sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

O pecado: Os casos de Adão e Eva


O pecado: Os casos de Adão e Eva

Felippe Amorim


Ora, a serpente era o mais astuto de todos os animais do campo, que o Senhor Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim? Respondeu a mulher à serpente: Do fruto das árvores do jardim podemos comer, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis, para que não morrais. Disse a serpente à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que comerdes desse fruto, vossos olhos se abrirão, e sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal.  Então, vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto, comeu, e deu a seu marido, e ele também comeu. Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; pelo que coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais. (Gênesis 3:1-7)

INTRODUÇÃO
            O relato do pecado original é uma triste página da história da humanidade. Nele está contido o motivo pelo qual o mundo está na atual situação. Mas, apesar de um relato trágico, podemos retirar dele algumas lições que nos ajudarão a ter uma vida espiritual mais vitoriosa.
            Adão e Eva foram abordados pelo inimigo das almas de formas distintas. Para cada um deles Satanás usou uma estratégia específica de acordo com a circunstância que eles se encontravam. A análise deste episódio bíblico é muito útil para os cristãos do século XXI, pois conhecendo a estratégia do inimigo podemos melhor nos proteger dele.
            Quais foram as táticas utilizadas pelo inimigo de Deus para enredar os nossos primeiros pais? Quais as atitudes de Adão e Eva que facilitaram a ação de Satanás? Como o nosso Deus agiu para resolver este grande problema? Nas linhas seguintes tentaremos responder  a estas questões.

O Éden

            O Éden era um lugar de perfeita harmonia. A natureza apresentava em suas diversas cores toda a plenitude da obra de Deus. Os animais conviviam pacificamente dividindo o território do Jardim, assim como toda a terra que compartilhava da mesma perfeição do Éden.
            O primeiro casal vivia uma felicidade conjugal plena, entre eles não havia nada além do mais puro amor e de uma atmosfera celestial que marcava o primeiro lar instituido pelo próprio Deus.
            Todas as tardes o criador do universo era recebido pelo casal para uma reunião onde eles ouviriam palavras saídas da suprema sabedoria do universo. Que privilégio!  Em algum destes encontros Deus contou para Adão e Eva a respeito da guerra que houve no céu e de como Satanás procuraria tentá-los e induzí-los a pecar contra a lei de Deus.
            Tanto Deus quanto o Seu inimigo sabiam que se o casal cedesse apenas um pouco em relação aos princípios estabelecidos pelo governo divino , seria o suficiente para que todo o equiíbrio da criação fosse abalado e o clima celestial do Éden ficasse ofuscado.
           
Eva,  enganada pelo inimigo.

            A árvore do conhecimento do bem o do mal era o único acesso que satanás teria para se aproximar do ser humano. Se o casal edênico se mantivesse afastado dela estaria eternamente seguro do pecado.
            Eva, porém, decidiu arriscar-se chegando perto daquilo que oferecia risco à sua integridade espiritual e física. Este foi o primeiro grande erro da humanidade, chegar perto daquilo que Deus dissera para se manter longe.
            A queda de Eva foi o resultado de uma série de decisões infelizes. Uma delas foi a de afastar-se de seu esposo. Existia uma advertência de Deus para ela que deve receber uma profunda atenção dos cristãos do século XXI:
Os anjos haviam advertido Eva de que tivesse o cuidado de não se afastar do esposo enquanto se ocupavam com seu trabalho diário no jardim; junto dele estaria em menor perigo de tentação, do que se estivesse sozinha. Mas, absorta em sua aprazível ocupação, inconscientemente se desviou de seu lado. Percebendo que estava só, sentiu uma apreensão de perigo, mas afugentou seus temores, concluindo que ela possuía sabedoria e força suficientes para discernir o mal e resistir-lhe. Esquecida do aviso do anjo, logo se achou a contemplar, com um misto de curiosidade e admiração, a árvore proibida.  P.P. 54

