terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Vinícius Mendes de Oliveira
Mestrando em Ciências Sociais na UFRB
Professor de Língua Portuguesa no IAENE
Aluno do 7º período do SALT – IAENE

NO ESPÍRITO DE ELIAS

As características da vida e ministério de Elias representam a forma como Deus guiará Seu povo para o cumprimento da missão.



“Eis que enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível Dia do Senhor; ele converterá o coração dos pais aos filhos e o coração dos filhos aos pais, para que eu não venha e fira a terra com maldição.” Malaquias 4: 5-6

Introdução

O texto acima propõe um interessante parâmetro para o povo de Deus em nossos dias. Malaquias termina seu livro profetizando a respeito da vinda de Elias, antes do aparecimento do Messias. No que diz respeito ao primeiro aparecimento de Jesus, essa profecia se cumpriu em João Batista.

No entanto, a expressão “grande terrível Dia do Senhor” deve ser aplicada também ao segundo aparecimento de Jesus nas nuvens do Céu. Por isso, é importante perceber que a vida de Elias, com todas as nuances que o relato bíblico revela, apresenta-se como um importante paralelo para aqueles que têm de anunciar ao mundo as três mensagens angélicas. Na verdade, tal qual o Elias histórico, o Elias escatológico deveria levar as pessoas à conversão a fim de livrá-las dos juízos reservados para os ímpios.

O problema é que quando se examina a vida de Elias têm-se a impressão que ele é um tipo quase que não humano de profeta. Ser como ele parece algo impossível. Tiago aumenta essa nossa perplexidade diante de Elias:

“Elias era homem semelhante a nós, sujeito aos mesmos sentimentos, e orou, com instância, para que não chovesse sobre a terra, e, por três anos e seis meses, não choveu.” (Tiago: 5:17)
Assim, a Bíblia deixa claro que o padrão que Deus nos deu (Elias) era “sujeito aos mesmos sentimentos” que nós, ou seja, possuía uma natureza pecaminosa, sujeito a cometer atos pecaminosos, mas que, pela fé, foi um vitorioso na vida espiritual e se tornou um poderoso anunciador da justiça em seu tempo, cumprindo a missão que Deus lhe deu. Isso nos permite inferir que Elias representa o caráter do povo remanescente nos últimos dias, de forma que nós deveríamos analisar sua vida fim de extrair de suas vitórias e fracassos lições para o cumprimento da missão da igreja.

Um exame da vida de Elias permite perceber pelo menos três características que marcaram seu ministério: a inconformidade com a pecaminosidade de sua época, sua relevância profética e a depreesão laodiceana que experientou.

A Inconformidade de Elias

Os últimos versículos de I Reis 16 pintam um lamentável quadro do Israel governado por Acabe. O verso 31 diz que Acabe andou nos pecados de Jeroboão, ou seja, adorava a Jeová, utilizando imagens de esculturas para representá-lO, quebrando e levando o povo a quebrar o segundo mandamento, que proíbe o uso de imagens de escultura na adoração (Êxodo 20: 4 e 5). Além disso, os versos 31, 32 e 33 mencionam o casamento de Acabe com Jezabel, a qual introduziu o culto a Baal em Israel, com toda a licenciosidade que isso implicava. “Ao Elias ver Israel aprofundar-se mais e mais na idolatria, sua alma ficou angustiada e despertou-lhe a indignação.” (Profetas e Reis, p. 57)

Esse sentimento que houve no profeta deve ser manisfestado na vida individual e corporativa da igreja remanescente em nossos dias. O apóstolo Paulo é enfático em Romanos 12:2 onde diz “não vos conformeis com este século.” Essa inconformidade deve produzir uma manifesta diferença entre o povo de Deus e o mundo, deixando claro que o fiel reamanescente não sucumbe aos apelos da cultura contemporânea que pressiona as pessoas a assumirem uma forma de vida contrária ao ensino da Palavra de Deus.

A inconformidade de Elias com a apostasia de sua geração o levou a uma busca insistente por vindicação da verdade de Deus.

