja ou omitir assuntos bíblicos, muito menos rebaixar as normas e princípios para ganhar os mais ricos. Uma vida de firmeza nos princípios e de amor pelos irmãos (independente da classe social) pode abrir quaisquer portas necessárias para o ministério cristão.
            Quando olhamos mais a fundo esta história de Eliseu percebemos que embora a família fosse rica, eles precisavam mais do profeta do que o profeta deles. Observamos isso quando lemos: Sucedeu que um dia ele chegou ali, recolheu-se àquele quarto e se deitou. Então disse ao seu moço Geazi: Chama esta sunamita. Ele a chamou, e ela se apresentou perante ele. Pois Eliseu havia dito a Geazi: Dize-lhe: Eis que tu nos tens tratado com todo o desvelo; que se há de fazer por ti? Haverá alguma coisa de que se fale por ti ao rei, ou ao chefe do exército? Ao que ela respondera: Eu habito no meio do meu povo. Então dissera ele: Que se há de fazer, pois por ela? E Geazi dissera: Ora, ela não tem filho, e seu marido é velho. Pelo que disse ele: Chama-a. E ele a chamou, e ela se pôs à porta. E Eliseu disse: Por este tempo, no ano próximo, abraçarás um filho. Respondeu ela: Não, meu senhor, homem de Deus, não mintas à tua serva. Mas a mulher concebeu, e deu à luz um filho, no tempo determinado, no ano seguinte como Eliseu lhe dissera (II Reis 4:11-17).
            Eliseu não só deu um filho ao casal, realizando seu sonho, como tempos depois ressuscitou a criança e a devolveu a seus pais. Não importa a classe social, todas as pessoas têm necessidades e se as suprirmos conseguiremos facilitar o acesso do evangelho para elas.
            Deus deseja capacitar a sua igreja para o trabalho com as classes mais ricas. Sobre este assunto Ellen White comenta: “Em cada esforço para alcançar as mais altas classes, o obreiro de Deus necessita de forte fé. As aparências podem parecer desoladoras, mas na hora mais escura há luz do alto. A força dos que amam a Deus e a Ele servem será renovada cada dia. A mente do infinito está posta a seu serviço, para que ao executarem Seu propósito não cometam erro (Atos dos Apóstolos, 242).
            Felizes os cristãos que quando passam perante as pessoas da sua comunidade (ricos ou pobres) podem receber as palavras: “este é um homem de Deus”. A história do profeta Eliseu nos ensina que mesmo em uma cidade onde encontramos diferenças sociais tão grandes, é possível desenvolver um ministério que atinge a todos os setores econômicos e sociais.

Fome em Gilgal

            Posteriormente Eliseu foi para Gilgal. Lá se deparou com o outro extremo, tinha acabado de sair de uma situação de fartura e se depara com uma terra onde a fome prevalecia. Foi dada a ordem para preparar um cozinhado para os seus ajudantes, “então um deles saiu ao campo a fim de apanhar ervas, e achando uma parra brava, colheu dela a sua capa cheia de colocíntidas e, voltando, cortou-as na panela do caldo, não sabendo o que era. Assim tiraram de comer para os homens. E havendo eles provado o caldo, clamaram, dizendo: Ó homem de Deus, há morte na panela! E não puderam comer (II Reis 4:39,40).
            Novamente Deus prova a sua atenção para com os necessitados. Através do profeta e de uma porção de farinha, Ele transformou a comida não adequada para alimentar-se em uma saborosa refeição. Mais uma vez a atenção das pessoas foi atraída para Deus através do ato de suprir as necessidades do outro.

Calamidade em Samaria

            Podemos ainda encontrar outros episódios do ministério urbano de Eliseu no qual uma necessidade suprida leva os olhos das pessoas a Deus. A cidade de Samaria encontrava-se em uma situação de calamindade. Sitiada pelos sírios e com extrema escasses de alimentos. A fome era tamanha que as pessoas chegaram a atitudes extremas: “E houve grande fome em Samária, porque mantiveram o cerco até que se vendeu uma cabeça de jumento por oitenta siclos de prata, e a quarta parte dum cabo de esterco de pombas por cinco siclos de prata.  E sucedeu que, passando o rei de Israel pelo muro, uma mulher lhe gritou, dizendo: Acode-me, ó rei meu Senhor. Mas ele lhe disse: Se o Senhor não te acode, donde te acudirei eu? da eira ou do lagar? Contudo o rei lhe perguntou: Que tens? E disse ela: Esta mulher me disse: Dá cá o teu filho, para que hoje o comamos, e amanhã comeremos o meu filho.Cozemos, pois, o meu filho e o comemos; e ao outro dia lhe disse eu: Dá cá o teu filho para que o comamos; e ela escondeu o seu filho. Ouvindo o rei as palavras desta mulher, rasgou as suas vestes (ora, ele ia passando pelo muro); e o povo olhou e viu que o rei trazia saco por dentro, sobre a sua carne” (II Reis 6:25-30).
            O rei culpou o profeta, injustamente, pela fome da cidade e expediu uma ordem de execução com o homem de Deus. O mesmo profeta que há pouco tempo havia exaltado o Deus de Isreal e, consequentemente, o seu povo perante os sírios, agora era acusado pela calamidade da cidade.
            A despeito da ingratidão do rei, o profeta deu a mensagem que Deus havia mandado: “Então disse Eliseu: Ouvi a palavra do Senhor; assim diz o Senhor: Amanhã, por estas horas, haverá uma medida de farinha por um siclo, e duas medidas de cevada por um siclo, à porta de Samaria” (II Reis 7:1).
            Mesmo injustiçado pelo governante da sua cidade, Eliseu não desanimou da sua atividade profética e Deus honrou a profecia por ele proferida: “Então saiu o povo, e saqueou o arraial dos sírios. Assim houve uma medida de farinha por um siclo e duas medidas de cevada por um siclo, conforme a palavra do Senhor”(II Reis 7:16).       Deus restaurou a normalidade em Samaria e mostrou aos israelitas e aos sírios quem era o Deus de Israel.
            Em todos estes episódios da vida de Eliseu, podemos perceber como o ato de ajudar a quem precisa pode ser um excelente meio de fazê-los conhecer o evangelho. Qualquer esforço nesse sentido é válido. Como diz Ellen White: “Uma alma arrancada do poder de Satanás; uma alma que haveis beneficiado; uma alma encorajada! Isto paga mil vezes todos os vossos esforços. A vós Jesus dirá: "Quando o fizestes a um destes Meus pequeninos irmãos, a Mim o fizestes." Mat. 25:40” (Beneficência Social, 97).
            Auxiliar àqueles que necessitam, seja de comida ou de atenção, abrirá para a igreja um caminho através do qual poderemos acelerar a pregação do evangelho e finalmente vermos face a face o nosso grande benfeitor Jesus Cristo.