            O afastamento físico ou mesmo emocional entre um casal pode ser um grande perigo para o matrimônio. Foi em um desses momentos que Satanás aproveitou para tentar Eva que, longe de Adão, não percebeu que aquilo que ela admirava com tanta curiosidade seria a causa da ruína da perfeita harmonia de seu lar e da paz do planeta.
            Aproveitando esta infeliz oportunidade, Satanás fez uso de um poderoso instrumento para enganar a mulher. Um dos mais lindos animais do Éden, 
A serpente era então uma das mais prudentes e belas das criaturas da Terra. Tinha asas, e enquanto voava pelos ares apresentava uma aparência de brilho deslumbrante, tendo a cor e o fulgor de ouro polido. P.P 53

            Sempre que o inimigo tenta enganar alguém ele usa o que tiver de mais bonito e atrativo para aquela pessoa. Se ele se apresentasse como ele realmente é ninguém cairía em suas armadilhas. Eva não percebeu o laço em que estava sendo colocada e aos poucos foi envolvida pela voz suave e melodiosa da serpente médium.
            Além da beleza da serpente, o fruto também era atrativo, a bíblia o descreve assim:
Então, vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto, comeu, e deu a seu marido, e ele também comeu. (Gen. 3:6)

            Há neste versículo mais de uma coisa que precisamos analisar. O fruto que representava a desobediência a Deus era agradável ao paladar e aos olhos da mulher. Que combinação perigosa! Paladar e visão deturpados são a combinação perfeita para a queda.
            No versículo acima ainda existe um outro elemento para o qual precisamos dar atenção. O texto diz que a árvore era desejável para dar entendimento. Esse foi um argumento usado pelo inimigo para enganar Eva e que tem dado certo com muitos no presente século: “Porque Deus sabe que no dia em que comerdes desse fruto, vossos olhos se abrirão, e sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal.” (Gen. 3:5).
            A procura por conhecimento tem desviado muita gente do foco do evangelho assim como aconteceu com a nossa primeira mãe. A irma White já nos advertiu:

Em seus esforços para pesquisarem o que Deus foi servido recusar-lhes, multidões descuidam-se das verdades que Ele revelou, e que são essenciais para a salvação. P.P 55

            Infelizmente até dentro do cristianismo podemos observar gente buscando estudar sobre coisas que Deus não revelou completamente. Destas pessoas nascem as heresias e as divisões na igreja. O pior de tudo é que muito destes esquecerão de estudar o que realmente é importante e perderão sua salvação em nome de uma pseudo-intelectualidade que os levará para a morte eterna caso não se arrependam. Existe uma onda de “mentes abertas” que está destruindo o cristianismo. A impressão que é passada por alguns destes é que as pessoas que querem se manter firmes nos princípios bíblicos sobre música, alimentação, vestuário, métodos evangelísticos, etc, tem a “mente fechada” e que quem é frouxo nos princípios é que tem a “mente aberta”.
            A busca por entender coisas que Deus deixou restrita a Ele foi um dos motivos pelos quais Eva caiu nos enganos de Satanás. Ela não estava fazendo por maldade, Eva era sincera, mas estava sinceramente errada. Ser sincero não torna erro em verdade  pois,

No Juízo, os homens não serão condenados porque conscienciosamente creram na mentira, mas porque não acreditaram na verdade, porque negligenciaram a oportunidade de aprender o que é a verdade. P.P 55

            Para Eva estavam disponíveis todas as instruções dadas pelo próprio Deus em seus encontros no Éden. Para nós está disponível a Bíblia, ningúem será desculpado por ter negligenciado a oportunidade de conhecer a vontade de Deus expressa em Sua palavra.
            Dessa forma, quase que inconscientemente, Eva foi levada a comer do fruto proibido e a abrir as portas do planeta para o pecado.


Adão, o pecado consciente.


            Após pecar, Eva tornou-se um agente de satanás levando o fruto para seu marido. Ela queria um companheiro para seu pecado.
            Adão logo percebeu a diferença em sua esposa,o pecado havia retirado dela a pureza e santidade anteriores. A tristeza logo tomou conta do coração de Adão ao perceber que sua companheira, a quem ele tanto amava, havia cometido um grave erro. Adão sabia que sua esposa estava errada, ele sabia que não deveria comer daquele fruto. Em seu coração se instaurou um doloroso conflito.
            Ele sabia o que era o correto a fazer, mas amava muito sua esposa. Adão estava diante de um dilema extremamente difícil. Ele deveria escolher entre a companhia de Deus e a companhia de sua esposa. Todas as tardes Deus descia ao Éden para conversar com o casal, a companhia de Deus era apreciada por Adão, por outro lado, ele não queria perder a sua amada esposa.
            Adão precisava escolher, e ele tomou a decisão errada; ele escolheu a companhia de Eva. Certamente o amor de Adão por Eva era muito grande,mas nenhum amor pode ser maior do que o amor que devemos ter por Deus. Adão falhou conscientemente,