Tiago 5:17 menciona que Elias orou “com insistência”, para que Deus interrompesse as chuvas. É importante mencionar, neste momento, o fato de que Baal era considerado um deus provedor de chuvas, já que, na mente de seus adoradores, ele era responsável pelos fenômenos naturais. O profeta, insistentemente, orou para que a mentirosa impressão de que Baal estava “abençoando” Israel com a chuva, fosse desfeita. Só havia um meio de conseguir isso: O Senhor Deus “fechar” o céu. Era com esse propósito que Elias orava.

Na verdade a insistente oração do profeta estava baseada em uma exortação divina através de Moisés, quando orientava o povo a respeito de como deveriam se comportar como nação:

“Guardai-vos não suceda que o vosso coração se engane, e vos desvieis, e sirvais a outros deuses, e vos prosteis perante eles; que a ira do Senhor se acenda contra vós outros, e feche ele os céus, e não haja chuva, e a terra não dê a sua messe, e cedo sejais eliminados da boa terra que o Senhor vos dá.”(Deut. 11:16-17)
Nessa passagem, Moisés adverte o povo para o fato de que a idolatria resultaria em uma terrível estiagem. O fato é que nos dias do rei Acabe, embora toda a sua impiedade, havia prosperidade, devido, entre outros fatores, à regularidade das chuvas. Elias insistentemente orou, então, para que Deus interrompesse as chuvas, fazendo o povo lembrar-se da Palavra de Deus, voltando-se a Ele.

Essa passagem da vida de Elias reserva uma importante lição para o povo remanescente: fé na palavra de Deus e oração com base nas promessas apresentadas na revelação são essenciais para o sucesso no cumprimento da missão. Assim, movido por um senso de grande insatisfação com a apostasia predominante, Elias, um profundo conhecedor da vontade de Deus revelada no Pentateuco, pôs-se a orar para que o Senhor interviesse no curso da história, impedindo que a onda de impiedade prosseguisse.

Tal qual Elias fez, devemos fazer hoje. Devemos ter a Bíblia e o Espírito de Profecia como base para nossas ações, em qualquer aspecto de nossas vidas. Não podemos nos acomodar, muito menos nos adequar, aos ditames pecaminosos do mundo. As pessoas precisam perceber com clareza que nos opomos veementemente aos caminhos errados do secularismo e, por nós, serem advertidas contra isso, através do testemunho de nossa vida prática e pregação.

A Relevância Profética de Elias

Nesse momento é importante ter em mente que Elias sabia exatamente o que deveria pregar para o Israel de seus dias e não se desviou de seu foco. Na verdade, Elias era um tipo de pregador que não amenizava o que tinha de dizer. Não pretendia ser visto como politicamente correto, relativizando a verdade que tinha de anunciar em nome de uma política de boa vizinhança. Ele era enérgico e inflexível ao anunciar a verdade. Fazia a sua parte e deixava as consequências com Deus.

Elias diz ao rei acabe: “Tão certo como vive o Senhor, Deus de Israel, perante cuja face estou, nem orvalho nem chuva haverá nestes anos, segundo a minha palavra (I Reis 17:1).

Nas entrelinhas dessa mensagem de Elias estava o tema da adoração. Na verdade, o anúncio desse juízo a Israel era baseado, na advertência de Moisés em Deuteronômio, que orientava o povo a não abandonar a adoração ao Deus verdadeiro, seguindo deuses falsos.

É interessante observar o paralelo que há entre essa mensagem de Elias a Israel e o tom imprecatório e até ameaçador que aparece no conteúdo da terceira mensagem angélica, a qual temos o dever de anunciar ao mundo hoje.

“Se alguém adora a besta e sua imagem e recebe a sua marca na fronte ou sobre a mão, também este beberá do vinho da cólera de Deus, preparado sem mistura, do cálice da sua ira, e será atormentado com fogo e enxofre, diante dos santos anjos e na presença do Cordeiro.” (Apocalipse 14: 9-10)
Guardadas as devidas diferenças, as duas mensagens corajosamente apresentam a consequência terrível do pecado da adoração falsa.

