Resiliência
Felippe Amorim
Ultimamente temos
ouvido falar muito a palavra “resiliência”. Na igreja, nas empresas, nos
consultórios médicos, sempre há alguém se referindo a ela.
Resiliência “é um conceito oriundo da física, que se refere à propriedade de
que são dotados alguns materiais, de acumular energia quando exigidos ou submetidos a
estresse sem ocorrer ruptura” (Wikipédia).
Para
entendermos melhor basta vermos alguns exemplos. O elástico é um material
resiliente, você pode esticá-lo até o seu limite e depois ele retornará à sua
forma original. Outro exemplo é a vara de salto em altura usada em eventos
esportivos. Ela se dobra ao peso do atleta, mas logo que passa a tensão, ela
volta à sua forma original. Ela é resiliente.
A psicologia
se apropriou deste conceito e o aplicou às pessoas. Alguém resiliente seria uma
pessoa com capacidade de sofrer pressão ou enfrentar problemas de forma sóbria
e depois retornar ao seu estado anterior.
O apóstolo
Paulo sem dúvida é um bom exemplo de uma pessoa resiliente. Ele enfrentou duras
provas ao longo da vida, mas não foi quebrado por nenhuma delas. Ele mesmo
relata: Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um. Três vezes fui
açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma
noite e um dia passei no abismo; Em viagens muitas vezes, em perigos de rios,
em perigos de salteadores, em perigos dos da minha nação, em perigos dos
gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em
perigos entre os falsos irmãos; Em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas
vezes, em fome e sede, em jejum muitas vezes, em frio e nudez. Além das coisas
exteriores, me oprime cada dia o cuidado de todas as igrejas (2 Coríntios 11:24-28).
Ele suportou muito sofrimento
em favor do evangelho, porém no final da vida o percebemos sóbrio e calmo mesmo
diante da morte. As cartas da prisão nos dão uma boa ideia a respeito disso.
Paulo escreveu a Timóteo: Porque eu já estou
sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está
próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a
coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele
dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda (2 Timóteo 4:6-8).
É até difícil imaginar
alguém condenado à morte estar tão tranquilo, afirmando que não está morrendo
simplesmente, mas está sendo oferecido como oferta a Deus. Não se trata de
sacrifício humano. Paulo apenas está dizendo que a vida dele pertence a Deus e
se for necessário morrer por Ele, isso acontecerá.
Isso é resiliência.
Depois de uma vida dura e diante da morte iminente, há tranquilidade. O que
fazia de Paulo um homem resiliente? Podemos encontrar a resposta nesse texto
escrito a Timóteo.
Consciência tranquila
Paulo
nos dá um indício de como estava sua consciência para com Deus naquele momento.
“Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé” (2 Timóteo 4:7). É perceptível que o
apóstolo tinha uma consciência tranquila em relação aos seus deveres de
cristão. Ele tinha feito tudo o que deveria fazer. Vale a pena analisarmos as
três partes desta frase.
A vida
cristã é um combate constante e Paulo sabia disso. Ela já havia afirmado: E
todo aquele que luta de tudo se abstém; eles o fazem para alcançar uma coroa
corruptível; nós, porém, uma incorruptível (1 Coríntios 9:25). A própria
preparação para o combate cristão é parte dele.
Somente
deveis portar-vos dignamente conforme o evangelho de Cristo, para que, quer vá
e vos veja, quer esteja ausente, ouça acerca de vós que estais num mesmo
espírito, combatendo juntamente com o mesmo ânimo pela fé do evangelho (Filipenses 1:27). O Cristão também
combate para manter a fé viva.
Encontramos ainda outro
aspecto do combate mencionado por Paulo: Mas,
mesmo depois de termos antes padecido, e sido agravados em Filipos, como
sabeis, tornamo-nos ousados em nosso Deus, para vos falar o evangelho de Deus
com grande combate (1 Tessalonicenses
2:2). É o combate da pregação do evangelho. Temos um inimigo que tenta
atrapalhar a todo custo, mas não podemos desistir da luta.
A vida tem ainda outros
combates que algumas vezes travamos. São lutas para manter a família, para ser
fiel, para se manter saudável etc. São lutas comuns a todos e que às vezes
machucam e deixa cicatrizes.
Além de combater, Paulo
diz que “acabou a carreira”. Ele está falando do percurso que Deus traçou para ele
e para cada cristão que se coloca sob Suas mãos. Deus tem propósitos para nossa
vida e os cumprirá se nós assim o deixarmos. “Mas
em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a
minha carreira, e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho
do evangelho da graça de Deus” (Atos 20:24). Cumprir a missão dada por
Deus, foi para isso que o apóstolo dedicou a vida.
Paulo completa essa
parte do pensamento dizendo: “Guardei a Fé”. Mesmo diante das dificuldades, ele
não vacilou na fé. Ele estava dizendo que diante de todas as provas enfrentadas
ele esteve firme aos princípios divinos. “Cada cristão guarda "a fé"
quando vive pessoalmente seus princípios. A sinceridade da fé de um cristão se
mede pela amplitude com a qual reflete esses princípios” (CBA - eletrônico).
Diante do percurso da
vida, Paulo sabia que tinha feito tudo o que deveria fazer e por isso estava
com a consciência tranquila. Esse era o primeiro segredo da resiliência
paulina.
Certeza da recompensa
A segunda
faceta da capacidade de Paulo de suportar as provas relaciona-se com uma
certeza que ele guardava em seu coração. Ele sabia que sua “coroa da justiça
está guardada (2 Timóteo 4:8). Perceba que ele usa o verbo no presente,
indicando a convicção que tinha.
Durante suas horas mais
difíceis de luta pela fé, o esplendor da promessa de seu Senhor lhe deu
esperança. Paulo não tirava os olhos daquele lugar lindo de tal forma que ele
não conseguiu descrever: “as coisas que o olho
não viu, e o ouvido não ouviu, E não subiram ao coração do homem, São as que
Deus preparou para os que o amam” (1
Coríntios 2:9).
Paulo sabia que a
recompensa era maravilhosa e certa. Diante das adversidades e, muitas vezes,
injustiças da vida, não podemos tirar os olhos da recompensa eterna. A visão da
recompensa ajudava Paulo a resistir nas provas, a ser resiliente.
Amar a vinda de Cristo
Há um terceiro elemento
importante no conjunto de fatores que contribuíram para a força de Paulo diante
das provas. Ele escreveu que a recompensa seria dada “a todos os que amarem a sua vinda” (2
Timóteo 4:8).
O
retorno de Cristo à Terra não é para ser aguardado apenas, é para ser amado. Há
uma diferença significativa. Muitas vezes dizemos que aguardamos a volta de
Cristo, mas vivemos como se Ele nunca fosse voltar. Quem ama a vinda dEle,
espera ansioso todos os dias e trabalha para que aconteça o mais rápido
possível.
Paulo sonhava com a volta de Jesus. Ele escreveu: Porque, se cremos que Jesus morreu e
ressurgiu, assim também aos que dormem, Deus, mediante Jesus, os tornará a
trazer juntamente com ele. Dizemo-vos, pois, isto pela palavra do
Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, de modo algum
precederemos os que já dormem. Porque o Senhor mesmo descerá do céu com grande
brado, à voz do arcanjo, ao som da trombeta de Deus, e os que morreram em
Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos seremos
arrebatados juntamente com eles, nas nuvens, ao encontro do Senhor nos ares, e
assim estaremos para sempre com o Senhor. (I Tess. 4: 14 – 17).
A vontade de ver Jesus era tão
grande que Paulo falava dela como se fosse acontecer ainda enquanto ele
estivesse vivo. Ele cria que seria ainda em sua geração e pregava assim. Quando
o desanimo batia à porta, Paulo olhava para o céu e sentia o frescor da
esperança da volta de Cristo. Isso o fazia resiliente.
Resiliência recebida
A resiliência de Paulo
era fruto da fé nas promessas de Deus. Ele se torna um precioso exemplo para
nós. Diz Ellen White: “Quase vinte séculos se passaram desde que o idoso Paulo
derramou seu sangue em testemunho da Palavra de Deus e para testificar de Jesus
Cristo. Nenhuma mão fiel registrou para as gerações vindouras as últimas cenas
da vida deste santo homem; a inspiração, porém, nos preservou seu testemunho ao
morrer ele. Como o clangor de uma trombeta, sua voz tem repercutido através de
todos os séculos, enrijando com sua coragem milhares de testemunhas de Cristo,
e despertando em milhares de corações, feridos pela tristeza, o eco de sua
alegria triunfante: "Eu já estou sendo oferecido por aspersão de
sacrifício, e o tempo de minha partida está próximo. Combati o bom combate,
acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está
guardada, a qual o Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia; e não somente a
mim, mas também a todos os que amarem a Sua vinda." II Tim. 4:6-8”. (Atos
dos Apóstolos, 513).
Todos enfrentamos
problemas. Constantemente somos dobrados pelas provas, apertados pelas aflições
da vida, postos no fogo das tentações. Assim como um elástico, muitas vezes
somos provados até o limite das nossas forças. É assim no mundo de pecado,
infelizmente.
Aqueles, no entanto,
que, como Paulo, tiverem consciência tranquila do dever cumprido, certeza da
salvação em Cristo e amor por sua vinda, passarão pelos problemas e não
sofrerão danos. A pressão da vida não modificará a sua fé, não diminuirá sua
alegria, não moverá seus olhos do Salvador. Deus dá a quem quiser a capacidade
de suportar e superar os problemas.
Talvez você esteja
precisando agora de resiliência divina. O Senhor que a deu a Paulo e que na
cruz nos deu o maior exemplo de resiliência da história, pode dá-la a você
agora. Peça e você receberá, Ele prometeu.
2 comentários:
Belo exemplo! Que possamos segui-lo. Parabéns pelo texto amor.
Beijos
obrigado, minha Flor...
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