Não compreendia que o mesmo Poder infinito que do pó da terra o havia criado, como um ser vivo e belo, e amorosamente lhe dera uma companheira, poderia preencher a falta desta. Resolveu partilhar sua sorte; se ela devia morrer, com ela morreria ele. P.P 57.

            Se este fosse o enredo de um filme romântico, talvez fosse um lindo final de um casal que se ama, mas quando falamos das coisas de Deus, a prioridade é sempre Dele. Pois quando buscamos primeiro a Deus, Ele cuida do nosso casamento e de todas as outras coisas de nossa vida. Adão conscientemente escolheu o pecado.


As consequências do Pecado
           

            A prova de que sempre nos damos mal quando deixamos Deus em segundo lugar, é que o amor que levou Adão a escolher ficar ao lado de Eva em seu pecado logo se transforma em acusações e censuras contra sua esposa. Em Gênesis 3:12 Adão culpa Eva e também a Deus ao falar para o criador:  “A mulher que me deste por companheira deu-me a árvore, e eu comi.”
            A mulher por sua vez mostra em suas atitudes as consequências do pecado. Eva joga a culpa para Deus. Assim está relatado em Gênesis 3:13: “Perguntou o Senhor Deus à mulher: Que é isto que fizeste? Respondeu a mulher: A serpente enganou-me, e eu comi.” É como se Eva dissesse assim para Deus: Por que Criaste a serpente? Por que lhe permitiste entrar no Éden? Momentos após o pecado o ser humano já estava desafiando a sabedoria divina.
            O juízo de Deus imediatamente seguiu ao ato pecaminoso do homem.

Então o Senhor Deus disse à serpente: Porquanto fizeste isso, maldita serás tu dentre todos os animais domésticos, e dentre todos os animais do campo; sobre o teu ventre andarás, e pó comerás todos os dias da tua vida. Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua descendência e a sua descendência; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar. (Gênesis 3: 14,15)

            Neste texto podemos identificar juizo sobre a serpente enquanto animal, pois esta perdera seus privilégios de animal alado e o brilho que sobre ela existia. Mas este texto também nos mostra o juízo sobre o diabo. Em uma profecia que aponta para a cruz, Deus falou da derrota que já estava preparada para o inimigo das almas.
            Outra coisa que sofreu sérios danos como consequência do pecado foi a harmonia  que existia no primeiro lar. “E  à mulher disse Deus: Multiplicarei grandemente a dor da tua conceição; em dor darás à luz filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará.”
            A desarmonia no lar nunca foi a vontade de Deus e nesta passagem ele não estava expressando sua vontade para o casamento, mas estava apenas falando qual seria a consequência do pecado para o matrimônio.

Na criação Deus a fizera(Eva) igual a Adão. Se houvessem eles permanecido obedientes a Deus - em harmonia com Sua grande lei de amor - sempre estariam em harmonia um com o outro; mas o pecado trouxera a discórdia, e agora poderia manter-se a sua união e conservar-se a harmonia unicamente pela submissão por parte de um ou de outro. Lar Adventista 115.

            Por procurar algo que não estava nos planos de Deus a mulher edênica destruiu o perfeito plano do criador para o casamento.

Eva tinha sido perfeitamente feliz ao lado do esposo, em seu lar edênico; mas, semelhante às inquietas Evas modernas, lisonjeou-se com a esperança de entrar para uma esfera mais elevada do que aquela que Deus lhe designara. Tentando erguer-se acima de sua posição original, caiu muito abaixo da mesma. Idêntico resultado será alcançado por todas as que estão indispostas a assumir com bom ânimo os deveres da vida, de acordo com o plano de Deus. Em seus esforços para atingirem posições para as quais Ele não as adaptou, muitas estão deixando vago o lugar em que poderiam ser uma bênção. Em seu desejo de uma esfera mais elevada, muitas têm sacrificado a verdadeira dignidade feminil, e a nobreza de caráter, e deixaram por fazer precisamente o trabalho que o Céu lhes designou.  P.P 59