Da mesma forma como o Israel do tempo de Elias estava em crise por não saber a quem adorar, coxeando “entre dois pensamentos” (I Reis 18:21) o mundo de hoje está divido entre Deus e os ídolos modernos.

O presente século é tão verdadeiramente um século de idolatria como aquele em que Elias viveu. Pode não haver nenhum altar externamente visível; pode não haver nenhuma imagem sobre que os olhos repousem, contudo, milhares estão seguindo após os deuses deste mundo – riquezas, fama, prazeres e as agradáveis fábulas que permitem ao homem seguir as inclinações do coração não regenerado. (Profetas e Reis, p.177)
Está explícita na Bíblia e no Espírito de Profecia qual é a verdade presente para os nossos dias. O adventismo precisa ser distintivamente específico no que diz respeito a sua identidade doutrinária e deve enfatizar as verdades que lhe são peculiares. Somos um povo que nasceu de um movimento profético que anunciou ao mundo a volta de Jesus. Não devemos abandonar as verdades que compartilhamos com os evangélicos, mas devemos enfatizar, em um “alto clamor”, as verdades que Deus confiou ao povo remanescente, especificamente a terceira mensagem angélica.

Embora houvesse muitas coisas boas e agradáveis que podiam ser pregadas nos dias de Elias, ele sabia de que o povo precisava exatamente ouvir em sua época: o juízo de Deus viria, cumprindo uma profecia de Moisés (Deut. 11:16-17). Essa não era uma mensagem agradável de ser pregada, mas para permanecer fiel a sua legítima vocação profética, Elias não podia desviar seu foco dela. É importante lembrar que no tempo de Elias já havia pregadores (falsos profetas) que falavam o que as pessoas gostavam de ouvir (I Reis 22:11-12).

Comentando a coragem profética de Elias, Ellen G. White aconselha o povo remanescente, falando especialmente aos pregadores:

Há necessidade hoje da voz de severa repreensão, pois graves pecados têm separado de Deus o povo. A infidelidade está depressa tornando-se moda. “Não queremos que Este reine sobre nós” (Lc 19:14), é a linguagem de milhares. Os sermões macios tão frequentemente pregados não deixam a impressão duradoura; a trombeta não dá o sonido certo. Os homens não são atingidos no coração pelas claras, cortantes verdades da Palavra de Deus. (Profetas e Reis, p. 140)
As pessoas devem ser levadas a entender claramente a terrível situação em que se encontram. Nossas verdades distintivas devem receber destaque em nossa pregação. A apresentação dos temas proféticos, em especial os que envolvem a identidade do movimento remanescente, devem ser proclamados em grande voz e sem rodeios.

Quando fizermos isso, no poder e na virtude de Elias, chamando o povo a uma tomada definitiva de posição como fez nosso profeta no monte Carmelo (I Reis 18:21), Deus derramará sobre nós a chuva serôdia, ratificando nossos esforços missionários, como fez com Elias ao fazer descer fogo do céu (I Reis 18:38), e o mundo será iluminado com a veradade (Ap. 18:1). Dessa forma, como ocorreu no Carmelo, os sinceros que hoje estão perdidos no vale da decisão, serão levados a exclamar “O Senhor é Deus!”, depois de verem o poder de Deus, através da coragem do profeta Elias ( I Reis 18: 39).

O episódio do Carmelo foi memorável. O Senhor respondeu com fogo e consumiu a oferta de Elias. Houve uma conversão em massa, mas algo estranho aconteceria no coração do profeta.

O “Laodeceanismo” de Elias

A ira de Jezabel se ascendeu contra Elias. O homem cujo nome significa “Jeová é Deus” temeu a mulher cujo nome fazia uma direta referência a Baal como Deus (I Reis 19: 2 e 3). Ele empreendeu uma fuga que o levou a um dos mais eminentes lugares da história de Israel: Horebe, o monte de Deus.

Por mais que aquele lugar fosse importante para a história de Israel, não era ali que Deus queria Elias. O profeta tinha uma missão e estava fugindo dela. Sem dúvida esse foi um momento de terrível incredulidade, que levou o profeta para dentro de uma caverna.

Na verdade a caverna em que Elias se escondeu representava todo o seu orgulho espiritual. No interiror dela, “Ele respondeu: Tenho sido zeloso pelo senhor, Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram a tua aliança, derribaram os teus altares e mataram os teus profetas à espada; e eu fiquei só, e procuram tirar-me a vida.” (I Reis 19: 10)

O medo de continuar pregando sua severa mensagem levou o profeta à fuga. É interessante observar que Elias fugiu para um lugar sagrado na história de Israel. Horebe era um outro nome para o o monte Sinai, local onde Deus havia dado a Lei ao Seu povo. Embora o Sinai fosse um monte sagrado, não era lá que o Senhor queria que Elias estivesse. Deus queria Elias anunciando a Lei que séculos atrás naquele mesmo monte fora dada ao povo de Israel, a qual eles estavam quebrando. Mas num surto de medo e orgulho espiritual, o profeta esconde-se na caverna, deixando de cumprir sua missão.

É importante a comparação com a atitude de Moisés nesse momento, porque quando Deus sugeriu que o povo que idololatrava no pé do monte fosse destruído a postura dele foi uma linda intercessão em favor daquele povo (Êxodo 32: 11-13). A Bíblia resgistra assim a atitude de Moisés diante da idolatria do povo no pé do monte Sinai: “E, voltando-se, desceu Moisés do monte com as duas tábuas do Testemunho nas mãos” (Êxodo 32:15). Moisés desceu do monte Sinai com a Lei para que o povo se voltasse para Deus. Elias subiu para o monte, deixando o povo sem ouvir sua voz profética.

Uma terrível tentação para o adventismo contemporâneo é querer desculpar a sua omissão missionária, fugindo para o “Horebe” de um triunfalismo sem lugar. Deitarmo-nos no “berço esplêndido” de uma igreja doentiamente voltada apenas para si mesma e esquecermos que as pessoas lá fora precisam de nós é a mais séria tentação com a qual temos que lidar como povo.

O inimigo tem trabalhado duro para que não preguemos nossas mensagens distintivas ao mundo e fiquemos voltados para nós mesmos, com programações que servem apenas para nos “engordar” espiritualmente em “banquetes” laodiceanos nos quais Jesus é deixado à porta batendo, convidando-nos a levar nossa mensagem às pessoas que estão morrendo de fome espiritual no mundo (Ap. 3:20). Enquanto o mundo perece sem esperança, nós nos “fartamos” da mensagem que é a única esperança para essa geração. O pecado laodiceano é claramente apresentado por Deus nas seguintes palavras:


“Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente! Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca; pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre cego e nu.” (Apocalipse 3:15-17)
A acusação de Deus a Laodicéia dá conta de seu orgulho espiritual, o qual produz uma mornidão letárgica e falta de zelo missionário, que enoja ao Senhor. Diz a senhora White:

“A única esperança para os laodiceanos é uma clara visão de sua condição diante de Deus, o conhecimento da natureza de sua enfermidade. Nem são frios nem quentes; ocupam uma posição neutra e, ao mesmo tempo, lisonjeiam-se de não necessitar de coisa alguma. A Testemunha Verdadeira aborrece essa mornidão. Causa-Lhe desgosto a indiferença dessa classe de pessoas. (...). Não se empenham inteiramente e de coração na obra de Deus, identificando-se com seus interesses; mas se mantêm afastados, e estão prontos a deixar seus postos quando os interesses mundanos, pessoais o exijam.” (Testemunhos Seletos, Vol. 1, p. 476 e 477)
Está evidente nas linhas acima qual é o motivo da insatisfação de Deus com Seu povo em nossos dias: falta de empenho missionário, indiferença com a necessidade espiritual das pessoas e lisonja a respeito de sua condição. Esse é o espírito laodiceano em essência. É por isso que a serva do Senhor diz que “A única esperança para os laodiceanos é uma clara visão de sua condição diante de Deus, o conhecimento da natureza de sua enfermidade.” O conselho em Apocalipse é claro, portanto: “... que de mim compres (...) colírio para ungires os olhos , a fim de vejas” (Apocalipse 3: 18).

Na escuridão da caverna, Elias também precisava enxergar a condição em que estava. Escondido, sozinho e considerando-se orgulhosamente o único fiel em Israel, Elias não conseguia ver que, embora Israel realmente estivesse apostado, sua omissão o colocava também em uma pecaminosa situação.

No entanto, I Reis 19:9 apresenta um lindo detalhe que às vezes nos passa despercebido. Deus diz a Elias, quando o profeta estava no interior da caverna: “Que fazes aqui, Elias? Deus se dirigiu à entrada da caverna e convidou o profeta a sair de lá. Observe o advérbio de lugar que Deus usou: “aqui”. Esse termo indica que o Senhor entrou na da caverna onde Elias estava com o objetivo de tirá-lo dali. Se não estivesse lá, Ele poderia ter dito: “Que fazes aí, Elias?”, mas não. Deus resolveu ir à caverna onde Seu servo estava para tirá-lo de lá, curando-o de sua depressão laodiceana. Graça maravilhosa!

Essa atitude de Deus diante de Elias na caverna é muito semelhante à postura de Jesus diante dos laodiceanos: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele e ele comigo.” (Apocalipse 3:20) O fato de Jesus está à porta, batendo, indica que os laodiceanos, orgulhosos de sua condição espiritual, estão deixando fora de suas vidas a Jesus, O qual representa os necessitados materiais e espirituais que vivem à margem do evangelho (Mateus: 25:40).

O método que o Senhor utilizou para curar a depressão “laodiceana”de Elias, foi:

“Vai, volta ao teu caminho para o deserto de Damasco e, em chegando lá unge, a Hazael rei sobre a Síria. A Jeú, filho de Ninsi, ungirás rei sobre Israel e também Eliseu, filho de Safate, de Abel-Meolá ungirás profeta em seu lugar. Quem escapar à espada de Hazael, Jeú o matará; quem escapar à espada de Jeú, Eliseu o matará.. ” (I Reis 19: 15-17)
É dessa forma que Deus também pretende curar nosso espírito laodiceano. Ele está à porta de nossa caverna, batendo e nos convidando à ceia espiritual que alimentará o mundo com a última mensagem de advertência a qual o Senhor deseja que anunciemos. Ele insta-nos com o verbo “vai”, o mesmo que aparece na célebre comissão evangélica “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. Eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século.” (Mateus 28:19 e 20). O verbo ir, foi usado por Deus para Elias no modo imperativo na segunda pessoa do singular (vai), indicando uma ordem pessoal para ele, enquanto que na grande comissão evangélica de Mateus 28:19 e 20 o verbo também está no imperativo, mas na segunda pessoa do plural, indicando que esta ordem é para todos aqueles que são discípulos de Jesus. Só indo e cumprindo nossa missão, somos imunizados contra a mornidão espiritual profetizada a respeito da igreja de Laodicéia. Como o “Elias” para o tempo final podemos ouvir da boca de Deus um sonoro “VAI” individual ou mesmo um “IDE” corporativo.
Conclusão

O fato é que Elias foi e cumpriu aquilo que Deus esperava dele. Ungiu Hazael rei sobre a Síria, Jeú, rei sobre Israel e Eliseu como profeta em Israel. Todas essas atitudes eram politica e espiritualmente necessárias naquele momento para que a reforma iniciada por Elias tivesse continuidade.

O Senhor ainda esclarece ao profeta algo que ele não sabia, com o propósito de confortá-lo e animá-lo: “Também conservei em Israel sete mil, todos os joelhos que não se dobraram a Baal, e toda a boca que não o beijou. ” (I Reis 19:18). Essa explicação de Deus a Elias pode ser relacionada a expressão “povo meu” que aparece em Apocalipse 18:4 “Retirai-vos dela, povo meu”. No mundo há milhares de pessoas sinceras que nunca ouviram as advertências derradeiras de Deus a este mundo e que, quando ouvirem, se unirão ao povo de Deus, antes que a porta da graça se feche. São os sete mil que não dobraram conscientemente seus joelhos a Baal e vivem fiéis de acordo com a luz que possuem. Elas só precisam ouvir. Deus deseja profundamente nos usar para isso.

Elias reabilitou-se de sua condição espiritual e continuou servindo ao Senhor. Após o Seu servo cumprir sua missão, Deus o tomou para Si, fazendo-o “um tipo dos santos que estarão vivendo na Terra por ocasião do segundo advento de Cristo, e que serão ‘transformados num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta (1 Co 15: 51, 52) sem provar a morte.” (Profetas e Reis, p. 114).

Elias, dessa forma, passou a fazer parte do seleto grupo de seres humanos que vivem no Céu, como representantes de todos aqueles que um dia estarão lá. Elias portanto tipifica aqueles salvos que estarão vivos e vivenciarão os eventos finais, apresentando, resolutamente a última mensagem de advertência a esta Terra.

Essa recompensa- seja para aqueles que permanecerem vivos, seja para aqueles que serão tirados antes - incluirá todos aqueles que viverem “no espírito e poder de Elias” (Lc 1:17)

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Mensagem à Laodicéia


Uma Advertência ao povo remanescente
Felippe Amorim



Ao anjo da igreja em Laodicéia escreve: Isto diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus: Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; Quem dera fosses frio ou quente! Assim, porque és morno, e não és quente nem frio, Estou a ponto de vomitar-te da minha boca. (Ap. 3: 14 – 16)






Nos primeiros capítulos do livro do apocalipse, Deus, através do profeta João, deixou registradas mensagens às sete igrejas que se localizavam na Ásia. Estas mensagens têm aplicações literais para aquelas igrejas, mas também são mensagens de cunho profético. Deste ponto de vista, cada uma das igrejas de apocalipse dois e três correspondem a um período da história do cristianismo. As mensagens dadas a cada um destes períodos eram adequadas às necessidades que apareciam na igreja verdadeira correspondente àquele trecho da história.

A sequência das igrejas e seu respectivo período são os seguintes: Éfeso (31 – 100 d.C.) momento da igreja no qual predominava a pureza apostólica. A segunda é a de Esmirna (100 – 313 d.C.). Neste intervalo a igreja foi marcada pelos mártires, homens que deram a vida pelo evangelho. Pérgamo (313 – 538 d.C.) é a terceira. Este período corresponde à popularidade do cristianismo. Na sequência vem Tiatira (538 – 1517 d.C). A adversidade foi a marca da igreja neste trecho de sua história. A quinta igreja é a de Sardes (1517 – 1798 d.C.), período da reforma, no qual muitas verdades bíblicas foram restauradas. A penúltima é a de Filadélfia (1798 – 1844 d. C.). Os avivamentos marcaram este período profético. Finalmente chega a mensagem à igreja de Laodicéia (1844 – volta de Jesus). De acodo com as profecias, neste momento da história do cristianismo ocorreria o Julgamento sobre a terra.

A mensagem dada à igreja de Laodicéia é especialmente interessante para nós, pois corresponde aos dias nos quais vivemos e, portanto, diz respeito a cada cristão que habita neste planeta.

Lendo os três primeiros capítulos de apocalipse, podemos observar que há um elogio para cada uma das igrejas, exceto para Laodicéia. Para esta, apenas advertências e um convite. Estudemos com cuidado esta importante mensagem.



O mensageiro



Inicialmente precisamos identificar quem está enviando a mensagem. A importância de um recado está ligada intimamente com a identidade de quem o enviou.

A Bíblia identifica o remetente como “O Amém”, a “Testemunha Fiel e Verdadeira” e “O Princípio de Criação de Deus”. As Escrituras Sagradas nos ajudam a identificar o mensageiro. Todos os títulos apontam para o nosso Senhor Jesus Cristo. Ele é o “amém” porque em Jesus se cumprem todas as promessas de Deus (II Cor. 1:20). Apocalipse 1:5 identifica a Jesus como a “Testemunha Fiel e Verdadeira”. Jesus também é aquele através do qual tudo se fez, Ele e “O Princípio de Criação de Deus”. Princípio, não no sentido de ter sido o primeiro a ser criado, Jesus é coeterno com Deus Pai e Espírito Santo (Mq. 5:2). Ele é o princípio no sentido da ser o “motor” da criação, ou seja, Jesus é o próprio criador.(Gen. 1:1).

Constatamos, portanto, a relevância da mensagem, pelo seu mensageiro. Todos os cristãos deveriam estar muito atentos às mensagens que Jesus nos enviou através de seus profetas canônicos e não canônicos. Estas mensagens são essenciais para nossa felicidade presente e eterna.



A Mensagem



A primeira parte da mensagem diz respeito à onisciência de Jesus. Ele diz: “Conheço as tuas obras”. Nada do que nós fazemos está escondido de Jesus. Este deveria ser um pensamento contante em nossa caminhada cristã. Pois “se acalentássemos uma impressão habitual de que Deus vê e ouve tudo que fazemos e dizemos, e conserva um registro fiel de nossas palavras e ações, e de que devemos deparar tudo isto, teríamos receio de pecar. (Patriarcas e Profetas, pág. 217).

É importante ressaltar que a constante presença de Jesus não se faz como um vigia disposto a castigar-nos por qualquer ato errado cometido. Jesus está constantemente ao nosso lado como um Deus de amor disposto a nos ajudar na caminhada da santificação. Porém a consciência da presença constante de Deus nos ajudaria a evitar muitos pecados que cometemos em nosso cotidiano.

Por causa da abrangente visão de Jesus ele tem autoridade para fazer uma afirmação sobre Laodicéia: “És morno”.

Esta figura da água morna é uma rica ilustração da situação dos cristãos nos momentos que antecederiam o Juízo Final. Há pelo menos duas formas de uma água quente se tornar uma água morna. Uma delas é misturando água quente com água fria. Infelizmente, muitos cristãos tem vivido esta realidade. Vivem uma vida misturada. Estão na igreja, mas não largam o mundo. São membros de igreja que no sábado de manhã estão no culto, mas a noite frequentam lugares que desonram a Deus. Cristãos que estão com a Bíblia na mão quando vão à igreja, mas nem tocam nela quando estão em casa. Pessoas que cantam os hinos de Deus na igreja, mas têm seus aparelhos de som recheados de músicas que não são cristãs. A mistura entre as coisas de Deus e às do mundo produz um cristão morno.

Outra forma de transformar uma água quente em água morna e deixá-la parada,sem fonte de calor, sem uso. Os cristão geralmente começam sua vida religiosa “quentes” espiritualmente. Mas se ficarem parados, sem atividades espirituais, inevitavelmente se tornarão cristãos mornos. Apenas frequentar a igreja, assistir aos cultos, mas não estar ativo no serviço de Deus, tranformará o crente em algúem morno. Somente uma vida de atividades espirituais pode manter a fervura espiritual.

Para estes cristãos mornos, Jesus fez um chamado à decisão: “Quem dera fosses frio ou quente”(Ap. 3:16). Não há espaço no céu para pessoas indecisas. Para Deus é melhor que alguém tome a decisão de se desligar totalmente dele do que estar na condição de mornidão espiritual. “Ou somos coobreiros de Cristo, ou coobreiros do inimigo. Ou ajuntamos com Cristo, ou espalhamos. Ou somos cristãos decididos, de todo o coração, ou nada somos (Testemunhos Seletos. V1. p,26). A situação de indecisão já nos faz pertencer completamente ao inimigo de Deus. Os indecisos de maneira especial necessitam de Deus, mas eles sofrem de arrogância espiritual, dizem: “Rico sou, e abastado, e de nada tenho falta”. Não possuem a real dimensão de sua miserável situação. Essas pessoas têm um sério problema. O Espírito Santo só pode trabalhar naqueles que sentem necessidade dele. Se faz necessário arrependimento urgente.

A situação é tão preocupante que Jesus diz que está a ponto de vomitá-los de sua boca. Quão maravilhosa é a graça de Deus. Ele avisa antes de “vomitar”. Ainda há solução para o problema.



A Solução



Após expor o grave problema de Laodicéia, o nosso problema, Jesus nos dá um conselho: aconselho-te que de mim compres ouro refinado no fogo, para que te enriqueças; e vestes brancas, para que te vistas, e não seja manifesta a vergonha da tua nudez; e colírio, a fim de ungires os teus olhos, para que vejas(Ap. 3:18). Mas, como alguém que é miserável, pobre, cego e nu pode comprar alguma coisa? Nós compramos, mas o pagamento já foi feito por Jesus na cruz do calvário.

O primeiro elemento que devemos comprar é o “Ouro Refinado”. As riquezas espirituais são essenciais para a cura da doença de Laodicéia. Esse ouro é a "fé que opera pelo amor" (Gál. 5:6). Precisamos pedir a Deus que aumente nossa fé, para que possamos ter nossa condição de mornidão restaurada à quentura de uma vida de operosa fé em Jesus. Esta fé nos dará condições de adiquirir o segundo elemento receitado por Jesus: “vestimentas brancas”, ou seja, a justiça de Cristo (Mt 22:11-14). É a justiça do único Justo que pode nos justificar. Quando o Senhor nos dá as suas vestimentas brancas, lavadas no sangue do Cordeiro de Deus, estamos aptos a ingressar na vida eterna. Recebemos de volta a chama espiritual que nos esquenta. Finalmente, Jesus nos receita o colírio para ver. O colírio representa a obra do Espírito Santo, que nos ajuda a discernir o certo e o errado e nos mostra o caminho a seguir (João 16:8-11).

Depois de adiquirir na conta de Cristo estes três elementos, há uma ordem: “sê pois zeloso, e arrepende-te”. O Arrependimento é um ato constante na vida do crente, pois o pecado somente será completamente retirado de nós no dia da glorificação. O Imperativo de Jesus diz respeito ao zelo no trabalho, zelo na missão. Trabalhar para Deus “esquenta” o cristão.

“A igreja que trabalha, é igreja que progride. Os membros encontram estímulo e tônico em ajudar a outros. Li a história de um homem que, viajando num dia de inverno através de grandes montes de neve, ficou entorpecido pelo frio, o qual ia quase imperceptivelmente congelando-lhe as forças vitais. Estava enregelado, quase a morrer, e prestes a abandonar a luta pela vida, quando ouviu os gemidos de um companheiro de viagem, também a perecer de frio. Despertou-se-lhe a compaixão, e decidiu salvá-lo. Friccionando os membros enregelados do infeliz homem, conseguiu, depois de consideráveis esforços, pô-lo de pé. Como o coitado não se pudesse suster, conduziu-o compassivamente nos braços através dos mesmos montões que supusera nunca poder transpor sozinho.

Havendo conduzido o companheiro de viagem a lugar seguro, penetrou-lhe de súbito no espírito a verdade de que, salvando seu semelhante, salvara-se a si mesmo. Seus fervorosos esforços para ajudar a outro, estimularam-lhe o sangue prestes a congelar nas veias, comunicando saudável calor aos membros (Obreiros Evangélicos. p, 198-199)”.O cristão que quer permanecer quente, precisa trabalhar para Deus. Esta é a única forma de nos mantermos vivos espiritualmente.



O Convite



Esta maravilhosa obra de restauração do ser humano é operada por Jesus. Nós não temos condições de fazer isso por nós mesmos, é por isso que Jesus termina a mensagem à Laodicéia com um maravilhoso convite: Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo (Ap. 3:20).

Jesus está permanentemente à porta do nosso coração batendo, pedindo para entrar. A porta do coração só abre por dentro. É o ser humano que deve abrir a porta para Jesus. É uma decisão individual. Mas uma vez aberta, Jesus entrará e fará toda a obra de restauração que culminará no lar celestial onde teremos eternamente a chama do amor de Jesus nos aquecendo.