quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013


Os Sabotadores de oração
Pr. Felippe Amorim

            Quem gosta de filmes de espiões e investigação já viu muita coisa sobre sabotagem. Nesses filmes sempre tem um vilão tentando impedir o progresso do mocinho. Sabotagem significa toda ação que visa prejudicar o trabalho de alguém. Sua origem vem da França, onde a palavra ¨sabot¨ quer dizer tamanco. Antigamente os operários trabalhavam usando tamancos. Nos protestos contra o patrão jogavam os tamancos sobre as máquinas para danificá-las, daí o termo ficou conhecido com o seu significado atual.
Durante a segunda guerra mundial houve muitas histórias de sabotagem. Espiões destruíram navios, aviões e outros equipamentos de guerra do inimigo apenas com pequenas manobras de sabotagem.
O pior de uma sabotagem é quando o sabotador sabota a si mesmo. Você acha isso impossível? Isso acontece muito com a oração. A seguir apresentarei alguns sabotadores da oração.

Sabotador 1 - Pecados não confessados
           
            Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça. (Isaías 59:2).
O pecado, que assola este planeta, traz três consequências terríveis: separa de Deus, encobre o rosto de Deus e impede que ele nos ouça.
Certa vez entrei em uma fábrica de calçados para fazer uma visita com os alunos de uma escola em que eu trabalhava. Fomos até perto da linha de produção. O barulho das máquinas funcionando era ensurdecedor. Era impossível ouvirmos uns aos outros e quem trabalhava perto delas precisava usar um protetor auricular para não prejudicar sua audição.
Nossos pecados são como aquelas máquinas, produzem tanto barulho em nossa vida que impedem que Deus ouça a nossa voz e assim nossas orações são interrompidas.
Você pode estar pensando: então Deus não pode ouvir ninguém, porque todos têm pecados. Realmente, todos os seres humanos têm pecados, mas o pecado que impede que nossas orações sejam ouvidas é aquele não confessado e abandonado.
O autor de Hebreus nos adverte: Porque, se pecarmos voluntariamente, depois de termos recebido o conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados (Hebreus 10:26). Deus ama e ouve pecadores, mas aqueles que se entristecem pelo pecado e estão dispostos a abandoná-lo.
São os pecados não confessados, os pecados acariciados que nos impedem de receber as bênçãos que pedimos em oração.  Diz o salmista: “se eu atender à iniquidade no meu coração, o Senhor não me ouvirá; (Salmos 66:18). Essa é uma afirmação contundente. Por isso se há pecados acariciados em sua vida você deve confessar e abandonar urgentemente. Eles estão sabotando suas orações.

Sabotador 2 - Falta de fé

E, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e o não lança em rosto, e ser-lhe-á dada. Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando; porque o que duvida é semelhante à onda do mar, que é levada pelo vento, e lançada de uma para outra parte. Não pense tal homem que receberá do Senhor alguma coisa. O homem de coração dobre é inconstante em todos os seus caminhos. (Tiago 1:5-8)
Infelizmente algumas pessoas oram a Deus, pedem coisas e logo que levantam da oração alimentam o pensamento de que Deus não as ouvirá. Na maioria das vezes isso não é intencional. Essas pessoas quando vão orar até o fazem confiando que Deus pode resolver seus problemas, mas logo esse sentimento passa e vem a dúvida.
Tiago chama essas pessoas de “homens de ânimo dobre”. Seriam pessoas que oscilam entre a fé e a dúvida. Não confiam em Deus completamente.
Eu diria que o problema da maioria das pessoas não é a incapacidade de confiar, porque a maioria de nós confia em tantas outras coisas. Por exemplo, “às vezes vamos a um médico de nome complicado. Ele nos passa uma receita que não conseguimos ler. Levamos a receita a uma farmácia e compramos um remédio que não sabemos nem como se chama. Por fim tomamos seu conteúdo sem nada questionar[i]”.
Confiamos que o motorista do ônibus dormiu bem na noite passada, que o piloto do avião não é um suicida, que o farmacêutico não é um sádico. Confiamos em muitas coisas e pessoas, mas temos dificuldades de confiar em Deus.
Penso que a questão da confiança passa diretamente pela profundidade da sua relação com quem você precisa confiar. Por exemplo, uma vez eu estava em um ônibus e uma pessoa muito estranha, parecendo meio desconfiada, pediu que eu segurasse um pacote para ela e enquanto ela me pedia olhava para os lados como se estivesse fugindo de alguém. Preferi dar o lugar a segurar o pacote. Porém, se fosse minha esposa que estivesse pedindo para eu segurar o pacote, eu seguraria sem pensar. Por quê? Porque conheço minha esposa e por isso confio nela.
Creio que o problema de muitas pessoas de não confiarem em Deus, passa pelo fato de elas não O conhecerem. Ninguém confia em alguém que não conhece. Se você tem falta de fé, gaste um pouco de tempo conhecendo a Deus através da Bíblia e elimine o sabotador de sua oração.

Sabotador 3 - Desobediência

Amados, se o nosso coração não nos condena, temos confiança para com Deus; E qualquer coisa que lhe pedirmos, dele a receberemos, porque guardamos os seus mandamentos, e fazemos o que é agradável à sua vista. (1 João 3:21-22)
            Uma consciência tranquila possibilita confiança em Deus e consciência tranquila só existe quando há obediência a Deus. Não tem como orar e ser atendido sem confiança (falamos disso no tópico anterior). Por algum motivo, que a soberania divina explica, Deus vinculou a resposta positiva às orações à obediência.
Não é recompensa. Não estamos falando de negociar com Deus obediência em troca de bênçãos, mas seria incoerência de Deus ouvir quem não o ouve. Imagine a seguinte situação: Um filho acaba de pegar dinheiro da carteira do pai sem a devida autorização. Sem perceber que o pai o via do andar de cima da casa. Antes de sair da sala onde estava a carteira o filho percebe que seu pai está descendo as escadas e se desespera para esconder o dinheiro atrás do corpo. Tentando distrair o pai ele começa a pedir que o pai o ajude na tarefa de casa. Pede e insiste que o pai o ajude. O pai, então, responde mansa e firmemente: Filho antes de me pedir qualquer coisa solte o pecado que está atrás de você.
Com Deus é semelhante. Nosso Pai celeste sempre está nos vendo do “andar de cima” e espera que nós soltemos os pecados antes de pedirmos algo a Ele. Do contrário, nossas orações continuarão a ser sabotadas.

Sabotador 4 - Guardar rancor

Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós; Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas. (Mateus 6:14-15)
Este é um dos textos mais sérios e marcantes de Bíblia em minha opinião. Eu explico. Jesus está dizendo que se eu tenho alguma mágoa de alguém e me recuso a perdoar, não importando o motivo, Ele também não pode perdoar meus pecados, e se meus pecados não são perdoados eu estou perdido. Você entendeu a seriedade deste texto? A oração por perdão só será ouvida se perdoamos nossos ofensores. Enquanto guardarmos rancor, Deus não pode nos ouvir.
Portanto, se você quer ter suas orações escutadas por Deus, pare um pouco agora e faça uma análise profunda em seu coração. Pergunte-se: há alguém a quem eu devo perdoar? Há alguém que me magoou muito e eu ainda guardo rancor? Se a resposta a estas perguntas foram positivas. Urgentemente procure-as e ofereça seu perdão. É difícil? Talvez seja, mas eu garanto que será mais fácil do que ficar fora do céu. É isso mesmo! Se você não perdoa, Deus não te perdoa e, portanto, você está fora do céu.  Não perdoar é um tremendo sabotador de oração.

Sabotador 5 - Egoísmo

Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites (Tiago 4:3).
Se examinarmos nossas orações com sinceridade, perceberemos que muitas são orações egoístas. Não posso analisar as suas, mas posso te falar das minhas. Enquanto escrevi este tópico parei um pouco para analisar os meus pedidos a Deus. Foi uma reflexão dolorosa. Tive que admitir que muitos dos meus pedidos são egoístas.
Não há problemas em fazer pedidos a Deus. Aliás, não tem ninguém melhor para pedirmos algo do que ao Todo-Poderoso do Universo. Porém, se nossos pedidos são para exaltação própria ou para esnobarmos com nossas posses ou para nos sentirmos melhor que os outros pelas posições alcançadas, então, estamos pedindo errado.
Pergunte-se: Por que tenho pedido para ter sucesso no trabalho? Por que tenho pedido saúde física? Por que tenho pedido mais dinheiro? Para quê quero essas coisas? Talvez a resposta doa um pouco, mas esta reflexão pode ajuda-lo muito. Não há nenhum problema em querer mais dinheiro, mais saúde, mais sucesso, o problema está no que você quer fazer com estas coisas que está pedindo. Se for apenas para nutrir sua vaidade, Deus não as dará.
Quando Cristo nos ensinou a oração modelo, o “pai nosso”, ele nos ensinou uma oração livre de egoísmo. “Santificado seja o Teu nome, Venha o Teu reino, Seja feito a sua vontade”. A exaltação de Deus deve ser o principal objetivo das nossas orações. A glória de Deus é o principal. Se não for assim, estaremos sabotando nossas orações.

Sabotador 6 - Descaso para com os necessitados

O que tapa o seu ouvido ao clamor do pobre, ele mesmo também clamará e não será ouvido (Provérbios 21:13).
Há cada coisa escrita na Bíblia que se tivesse escrita em qualquer outro livro eu diria que é um absurdo. Mas estando na palavra de Deus é a mais pura verdade e eu respeito muito, mesmo quando é muito duro. Esse é um versículo que traz uma condição muito séria para que tenhamos nossas orações ouvidas por Deus.
Se você prestar bem atenção ao texto verá que esse cristão (o verso fala de um cristão, pois ele clama a Deus) ouve um pobre clamando. Certamente o pobre está passando por uma situação muito grave a ponto de ele ter que clamar por socorro.
É comum passarmos despercebidos pelo necessitado na rua ou não atendermos a alguém que bate à nossa porta pedindo auxílio. É verdade que você não conseguirá resolver o problema da pobreza do mundo, mas você pode amenizar o sofrimento de uma pessoa que está perto de você.
O profeta Isaias abordou isso de forma muito séria. Leia:
Porventura não é este o jejum que escolhi, que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo e que deixes livres os oprimidos, e despedaces todo o jugo? Porventura não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres abandonados; e, quando vires o nu, o cubras, e não te escondas da tua carne? Então romperá a tua luz como a alva, e a tua cura apressadamente brotará, e a tua justiça irá adiante de ti, e a glória do SENHOR será a tua retaguarda. Então clamarás, e o SENHOR te responderá; gritarás, e ele dirá: Eis-me aqui. Se tirares do meio de ti o jugo, o estender do dedo, e o falar iniquamente; E se abrires a tua alma ao faminto, e fartares a alma aflita; então a tua luz nascerá nas trevas, e a tua escuridão será como o meio-dia. E o SENHOR te guiará continuamente, e fartará a tua alma em lugares áridos, e fortificará os teus ossos; e serás como um jardim regado, e como um manancial, cujas águas nunca faltam. (Isaías 58:6-11)
Não permita que a falta de compaixão para com os pobres, seja um sabotador de suas orações.

Sabotador 7 - Conflitos não resolvidos

Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, Deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão e, depois, vem e apresenta a tua oferta (Mateus 5:23-24).
Nas relações humanas é comum haver discórdia. Ninguém é obrigado a pensar igual ao companheiro. Aliás, é até saudável que no grupo haja pessoas que pensem diferente, assim há crescimento. O problema é quando os pensamentos diferentes levam as pessoas a ficarem intrigadas.
O texto bíblico sugere que o culto a Deus deve suceder nosso bom relacionamento com o próximo. Deus não aceita a adoração de quem voluntariamente está em discórdia com alguém. A primeira oferta deve ser a oferta de perdão. Depois você pode continuar na sua adoração e nos seus pedidos a Deus. Não permita que a discórdia sabote sua oração.

Sabotador 8 - falta de concentração

Resolvi incluir este tópico por uma questão essencialmente particular. Esse é meu maior desafio no que diz respeito à oração.
Acontece muitas vezes de que começar a orar e de repente estar pensando na reunião que farei com a igreja à noite, na conta que vencerá amanhã, num assunto que preciso tratar com alguém durante o dia.
Isso me incomodava muito até que lendo a respeito descobri um conselho muito interessante: Inclua esses assuntos que vão surgindo na pauta da sua oração. Quando estamos conversando com nossos amigos os assuntos vão surgindo naturalmente. Às vezes trocamos de assunto bruscamente em uma conversa com um amigo porque nos lembramos do assunto na hora.
Nossas orações devem ser como uma conversa com um amigo. Se você está falando de uma coisa com Deus e de repente vem outro assunto na mente, comece a falar com Deus a respeito daquele assunto. Mudar o tema da conversa não vai descaracterizar sua oração.
Outra solução que tem me ajudado na questão da concentração é escrever a oração. Aprendi isso com meu amigo Pr. Otoniel Ferreira e seu excelente livro “21 dias de poder”. Quando você escreve a sua oração, a concentração aumenta. Experimente! Depois você pode incinerar o papel, não tem problema.
Deixa eu te dar mais uma dica. Ore em voz alta. Escolha um lugar da casa mais tranquilo. Quem sabe no jardim e fale a sua oração. Isso ajudará na concentração. Procure não fazer perto de alguém. Ninguém precisa pensar que você enlouqueceu.

Sabotador 9 – Rebaixar a posição de Deus

Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu; (Mateus 6:9-10)
O início da oração modelo nos mostra que na oração ideal Deus é reconhecido na sua posição exata. Infelizmente, o mundo cristão moderno tem banalizado a figura de Deus. Ele virou “o cara lá de cima” ou o amigão. Isso é tão presente no mundo atual que parece que Deus agora gosta das músicas que eu gosto, das comidas que eu gosto, dos programas de TV que eu gosto. As coisas estão se invertendo. Estão pregando por aí um Deus tão próximo que eu não preciso mudar mais, “Deus se adapta a mim”. Esse Deus não existe!
Não estou dizendo que Deus não deve ser nosso amigo. Ele deve ser, Ele quer ser, mas essa amizade não deve nos fazer esquecer de quem é Deus. Ele é Soberano e Rei, muito maior que nós e merece todo o nosso respeito. Na nossa relação de amizade, eu me adapto a Ele, não o contrário.
Vejamos a oração modelo:
Pai nosso, que estás nos céus, - o pai tem autoridade.
Santificado seja o teu nome; - a glória deve ser dele.
Venha o teu reino, - o reino de Deus deve ser desejado.
Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu;  - submissão total a Deus.
Somente quem reconhece a posição suprema de Deus pode ter acesso aos pedidos seguintes da oração modelo. Assim também será em nossas orações. Se não for assim, estaremos sabotando nossas orações.

Sabotador 10 - Tratar a esposa inadequadamente

Igualmente vós, maridos, coabitai com elas com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais fraco; como sendo vós os seus co-herdeiros da graça da vida; para que não sejam impedidas as vossas orações (1 Pedro 3:7).
Já ouvi alguém reclamar do verso bíblico que fala da submissão da mulher ao marido. Esse verso bem entendido é uma bênção para o casal. Mas estou cada vez mais convencido que os versos mais duros em relação ao matrimonio estão relacionados com os maridos. Analise este verso acima.
O marido que não trata bem sua esposa, que não a protege e cuida dela com responsabilidade e amor, não terá as suas orações atendidas. Tratar mal a esposa impede de sermos ouvidos. Que sério isso!
Acredito que daqui podemos retirar um princípio que também pode ser aplicado à esposa e por extensão a todos os nossos semelhantes. Embora primariamente o verso seja uma advertência aos maridos, todos devem estar atentos para não desprezarem o seu semelhante, afinal, ninguém que sabotar suas orações.

Desimpedindo o canal

Mudei há pouco tempo para outra cidade. No primeiro dia que fomos tomar banho na nova casa, a vazão do chuveiro era muito pequena. Verifiquei se tinha água na caixa d`água e estava cheia, verifiquei o encanamento e estava perfeito, mas continuava com pouca vazão de água. Então fui verificar o chuveiro e constatei que o que acontecia é que havia sujeira entupindo os buraquinhos do chuveiro pelos quais a água passava. Comprei um chuveiro novo e o problema foi resolvido.
Às vezes situações semelhantes acontecem na vida espiritual. A “caixa d`água” de Deus está cheia de bênçãos, mas às vezes nossa sujeira está obstruindo a passagem delas. Precisamos eliminar as sujeirinhas para abrir o canal das bênçãos. Os sabotadores da oração devem ser eliminados de nossa vida e receberemos muitas bênçãos de Deus através da oração.


[i] Parceiros de oração. John Maxuell . Ed. Betânia, p. 59

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013



A oração modifica as coisas
A fórmula para dormir tranquilo no meio da guerra

Pr. Felippe Amorim
Pastor na Associação Norte Catarinense



Todas as coisas que Deus criou são maravilhosas. Algumas, no entanto, são também deliciosas. Uma delas é uma boa noite de sono tranquilo. Dormir é uma das bênçãos que Deus nos deixou. Além de ser gostoso traz muitos benefícios. Alguns deles são: Previne a obesidade, combate a hipertensão, Fortalece a memória, previne depressão, favorece o desempenho físico, controla o diabetes, diminui o risco de doenças cardiovasculares e melhora o desempenho no trabalho[i]. Sem dúvida é um santo remédio.
Isso é tão verdade que o sono está incluído nos remédios naturais deixados por Deus para nós. “Ar puro, luz solar, abstinência, repouso, exercício, regime conveniente, uso de água e confiança no poder divino - eis os verdadeiros remédios” [ii]. Nada mais revigorante e gostoso como uma boa noite de sono!
 O contrário também é verdade. Uma frequência inapropriada de sono pode causar muitos prejuízos. A médica do sono Dr. Rosa Hasan afirma que o sono irregular “desorganiza o metabolismo e prejudica a síntese de alguns hormônios” [iii].
Todos gostariam de ter sempre boas noites de sono, mas algumas vezes somos atrapalhados. Algumas vezes o que nos atrapalha é um barulho ou uma luz forte, mas esses fatores são facilmente resolvidos. O problema é quando o que atrapalha nosso sono é uma tribulação. É difícil dormir quando algum problema nos atormenta.
Isso me faz lembrar um texto bíblico que fala sobre sono. Na verdade, fala sobre uma boa noite de descanso. É o texto que está no Salmo 3:5: “Eu me deitei e dormi; acordei, porque o SENHOR me sustentou”. Este Salmo é conhecido como a oração matutina. Foi escrito por Davi e nos passa a impressão de que ao escrevê-lo o rei estava vivendo um momento bastante tranquilo da vida. É apenas impressão! Esse sono tranquilo de Davi acontecia no meio de um problemão.
Sendo assim, podemos aprender com este Salmo o segredo para conseguirmos ter bom sono mesmo quando as coisas não vão tão bem.

O perigo

            Davi começa o Salmo expressando os sentimentos e as circunstâncias pelas quais passava. Ele diz: “SENHOR, como se têm multiplicado os meus adversários! São muitos os que se levantam contra mim. Muitos dizem da minha alma: Não há salvação para ele em Deus” (Salmos 3:1-2). Todo o texto é uma oração que sai do coração de Davi para o coração de Deus.
            Naquele momento o homem segundo o coração de Deus passava pela aflição de ser perseguido pelo seu próprio filho Absalão. Ter alguém querendo matar você já é algo terrível, mas quando esse alguém é seu próprio filho, então as coisas pioram muito.
            O relato dessa perseguição encontra-se em 2 Samuel 15. Lá encontramos mais detalhes sobre essa perseguição em família. Lemos por exemplo que “Absalão se levantou pela manhã, e parava a um lado do caminho da porta. E sucedia que a todo o homem que tinha alguma demanda para vir ao rei a juízo, o chamava Absalão a si, e lhe dizia: De que cidade és tu? E, dizendo ele: De uma das tribos de Israel é teu servo; Então Absalão lhe dizia: Olha, os teus negócios são bons e retos, porém não tens quem te ouça da parte do rei. Dizia mais Absalão: Ah, quem me dera ser juiz na terra, para que viesse a mim todo o homem que tivesse demanda ou questão, para que lhe fizesse justiça! Sucedia também que, quando alguém se chegava a ele para se inclinar diante dele, ele estendia a sua mão, e pegava dele, e o beijava.
E desta maneira fazia Absalão a todo o Israel que vinha ao rei para juízo; assim furtava Absalão o coração dos homens de Israel (2 Samuel 15:2-6).
            Que tristeza! O filho traindo politicamente o pai e fazendo um jogo sentimental com os súditos para ganhar-lhes a confiança e fazer com que desprezem a liderança de Davi. O trabalho sujo de Absalão foi tão bem feito que logo surgiram os primeiros frutos. “Então veio um mensageiro a Davi, dizendo: O coração de cada um em Israel segue a Absalão (2 Samuel 15:13). O povo começou a aderir ao “partido” do filho do rei.
            Para completar esta cena de traição Absalão organizou uma perseguição física contra seu pai. A ponto de Davi ter que se esconder: “Disse, pois, Davi a todos os seus servos que estavam com ele em Jerusalém: Levantai-vos, e fujamos, porque não poderíamos escapar diante de Absalão. Dai-vos pressa a caminhar, para que porventura não se apresse ele, e nos alcance, e lance sobre nós algum mal, e fira a cidade a fio de espada. Então os servos do rei disseram ao rei: Eis aqui os teus servos, para tudo quanto determinar o rei, nosso senhor” (2 Samuel 15:14-15).
            Este é o quadro pintado por trás dos primeiros dois versos do Salmo três. O filho de Davi arregimentou muitos seguidores para tentar mata-lo e o povo do reino já descria até que Deus poderia fazer algo pelo rei.
            No texto original, no final do verso dois tem a palavra “Selah”. É um termo comum nos Salmos para indicar mudança de modo, pausa na música ou mudança no acompanhamento. Essa palavra também marca no Salmo três a mudança do foco do salmista. Até aqui, ele apresentou o problema, mas, a partir daqui ele foca seus olhos em Deus. Assim ele nos ensina uma lição importante. O nosso foco não pode estar no problema, mas em Deus que tem poder para resolver qualquer situação.
A partir daqui Davi nos ensina como reagir aos sofrimentos e perseguição. A primeira lição é que o sofrimento levou Davi a orar. Se há alguma vantagem no sofrimento é essa: ele nos leva a orar. Não há meio de escape mais eficaz que a oração e, assim como Davi, devemos apelar para ela todas as vezes que nos encontrarmos em apuros.
Em muitas versões o verso três começa com a palavra “porém” indicando que o que virá a seguir é o oposto do quadro apresentado anteriormente. Deus é o oposto da angústia a da aflição.

Vitórias passadas, confiança futura.

            “Porém tu, Senhor, és o meu escudo, és a minha glória e o que exaltas a minha cabeça. Com a minha voz clamo ao Senhor e ele do seu santo monte me responde” (Salmo 3:3-4).
            A primeira figura a que Davi compara Deus é um escudo. Certamente ele tinha em mente as promessas e realizações do Senhor no passado, como a promessa feita a Abraão. “Depois destas coisas veio a palavra do Senhor a Abrão numa visão, dizendo: Não temas, Abrão; eu sou o teu escudo, o teu galardão será grandíssimo” (Gn. 15:1) Davi cria que o mesmo Deus que foi escudo de Abraão seria seu também. As promessas do passado davam confiança a Davi.
            Muitas vezes nós nos esquecemos do que Deus já havia prometido e das coisas que ele fez em nossa vida e ficamos aflitos quando nos deparamos com um novo problema. Mas se avaliarmos toda a nossa vida e contabilizarmos tudo o que Deus já fez por nós, perceberemos que Deus já cuidou muito de nós e isso indica que ele continuará cuidando.
“Nada temos que recear quanto ao futuro, a menos que esqueçamos a maneira em que o Senhor nos tem guiado, e os ensinos que nos ministrou no passado” [iv].  Pensar no que Deus já fez por nós nos ajuda a confiar no que Ele ainda fará. Era esta confiança que fazia Davi dormir tranquilo e nós podemos desfrutar disso também.

A sensação de segurança no meio do perigo.

            “Deito-me e pego no sono; acordo, porque o Senhor me sustenta Não tenho medo de milhares do povo que tomam posição contra mim de todos os lados” (Salmo 3: 5-6).
            O tom de Davi é de pura confiança em Deus. Após orar o rei superou momentos de angustia pelos quais passou. Nem sempre Davi esteve tão tranquilo assim. Durante alguns momentos do problema ele sofreu muito: “Mas Davi, subindo pela encosta do monte das Oliveiras, ia chorando; tinha a cabeça coberta, e caminhava com os pés descalços. Também todo o povo que ia com ele tinha a cabeça coberta, e subia chorando sem cessar” (2Sam 15:30).
 Esse verso me consola, pois percebo que Davi era gente igual a mim. Ele também se angustiava. Não há pecado em se angustiar. O problema é quando guardamos a angustia somente para nós. Como nós, Davi também teve momentos de desespero, mas ele nos ensina que quando colocamos esse desespero nas mãos de Deus através da oração nosso coração se acalma.

A oração e a certeza do triunfo

            “Levanta-te Senhor! Salva-me Deus meu, pois feres nos queixos a todos os meus inimigos e aos ímpios quebras os dentes. Do Senhor é a salvação, e sobre o teu povo a tua bênção” (Salmo 3: 7-8).
            Há muita beleza nesses versos, pois o perigo ainda existia, mas Davi falava como se Deus já tivesse resolvido o problema. Que lição! Parece que Davi antevia o que Jesus falaria algum tempo mais tarde: “Por isso vos digo que tudo o que pedirdes em oração, crede que o recebereis, e será assim convosco” (Mc. 11:24).
            Devemos orar na certeza de que Deus já está cuidando da nossa questão, porque, quando colocamos nas mãos dEle de todo coração Ele cuida mesmo. É verdade que nem sempre resolverá a questão do jeito que gostaríamos que resolvesse (o problema de Davi foi resolvido, mas não exatamente como ele queria), mas Ele sempre agirá.
O fim do Salmo é o oposto do começo. No início existia angustia e preocupação. No final há confiança e descanso. Isso é o resultado de tanto relacionamento com Deus.
Deus resolveu o problema de Davi, seus inimigos foram eliminados. O desfecho não foi bem o que Davi queria, ele pediu que tratassem seu filho com brandura (2Sm 18:5), mas Absalão morreu de forma trágica (2Sm 18: 14-15). A solução não foi a esperada por Davi, (o seu choro amargo demonstra isso) mas Deus resolveu seu problema. Nem sempre a solução de Deus é a que queríamos.
Com o Salmo três podemos aprender algumas lições preciosas: a primeira é que a oração é o grande diferencial na hora das tribulações. Quem ora, passa pelas tribulações de cabeça erguida. A segunda é que Deus sempre dá uma solução para os nossos problemas se nos entregarmos a Ele, talvez não a que queríamos, porém, a melhor que poderia existir.
            A maior lição, no entanto, que o Salmo três nos deixa é: Para ter boas noites de sono no meio de grandes problemas basta entrar em íntima comunhão com Deus através da oração. Esse é um excelente momento para começar. Faça uma oração agora.







[i] fonte: http://www.minhavida.com.br/bem-estar/galerias/14895-oito-beneficios-que-o-sono-traz-para-a-sua-saude#conteudoTxt)
[ii] EGW. A Ciência do Bom Viver, 127
[iii] fonte: http://www.minhavida.com.br/bem-estar/galerias/14895-oito-beneficios-que-o-sono-traz-para-a-sua-saude#conteudoTxt
[iv] EGW. Mensagens Escolhidas, v. 3, 162

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013


 Oração
A maior necessidade do Cristão.

 Felippe Amorim
Pastor na Associação Norte Catarinense

            Existem algumas modalidades esportivas bastante interessantes. Uma delas é o mergulho em apneia. Estes atletas desafiam seus pulmões passando vários minutos embaixo da água sem nenhum tipo de equipamento de respiração. Os maiores atletas deste esporte conseguem passar entre cinco a sete minutos sem respirar. Ninguém conseguiu mais que isso.
            O motivo deste tempo relativamente curto (tente passar tanto tempo sem respirar e você não considerará tão curto assim.) é que o ser humano não consegue viver sem respirar. Qualquer período pequeno sem oxigênio no cérebro pode causar danos irremediáveis para a pessoa.
            Quando os praticantes deste esporte estão na ativa sempre estão assistidos por médicos e outros profissionais para evitar danos pela falta de oxigênio. O oxigênio é essencial à vida humana.
            Assim como o oxigênio é para a o corpo, existem alguns elementos que são essenciais para a vida espiritual e a oração é um dos mais importantes.

Jesus nos ensinou a orar

            Não há um exemplo maior de uma vida de oração que a vida de Jesus. Várias passagens bíblicas nos mostram como a oração era uma parte importante do ministério de Cristo. Lemos assim: E aconteceu que naqueles dias subiu ao monte a orar, e passou a noite em oração a Deus (Lucas 6:12).
            Apenas essa declaração já deveria ser suficiente para nos convencer de que deveríamos gastar (acho que a palavra mais adequada é investir) tempo em oração. Se Jesus Cristo, o próprio Deus encarnado, precisava passar tempo em oração, quanto mais eu e você, que somos cheios de tendências ruins e facilmente caímos em pecado, deveríamos passar tempo em oração pedindo misericórdia e força a Deus.
            Às vezes penso que nós, seres humanos, nos achamos mais fortes espiritualmente que Jesus. Talvez não falemos isso, mas agimos como se fôssemos. Falo isso porque observo Jesus que sem tendência para o pecado, passava horas buscando poder em oração. Ao contrário de Jesus, nós, que se nos descuidarmos (aliás, até cuidando), caímos constantemente em pecado, mesmo assim, não buscamos amparo na oração. Isso é atitude de quem se acha muito forte.
Há vários textos na Bíblia que registram Jesus orando, confira cada um desses momentos e depois compare com os seus momentos de oração (Lc. 3:21, 5: 16, 9: 18, 28-29 ; 11:1 ; 22: 41-46 ; 23: 34,46). Eu comparei com os meus e fiquei envergonhado.
O corpo de Cristo “tinha sido afetado pelo pecado, mas não infectado pelo pecado” [i], mesmo assim encontramos passagens como essa: “E, despedida a multidão, subiu ao monte para orar, à parte. E, chegada já a tarde, estava ali só” (Mateus 14:23). Sempre antes de uma grande decisão ou evento Ele se retirava para momentos de oração. Se Cristo necessitava, quanto mais nós.
Ellen White escreveu algumas coisas sobre a oração que me arrepiam e me deixam preocupado. Leia com atenção: “A oração é a respiração da alma. É o segredo do poder espiritual. Nenhum outro meio de graça a pode substituir, e a saúde da alma ser conservada. A oração põe a alma em imediato contato com a Fonte da vida, e fortalece os nervos e músculos da vida religiosa. Negligenciai o exercício da oração, ou a ela vos dediqueis de quando em quando, com intermitências, segundo pareça conveniente, e perdereis vossa firmeza em Deus” [ii]. Quando leio este texto chego a ter uma “falta de ar” espiritual ao avaliar o quão pouco tenho enchido meus pulmões espirituais de ar puro.
Ela ainda acrescenta: “Que cada respiração seja uma oração” [iii], e adverte: “A oração é a vida da alma. A oração da fé é a arma pela qual podemos resistir com êxito a todo assalto do inimigo” [iv]. Essa relação entre a respiração e a oração é uma figura perfeita para nos falar do quão essencial ela é. É algo do qual não podemos ficar muito tempo separados.
Se você não encontra nenhum motivo em você mesmo para orar, então ore porque é um mandamento de Deus para a sua vida. Paulo escreveu: “Sejam alegres, em qualquer situação; orem o tempo todo; deem graças a Deus, não importa o que aconteça. É como Deus quer que vocês, que pertencem a Cristo Jesus, vivam neste mundo” (1 Tess. 5:16-18 – A mensagem). O apóstolo repetiu este conselho: “Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças” (Filipenses 4:6).

A oração muda a perspectiva dos problemas

A oração é uma forma de adentrarmos no santuário celestial. “A oração não faz Deus baixar a nós, mas eleva-nos a Ele” [v]. Não sei se você já teve a oportunidade de subir em um prédio ou uma montanha muito alta. Não gosto muito de altura, mas já tive oportunidades de estar em montanhas muito altas.
Quando olhamos de lá, carros e caminhões parecem ser formiguinhas passando numa estrada de brincadeira lá embaixo. Quanto mais alto subimos, menores as coisas parecem. É isso que a oração faz conosco em relação aos problemas. Quando olhamos os problemas do nosso ponto de vista eles aumentam de tamanho, mas a oração nos eleva a Deus e nos proporciona a oportunidade de ver a vida da perspectiva de Deus. Olhamos os problemas como quem olha de cima de uma montanha os carros minúsculos passando na estrada lá embaixo. A oração corrige meu problema visual, os problemas, não desaparecem imediatamente, mas ficam tão pequenos que se tornam insignificantes.

A linguagem deve ser espontânea

Tenho sérias desconfianças de que não praticamos mais a oração porque nós a transformamos em um momento muito chato. Usamos uma linguagem que não é a nossa cotidiana, buscamos expressões que às vezes nem sabemos direito o significado. Uma vez ouvi uma oração e quase pedi que a pessoa desse uma pausa enquanto eu ia pegar um dicionário para me ajudar a entender o que ela queria dizer.
A linguagem da oração precisa ser natural, como quem fala com um amigo. “A oração é o abrir do coração a Deus como a um amigo” [vi]. Não sei você, mas quando quero falar com meus amigos (os mais íntimos) não marco hora e não fico cheio de cerimônias e linguagem rebuscada. Ligo a qualquer hora ou os encontro em qualquer lugar. Por se tratar de amigos, não importa muito onde estamos o que importa é que estamos juntos.
Em Julho de 2012 estive em Moçambique - África realizando uma série evangelística na capital do país (Maputo). Foram dias muito agradáveis ao lado daqueles irmãos. Estava pregando dentro de uma igreja e, embora fosse um país de língua portuguesa, sempre tinha alguém me traduzindo para o dialeto local, o shangana. Qualquer coisa que eu falasse alguém traduzia (os mais velhos não entendiam bem o português).
Uma coisa, no entanto, me deixava muito curioso: eles nunca traduziam a oração. Eu sempre falava pausadamente durante a oração esperando que alguém fizesse a tradução. Logo entendi que eles não traduziriam, mas a curiosidade só aumentava. Por que não traduziam a oração? Resisti à pergunta por alguns dias, até que soltei. Um dia, voltando para o hotel, perguntei ao ancião local: irmão, por que não se traduz a oração?
Ele olhou pra mim com muita simplicidade e até um pouco de espanto e me deu a resposta que me deixou bastante envergonhado. Ele disse: “Não traduzimos pastor, porque Deus entende”. Nossa, eu poderia não ter passado esta vergonha. É lógico. Aquele povo simples entendia a oração muito mais profundamente que eu, um teólogo. A oração é uma conversa com Deus. E Ele entende a nossa linguagem. Não precisamos falar bonito ou difícil para impressioná-lo. Basta que sejamos sinceros.
Experimente falar para Deus a respeito de suas frustrações, de seus desejos e sonhos. Trate com ele das questões triviais do seu dia, fale sobre amenidades, Ele tem todo o tempo do mundo para você. Estou muito convencido de que Deus se agrada muito mais de uma oração sincera do que de uma oração bonita. Simplesmente fale com ele. Ele entende!
“As maiores vitórias da igreja de Cristo, ou do cristão em particular, não são as que são ganhas pelo talento ou educação, pela riqueza ou favor dos homens. São as vitórias ganhas na sala de audiência de Deus, quando uma fé cheia de ardor e agonia lança mão do braço forte da oração” [vii].


Deus está disposto a escutar.

            Você já teve a impressão de que estava orando para tentar convencer a Deus a fazer algo que Ele não queria fazer? Às vezes nós temos a sensação que as bênçãos que nós estamos pedindo a Deus nos são dadas contra a vontade dEle e por isso temos que insistir muito para receber.
            Deixa eu te dizer uma coisa: é apenas impressão... Na oração modelo Jesus nos ensinou a tratar Deus como “Pai nosso” e não explicou as implicações de chamar Deus de pai porque sabia que nós já temos ideia do que isso significa, pois temos o nosso pai aqui na Terra.
            Pense um pouco na relação entre pai e filho. A maior felicidade de um pai é ver seu filho bem. Não me esqueço de um episódio que vivi com meu pai. Eu estava passando por um momento bastante delicado da vida. Ele me falou algumas palavras que ficaram gravadas em minha mente: “Seu pai está aqui para ajudar você, pode contar comigo”.
            Não foi à toa que Jesus nos deu a referência do pai terrestre para que avaliemos as atitudes do pai celeste (é verdade que alguns pais modernos não podem servir como parâmetro, mas estes são exceções).
            Nosso pai celeste tem mais vontade de nos ver felizes do que nosso pai terrestre, então ore com a certeza de que Deus quer atender você, mas Ele só nos dará aquilo que for para o nosso bem.
            Uma vez estava pregando em uma igreja no interior de Sergipe e vi uma cena que me fez pensar na oração e nas respostas de Deus. O filho pequeno de um amigo estava conosco no culto. Ele soltou a mão do pai e se aproximou de uma tomada na parede. Rapidamente o pai o pegou de volta evitando aquela aproximação perigosa. A criança então começou a chorar e a pedir que o pai a deixasse colocar o dedo na tomada.
            Lógico que meu amigo continuou dizendo não ao seu filho, mesmo diante do choro tão sentido da criança. Acredito que muitas vezes acontece assim conosco. Choramos e esperneamos para que Deus nos deixe “colocar o dedo na tomada”. Assim como aquela criança, não temos ideia de como seria ruim se nosso Pai do céu dissesse sim a alguns pedidos nossos.
            Da próxima vez que você orar, faça na certeza de que Deus está te ouvindo e atenderá seus pedido de acordo com a sabedoria dEle. Nunca desista de pedir coisas a Deus. É a Ele que temos que apelar quanto às nossas necessidades, a quem mais pediríamos?
            Uma vez ouvi um pregador falando que deveríamos orar apenas agradecendo a Deus e perguntando coisas. Ele aconselhava a congregação a orar a semana toda sem pedir nada a Deus. Eu discordo completamente dele. Diante da nossa situação de pecado, miséria espiritual, necessidades físicas e emocionais, a quem mais poderíamos apelar senão a Deus? Se há alguém a quem podemos e devemos pedir coisas é a Deus.
            Imagine o quão triste seu pai ficaria se soubesse que você estava em necessidade, ele podia ajudar você, mas você não o pediu e sofreu sozinho? Embora tenhamos muitas coisas para agradecer a Deus, não há problema algum em pedir coisas a Ele. “O mesmo compassivo Salvador vive hoje, e está tão disposto a escutar a oração da fé, como quando andava visivelmente entre os homens. O natural coopera com o sobrenatural. Faz parte do plano de Deus conceder-nos, em resposta à oração da fé, aquilo que Ele não outorgaria se o não pedíssemos assim” [viii].  A resposta de Deus às nossas orações depende mais de nós do que dEle. “Se tiverdes voz e tempo para orar, Deus terá tempo e voz para responder” [ix].
            No que diz respeito à oração, precisamos dela tanto quanto do ar que respiramos, portanto, viva com seus pulmões espirituais sempre cheios da respiração da alma.














[i] Rodor, Amim A. O Incomparável Jesus Cristo – 1ª ed – Engenheiro Coelho, SP: Unaspress, 2011. Pg. 33
[ii] Mensagens aos Jovens, 250
[iii] Ciência do Bom Viver, 511
[iv] Manuscrito 24, 1904. In ME. v.1, 88
[v] Caminho a Cristo, 93
[vi] Caminho a Cristo, 93
[vii] Patriarcas e profetas, 203
[viii]  O Grande Conflito, 525
[ix] Review and Herald, 1º de abril de 1890.