            Certamente não há nenhum pecado em as mulheres quererem alcançar posições de destaque na sociedade, mas isso não pode ser feito em detrimento das funções para as quais Deus as criou, o cuidado e a educação dos filhos só são supridos pela figura da mãe. A televisão, a secretária ou mesmo a vovó não são as mais indicadas para esta função. Deus designou esta alta vocação para as mães e o trabalho, os estudos ou qualquer outra coisa não podem ocupar esta sagrada função.
            A natureza também sofreu consequências do pecado.

Ao testemunhar Adão os primeiros sinais da decadência da natureza com o cair das folhas e o murchar das flores, chorou mais sentidamente do que os homens hoje choram os seus mortos. (P.P. 55)

            Desde o Éden até hoje a natureza continua numa curva decrescente que se não fosse interrompida pela volta de Jesus, levaria para a completa destruição do meio ambiente.

A Gravidade do Pecado

            Se nós olharmos apenas para o simples ato de comer uma fruta, poderíamos correr o risco de achar que Deus foi severo demais contra um pecado tão simples. Mas o capítulo 3 de Gênesis nos dá a real dimensão do pecado.
            Comer a fruta não seria um pecado pequeno? Não importa se é um ato simples ou uma ação que escandaliza muitas pessoas. Pecado é pecado. “Quem pode saber, no momento da tentação, as terríveis conseqüências que advirão de um passo errado?” P.P 61
            Precisamos estar atentos em todos os momentos para não incorrer em erros que podem ter consequências desastrosas para a nossa vida. “Apenas uma vez”, “ninguém está vendo”, “é a última vez”, são expressões que podem esconder um pecado que trará tristeza por toda a vida.
            Não importa se você pecou inconscientemente ou com plena consciência. O pecado é igualmente grave para todos e as consequências certamente virão.


A Solução para o Pecado

            Quando o primeiro casal pecou, imediatamente perceberam sua nudez, pois tinham perdido o manto da justiça de Deus que os cobria. Ao perceberem que estavam nus, colheram folham de figueira e fizeram cintas para si (Gen. 3:7). Foi a solução humana para tentar cobrir a sua condição pecaminosa. Mas a solução para o pecado não está no homem. Nada do que possamos fazer ou deixar de fazer pode nos salvar da condenação do pecado.
            Deus, logo após falar da gravidade e da consequência do pecado, faz algo que simbolizaria uma ação Sua muitos anos depois. “E o Senhor Deus fez túnicas de peles para Adão e sua mulher, e os vestiu.”(Gen. 3:21) Um sacrifício foi feito para que  Adão e Eva tivessem seus corpos cobertos no Éden,

Um abrigo de folhas de figueiras nunca cobrirá nossa nudez. O pecado deve ser removido, e o manto da justiça de Cristo deve cobrir o transgressor da lei de Deus. o homem tem sua nudez oculta, não sob a cobertura das folhas de figueira, mas sob o manto da justiça de Cristo. Cristo fez um sacrifício para satisfazer os requisitos da justiça. Que preço o Céu teve de pagar pelo resgate do transgressor da lei de Jeová. (Olhando para o alto. MM 1983 . p. 373.)

            Nenhum dos atos humanos pode fazê-lo melhor ou digno de salvação. A tentativa dos homens de se salvarem através dos bons atos são equivalentes às folhas de figueiras no éden, mas um dia Jesus veio à terra e fez o supremo sacrifício pelo pecado do homem. Pagou o preço da transgressão e ofereceu as vestes de justiça com as quais, unicamente, o homem poderá alcançar a salvação. A parte do homem em todo este plano é aceitar a salvação pela graça de Cristo e permitir que o Espírito Santo desenvolva neles o seu fruto.

           
BIBLIOGRAFIA
WHITE. Ellen G. Patriarcas e Profetas. Casa Publicadora Btasileira
WHITE. Ellen G. Olhando para o alto. MM 1983. Casa Publicadora Brasileira
WHITE. Ellen G. O Lar Adventista. Casa Publicadora Brasileira

Nenhum comentário: