segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Jesus e a Páscoa


Felippe Amorim





Vivemos em uma época na qual tudo se torna mercadoria. Hoje as pessoas vendem de tudo, conhecimento, autoimagem, marcas, ideias etc.

A intenção deste mundo capitalista é transformar tudo em um produto que possa ser comercializado. Isso aconteceu inclusive com as festas de cunho religioso. Uma delas que, para a maioria das pessoas, praticamente perdeu seu sentido original é a páscoa.

Quando esta festa vai se aproximando, ouvimos mais a respeito de ovos de chocolate, coelhinhos e presentes do que do verdadeiro sentido da páscoa, o sacrifício de Jesus.

A páscoa é uma festa que precede à era cristã. Ela era a principal festa judaica dos tempos do Antigo testamento. Era celebrado no 14º dia de nisã, primeiro mês do ano religioso hebraico (meio de março e início de abril do nosso calendário).

Nesta data todos os judeus deveriam ir à Jerusalém para as celebrações. Milhares de pessoas ocupavam as ruas de Jerusalém. Jesus também frequentava esta festividade porque era um judeu e também porque a páscoa era uma sombra do que Ele próprio representaria para o mundo.

A Bíblia registra claramente três momentos nos quais Jesus esteve presente nas celebrações da páscoa. Cada uma dessas ocasiões tem uma mensagem importante para cada cristão do século XXI.

O surgimento da páscoa



A celebração da páscoa foi instituída no final do período de cativeiro dos judeus no Egito. Durante quatrocentos anos os judeus estiveram no Egito. Destes, os últimos trezentos foram de opressão, pois, “levantou-se um novo rei sobre o Egito, que não conhecia a José” (Êxodo 1:8). Deus estava no processo de libertação do povo, mas a Bíblia diz que o coração do faraó estava endurecido (Exodo 7:14). Foram enviadas, então, dez pragas como forma de avisos do poder e desejo de Deus, mas cada vez mais o coração de Faraó se endurecia.

O Senhor então planejou enviar a décima praga. Mas, antes de enviá-la, tomou providências para proteger Seu povo.

A última praga seria a morte de todos os primogênitos. Moisés foi avisado e transmitiu o recado: “Disse mais Moisés: Assim o SENHOR tem dito: Å meia noite eu sairei pelo meio do Egito; E todo o primogênito na terra do Egito morrerá, desde o primogênito de Faraó, que haveria de assentar-se sobre o seu trono, até ao primogênito da serva que está detrás da mó, e todo o primogênito dos animais” (Êxodo 11:4-5).

A praga era destinada apenas para aqueles que não se submetessem às condições de salvação de Deus. Em Sua misericórdia, o Senhor providenciou o livramento para os seus fiéis.

Por ser soberano, Deus estabeleceu o início do calendário do Seu povo: “Este mesmo mês vos será o princípio dos meses; este vos será o primeiro dos meses do ano” (Ex.12:2). Além disso, também explicou como os Israelitas deveriam proceder para não serem atingidos pela décima praga.

“Falai a toda a congregação de Israel, dizendo: Aos dez deste mês tome cada um para si um cordeiro, segundo as casas dos pais, um cordeiro para cada família. Mas se a família for pequena para um cordeiro, então tome um só com seu vizinho perto de sua casa, conforme o número das almas; cada um conforme ao seu comer, fareis a conta conforme ao cordeiro. O cordeiro, ou cabrito, será sem mácula, um macho de um ano, o qual tomareis das ovelhas ou das cabras” (Êxodo 12:3-5).

Para que a simbologia fosse perfeita, todas as recomendações deveriam ser obedecidas à risca. Porém apenas a morte do cordeiro não era suficiente. Havia mais uma instrução: “e tomarão do sangue, e pô-lo-ão em ambas as ombreiras, e na verga da porta, nas casas em que o comerem” (Êxodo 12:7). Somente a casa que estivesse com o sangue do cordeiro na porta estaria salva da praga.

Dessa forma se estabeleceu a páscoa: “Assim, pois, o comereis: Os vossos lombos cingidos, os vossos sapatos nos pés, e o vosso cajado na mão; e o comereis apressadamente; esta é a páscoa do SENHOR” (Êxodo 12:11). Ela seria um símbolo de libertação por isso deveriam comê-la como se estivessem prontos para viajar.

Nunca mais o povo deveria esquecer que naquela noite Deus os livrou do cativeiro e da morte por causa do sangue do cordeiro.

A primeira páscoa de Cristo.



A primeira vez que a Bíblia registra Jesus Cristo participando das celebrações da páscoa em Jerusalém, nosso Senhor tinha doze anos ”Ora, seus pais iam todos os anos a Jerusalém, à festa da páscoa. Quando Jesus completou doze anos, subiram eles segundo o costume da festa; e, terminados aqueles dias, ao regressarem, ficou o menino Jesus em Jerusalém sem o saberem seus pais” (Lucas 2: 41-43).

Provavelmente aquela foi a primeira páscoa de Jesus em Jerusalém. Era costume dos judeus levar as crianças do sexo masculino para Jerusalém pela primeira vez aos doze anos, um ano antes do menino se tornar ritualmente adulto.

O relato diz que quando as festividades terminaram, Jose e Maria retornaram para Nazaré, mas Jesus ficou para trás.

Provavelmente aconteceu um grande mal entendido que acabou gerando toda a situação descrita. Muita gente ia para Jerusalém na semana da páscoa, as estradas e hospedarias ficavam superlotadas. Certamente havia saído uma caravana de Nazaré em direção a Jerusalém e Jesus ia nela com sua família. Possivelmente, cem ou mais pessoas estavam juntas naquela caravana.

Segundo o costume da época, homens e mulheres viajavam em grupos separados. No final da festa, quando a caravana começou a trilhar o caminho de volta, Maria e José pensaram que Jesus estava ou com um ou com o outro. Por isso passaram um dia inteiro sem dar falta do menino.

Quando sentiram falta de Jesus, começaram a procurar em todos os lugares, “procuravam-no entre os parentes e conhecidos” (Lucas 2:44). Estavam procurando Jesus nos lugares errados.

Muitas pessoas procuram a Jesus com real desejo de encontra-lo. Mas não O encontram porque O procuram em lugares errados. Foi assim com José e Maria. ”Grande honra lhes conferira Deus em confiar-lhes Seu Filho. Santos anjos tinham dirigido a José, a fim de proteger a vida de Jesus. Mas, por um dia inteiro haviam perdido de vista Aquele a quem não deviam ter esquecido nem por um momento” (Desejado de todas as Nações, 81).

O texto bíblico no indica que eles voltaram para Jerusalém e procuraram em todos os lugares e, aparentemente, foram por último ao Templo. Três dias depois encontraram Jesus no Templo conversando sobre a palavra de Deus.

Quem quer encontrar Jesus o procura no lugar certo, na igreja. Mas não em qualquer uma, tem que ser naquela que, como Jesus, estuda e obedece a palavra de Deus. Se José e Maria tivessem usado estes critérios teriam encontrado rapidamente a Jesus.

Por causa de um descuido, os pais de Cristo tiveram que sofrer muito para reencontra-lo. O mesmo pode acontecer conosco, “por conversas ociosas, por maledicência ou negligência da oração, podemos perder num dia a presença do Salvador, e talvez leve muitos dias de dolorosa busca o tornar a achá-Lo, e reconquistar a paz que perdemos” (Desejado de Todas as Nações, 83).

Naquela páscoa as cerimônias foram tão envolventes que José e Maria se esqueceram de ficar perto daquele que era a razão de existir de toda aquela celebração. Não podemos deixar as formalidades tomarem o lugar de Cristo em nossos cultos e em nossa vida.


A páscoa da purificação do Templo



A segunda páscoa registrada de Cristo foi turbulenta. O apóstolo João descreveu assim: “estava próxima a páscoa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém. E achou no templo os que vendiam bois, e ovelhas, e pombos, e os cambistas assentados. E tendo feito um azorrague de cordéis, lançou todos fora do templo, também os bois e ovelhas; e espalhou o dinheiro dos cambiadores, e derribou as mesas; E disse aos que vendiam pombos: Tirai daqui estes, e não façais da casa de meu Pai casa de venda (João 2:13-16).

Jesus ao entrar no Templo, mais especificamente no pátio externo, onde todos poderiam estar, achou vendedores de animais e cambistas. A presença destes personagens é compreensível quando alguns aspectos são analisados. Os animais que deveriam ser oferecidos no sacrifício pascal deveriam ser sem defeitos. “Nenhuma coisa em que haja defeito oferecereis, porque não seria aceita em vosso favor” (Levítico 22:20).

Muitas pessoas viajavam dias até chegarem a Jerusalém e seria muito arriscado levar um animal de casa que poderia não ser aceito como sacrifício, por isso, muitos preferiam comprar um animal “pré-aprovado” ao chegar ao templo. O problema não estava exatamente na venda, mas na exploração que a liderança do templo fazia ao cobrar o preço dos animais. Os líderes do templo vendiam-nos superfaturados.

A presença dos cambistas também era uma necessidade circunstancial. Somente a moeda local era aceita com oferta no templo, mas muito judeus que moravam em outras localidades não as possuíam, por isso precisavam fazer o câmbio. Deveriam trocar as moedas estrangeiras por moedas nacionais de meio ciclo, as únicas aceitas como oferta. Mais uma vez o coração do problema era a cobrança de altas taxas de câmbio. As atividades (venda e câmbio) eram legítimas, porém os homens abusavam delas e por isso profanavam o templo. Não é demais lembrar que elas aconteciam fora da parte sagrada do templo, no pátio exterior.

Ao contemplar aquela cena corrupta a Bíblia diz que Jesus confeccionou um chicote, provavelmente feito com cordas pequenas usadas para prender os animais, e começou seu trabalho de purificação.

Jesus não atacou às pessoas, mas os pecados delas. O texto bíblico não indica que o chicote foi feito para ser usado nos humanos. O chicote foi usado para assustar os animais, como era costume na época, e os donos saíram atrás deles. As mesas dos cambistas foram viradas para desmontar o esquema de exploração, mas o Senhor não atacou as pessoas. Todas as ações de Cristo foram diretamente contra o pecado e não contra os pecadores.

Nesta festa da páscoa Jesus nos mostrou que devemos respeitar a Deus, ao Seu culto e às coisas que Ele considera santas. Não podemos dessacralizar algo que Deus sacralizou. Aprendemos também que Ele está disposto a qualquer coisa para nos ajudar a abandonar o pecado. Se for necessário virar a mesa de nossa vida, Ele o fará.

A páscoa da paixão



A mais importante páscoa de Cristo foi a da paixão. “Bem sabeis que daqui a dois dias é a páscoa; e o Filho do homem será entregue para ser crucificado” (Mateus 26:2). Por vários anos os Judeus celebraram a páscoa, mas aquela seria única. O próprio Jesus ministrou a ceia aos seus discípulos de uma forma especial. “E, tomando o cálice, e dando graças, deu-lho, dizendo: Bebei dele todos; Porque isto é o meu sangue; o sangue do novo testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados. E digo-vos que, desde agora, não beberei deste fruto da vide, até aquele dia em que o beba novo convosco no reino de meu Pai. E, tendo cantado o hino, saíram para o Monte das Oliveiras” (Mateus 26:27-30). Naquele dia Jesus Instituiu a Santa Ceia como lembrança do seu plano de salvação.

O maior sacrifício pascal estava para acontecer. Finalmente o tipo encontraria o antítipo. O cordeiro de Deus que tiraria o pecado do mundo (Jo. 1:29) seria sacrificado por toda a humanidade.

A sexta-feira chegou, aquela era uma páscoa especial. Às três da tarde aconteceu algo impressionante: “E Jesus, clamando outra vez com grande voz, rendeu o espírito. E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras; (Mateus 27:50-51)

Depois da morte de Cristo não mais seria necessário sacrificar inocentes cordeirinhos. O véu do santuário se rasgou indicando que os sacrifícios cessaram. As leis cerimoniais foram cravadas na cruz (Colossenses 2:14). Estava pago o preço pelo nosso resgate. O acesso a Deus estava livre através do sangue de Cristo.

Este sacrifício pascal do cordeiro maior é o motivo pelo qual somos livres e poderemos acessar a eternidade. Hoje ao comemorarmos a páscoa lembramos que um dia fomos cativos do pecado, mas hoje somos livres por causa de Cristo.

Jesus nos deixou uma promessa a respeito da ceia pascal: “E digo-vos que, desde agora, não beberei deste fruto da vide, até aquele dia em que o beba novo convosco no reino de meu Pai” (Mateus 26:29). O Senhor prometeu mais uma ceia para relembrar a páscoa. Essa ceia será servida pelos anjos e nós estaremos sentados à mesa com Cristo. Será o grande banquete dos salvos (Mateus 8:11). Nele comemoraremos o sacrifício de Cristo, única razão de estarmos lá. Naquele dia Jesus não será mais o cordeiro pascal, mas o Rei Glorioso e nós reinaremos com Ele para sempre.

Renove o significado da páscoa todos os dias em seu coração e prepare-se para participar da grande ceia que será servida para os salvos no céu.

sábado, 26 de novembro de 2011

NÃO QUERO ESSE CRISTO

Pr. Vinícius Mendes


 
“Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível os escolhidos.” Mt. 24:24

O cristianismo é uma religião composta por seguidores de Cristo. Dessa forma, ser cristão implica imitar a Cristo. Mas existe o Cristo verdadeiro e os cristos falsos. Se existem falsos cristos, presume-se, então, que existem falsos cristãos.

Para sermos cristãos verdadeiros, precisamos conhecer o verdadeiro Cristo, segui-Lo a fim de não sermos confundidos com as falsificações que existem por aí. A pergunta que surge, portanto, é: como é o Jesus da Bíblia? Como a Palavra de Deus O descreve? Para isso, vamos recorrer ao que Ele disse a respeito de Si mesmo em Nazaré, onde, por conta de Sua autodescrição, foi terrivelmente rejeitado.

O ministério de Jesus tinha se iniciado a pouco tempo. Ele havia passado em Cafarnaum e feito muitos milagres, criando muita expectativa e euforia. “Então, Jesus, no poder do Espírito, regressou para a Galiléia, e Sua fama corria por toda a circunvizinhança. E ensinava nas sinagogas, sendo glorificado por todos.” (Lc. 4:14)

Quando chegou a Nazaré, portanto, a expectativa era muito grande e o povo esperava que Ele fizesse na terra em que fora criado, os milagres que eles ouviram falar. Através de uma apresentação miraculosa, os nazarenos esperavam que Jesus provasse ser o messias esperado. No entanto, Jesus descreve-Se como messias, usando apenas as Escrituras, sem usar curas e milagres.

Um Cristo bíblico


Na sinagoga de Nazaré, Jesus foi convidado para pregar. “Então lhe deram o livro do profeta Isaías e, abrindo o livro, achou o lugar onde estava escrito: O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para por em liberdade os oprimidos,e apregoar o ano aceitável do Senhor” (Lc. 4:18-19).

Jesus não Se utilizou de nenhum milagre para evidenciar Sua missão. Ele apenas recorreu a uma profecia messiânica que descrevia Sua obra. Assim é o verdadeiro Cristo: bíblico. Sua identidade é oriunda das Escrituras. O verdadeiro Cristo só pode ser conhecido por meio da Bíblia. Assim, cristianismo que não se baseia integralmente na Palavra de Deus não é um cristianismo verdadeiro. Se o cristo for falso, naturalmente, os cristãos também o serão. Gosto da frase que ouvi certa vez de um pastor: “Não acredito em cristão que não lê a Bíblia.” O mundo está cheio de cristãos falsos, que seguem uma deformada caricatura de Cristo. Existem cristos para todos os gostos. O que tem predominado em nossos dias é o cristo adequado ao capitalismo, ou seja, um cristo para consumistas. Falsos cristãos recorrem a esse falso cristo para terem suas necessidades materiais saciadas. Não estão em busca da salvação e da transformação que o evangelho produz. Desejam prosperar materialmente, desejam curas para suas moléstias e usar esse tal cristo para tudo aquilo que necessitam. Depois que usam, guardam seu objeto “tecnológico” mágico para necessidades futuras. E se percebem que não precisam mais dele, descartam-no, como fazem com seus aparelhos tecnológicos ultrapassados.

O Cristo verdadeiro é o Cristo da Bíblia. Sem a Palavra de Deus, surge uma patética imagem de um cristo complacente e sem compromisso com a verdade. Cristãos falsos não estudam a Bíblia. Estão na igreja, mas dedicam seu tempo para tudo, menos à Palavra de Deus. Podem falar com desenvoltura sobre filmes, novelas e esportes em geral, porém se forem solicitados para discorrerem sobre o evangelho, não se sentem preparados e terceirizam essa atividade para a “mão de obra especializada”: pastores e líderes.

Um Cristo cheio do Espírito



Utilizando Isaías 61, Cristo diz a respeito de Si mesmo: “O Espírito do Senhor está sobre mim.” Essa primeira característica aponta para um tema muito relevante para o cristianismo atual: a atuação do Espírito Santo. A operação de falsos cristos pressupõe a atuação de um falso espírito santo. O culto místico ao Espírito Santo, que temos visto em nossos dias super-enfatiza a competência sensorial e miraculosa do Espírito Santo. Evidencia-se, nesses cultos, a presença e atuação do suposto Espírito Santo por meio de manifestações extáticas, choro e sinais milagrosos. Essa é uma falsificação do Espírito Santo. O próprio Espírito Santo adverte através do apóstolo Paulo a respeito das falsificações que temos visto hoje em dia: “Ora o Espírito afirma expressamente que nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios, pela hipocrisia dos que falam mentiras e que têm cauterizada a própria consciência” (I Tim. 4:1-2).

Jesus apresenta a verdadeira natureza do Espírito Santo, a qual é muito diversa da que temos presenciado em nossos dias. Jesus diz que o “Espírito do Senhor” estava sobre Ele. O verdadeiro Espírito Santo transforma a vida do verdadeiro cristão, fazendo que a Palavra impregne a vida do crente. Ele não é uma espécie de gênio da lâmpada para satisfazer desejos, produzindo sensações emocionais e sensuais, como temos visto em nossos dias.

Cristo disse que o Espírito que estava sobre Ele o compelia a evangelizar os pobres. O verdadeiro Cristo, movido pelo verdadeiro Espírito não esperava enriquecer às custas da ingenuidades das pessoas. Pelo contrário, Ele veio para dar e não para receber. A preocupação do verdadeiro Cristo é em abençoar as pessoas. Falsos cristãos são egoístas; só pensam em si mesmos. Seguem um cristo ávido por dinheiro, ou seja, um cristo financista e egoísta. O suposto serviço que esse tal cristo oferece, como um bem capitalista, precisa ser pago e muito bem pago, por sinal. Essa é uma religião que não se preocupa sinceramente com as pessoas. Só se elas tiverem como pagar por isso. Tal teologia, (se é que podemos chamar uma aberração assim de teologia) é totalmente contrária ao evangelho bíblico, que se resume em Deus oferecendo gratuitamente a salvação.

É por isso que o mundo está cheio de falsos cristãos, pois seguem essa caricatura capitalista de um cristo pecuniário. Esse não é o verdadeiro Cristo. Os que seguem o Cristo da Bíblia são sensíveis às necessidades reais das pessoas e não fecham os olhos ao sofrimento alheio. Renunciam a prazeres para que o faminto seja alimentado e o nu seja vestido. O verdadeiro cristão reflete a imagem de amor ativo que é vista no Cristo bíblico. O restante da descrição que Cristo faz de Si mesmo usando Isaías 61 vai na mesma direção, acrescentando que o evangelho que Ele tem para pregar é um evangelho de liberdade e que não escolhe pessoas por conta de sua classe social, gênero, cultura ou moralidade. É um evangelho universal que ama o pecador e deseja transformá-lo.

Um Cristo altruísta



“Então, passou Jesus a dizer-lhes: Hoje, se cumpriu a Escritura que acabais de ouvir” (Lc. 4:21). O verdadeiro Cristo apresenta-se através de um texto bíblico. Sua identidade estava profeticamente prevista nas Escrituras Sagradas e Ele, sem titubear, a assume. Verdadeiros cristãos leem a Bíblia e esta, invariavelmente, apresenta-lhes a mesma missão do verdadeiro Cristo. Disse Jesus: “Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço e outras maiores fará, porque vou para junto do Pai”(Jo. 14:12). Assim, os verdadeiros cristãos, não se eximem de sua missão. Chamam a responsabilidade para si. Não ficam esperando que outros façam aquilo que é sua legítima responsabilidade. Não jogam sobre a instituição a responsabilidade que lhes pesa nos ombros. Não dizem: “que bom que temos a ADRA para cuidar dos que necessitam! Eu não preciso ajudar”. Ou então: “minha parte eu já fiz, devolvendo meu dízimo e minhas ofertas.” Os verdadeiros cristãos perguntam, movidos por uma sensível compreensão da graça de Deus: “O que podemos fazer mais por Cristo e pelo próximo?”

Porém, esse tipo de cristianismo não é popular. Infelizmente não é esse o cristo que tem arrebatado multidões. Não é esse que está em camisas de atletas e cantado em irreverentes canções. Trata-se de um cristo relativo e indefinido. Um cristo multifacetado que serve aos gostos mais excêntricos possíveis. Um cristo descomprometido com o amor prático, um cristo preocupado com a prosperidade financeira de seus fiéis e sem nenhum compromisso com a verdade bíblica. Esse é um cristo que emociona multidões, mas não transforma suas vidas. Está na boca de artistas, que visam lucro com a popularidade desse nome. Esse cristo despudoradamente compartilha o coração de pessoas com outros deuses, como o dinheiro, a fama e sexo ilícito. Eu não quero esse cristo!

Um Cristo rejeitado



O verdadeiro Cristo, no entanto, tem sido rejeitado como foi em Nazaré. Na cidade em que foi criado, depois de Se descrever, Jesus ouviu: “Não é este o filho de José?” (Lc. 4:22). Naquela ocasião, os nazarenos só estavam dispostos a crer que Jesus era de fato o messias mediante a operação de milagres. Ao perguntarem sobre a paternidade humana de Jesus, estavam querendo, na verdade, defini-Lo como apenas humano, negando Sua divindade. Só creriam nEle, como messias, se Ele desse sinais comprobatórios. Só que eles desconheciam que os milagres que Cristo operava eram em resposta à fé daqueles que eram beneficiados e não o contrário como supunham. Falsos cristãos, seguem um cristo midiático, propagandeado como milagreiro. Para esse cristo, estão dispostos a dar vultosas quantias financeiras em troca de benefícios temporais. Para eles, o cristianismo verdadeiro não é atraente, não sentem poder nessa religião. A religião verdadeira, para esse grupo de pessoas, precisa atender suas necessidades temporais. Desconhecem que “A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo” (Tg 1:27). Infelizmente, para muitos essa não é a religião divina. Como os nazarenos, relacionam o verdadeiro cristianismo bíblico a algo estritamente humano. Esses são falsos cristãos porque seguem um cristo falso.

Para refutar a premissa dos nazarenos que tinham uma visão deturpada da obra do messias, Cristo citou dois exemplos do Antigo Testamento, aumentando a perplexidade de Sua audiência e irando Seus ouvintes. Ele mencionou a fé da viúva de Sarepta que creu na palavra do profeta Elias, servindo seu último prato de comida para o homem de Deus, sendo milagrosamente abençoada após seu ato de fé (Lc. 4:26). Jesus mencionou também o exemplo de Naamã, o siro, que creu na palavra do profeta Eliseu, que lhe indicou banhar-se no rio Jordão sete vezes para ser curado da lepra (Lc. 4:27). Nos dois casos que Jesus citou, os dois beneficiados primeiro exerceram fé para depois serem abençoados. Tanto no primeiro caso como no segundo, aparecem pessoas estrangeiras, alheias ao povo de Israel. Com isso, Jesus estava ensinando que a benção da salvação não é exclusiva a um grupo. Ela está disponível a “todo aquele que nEle crê” (Jo. 3:16).

Esses dois exemplos foram a gota d’água para aqueles nazarenos. Com essas citações, Cristo deixou claro para eles que Sua obra de salvação tinha como premissa básica a fé e não a nacionalidade israelita, como eles imaginavam. Cristo estava estendendo as fronteiras da salvação para todos os povos e, em seu ilegítimo exclusivismo nacional, eles não podiam aceitar isso. Rejeitando a Jesus, estavam dizendo: “Não queremos esse Cristo!”

“E, levantando-se, expulsaram-no da cidade e o levaram até ao cimo do monte sobre o qual estava edificada a cidade, para de lá o precipitarem abaixo”(Lc.4:29). O Cristo verdadeiro não é popular. Muitos O querem morto. Foi assim em Nazaré, foi assim em Jerusalém no ano 31, é assim no século 21. “Ele, porém, passando pelo meio deles, seguiu o seu caminho”(Lc. 4:30). Os anjos de Deus protegeram o verdadeiro Cristo, retirando-O daquelas mãos assassinas.Embora os verdadeiros cristãos não sejam populares, podem contar com a proteção dos anjos de Deus em benefício do cumprimento da missão evangélica.

O verdadeiro Cristo foi pendurado na cruz, mas a morte não pode retê-Lo. Verdadeiros cristãos não têm diante de si uma realidade diferente. No entanto, da mesma forma como o verdadeiro Cristo é eterno e reina pelos séculos dos séculos, os verdadeiros cristãos reinarão com Seu Senhor para sempre. Eu quero esse Cristo!

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Para quem é o céu?
Felippe Amorim

 
Introdução



Há algumas coisas que para nós estão além da imaginação e por isso muitas versões são contadas a respeito. Uma delas é o céu. Todos já ouvimos falar dele, mas não temos como descrevê-lo com total certeza.

Como você imagina o céu? Alguns o imaginam como um lugar onde as pessoas ficarão sentadas sobre as nuvens tocando harpa pelos séculos dos séculos. Gosto muito de música, mas se o céu fosse apenas isso seria muito monótono.

Ouras pessoas imaginam o céu como aquele lugar onde todos se vestem de branco e as pessoas andam de um lado para o outro em meio aos animais, como se estivessem em câmera lenta.

A Bíblia nos dá um vislumbre do que será o céu, mesmo assim o apóstolo Paulo precisou concluir que: “as coisas que olhos não viram, nem ouvidos ouviram, nem penetraram o coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam”. (I Coríntios 2:9)

Muito melhor

O apóstolo João teve uma visão do céu e tentou, com o limitado vocabulário humano, descrever o que viu. No capítulo 21 de apocalipse ele pinta um lindo quadro.

A cidade era tão linda que ele disse ser semelhante a uma “pedra muito preciosa” (v.10). Os muros eram compostos por doze portas, e em cada uma delas tinha o nome de uma das tribos de Israel (v.11). Ainda descrevendo o muro ele diz que nos fundamentos estavam escritos os nomes dos apóstolos (v.14).

O tamanho da cidade é outra coisa impressionante. Na conta de João a cidade media 12 mil estádios de cada lado (2220 km: largura, comprimento e altura - v.16) e o muro tinha 144 côvados de espessura (65m - v.17).

O material da cidade é muito precioso. Os muros são de jaspe e a cidade de ouro transparente (v.18). Nos fundamentos do muro se encontram diversas pedras preciosas (v.19 e 20). As portas são cada uma de uma pérola única (v.21) e a luz da cidade é a glória de Deus (v.23).

Sem dúvida é uma descrição maravilhosa. O apóstolo Paulo também teve a oportunidade de ver o terceiro céu, onde está a cidade de Deus. Ele conta esta experiência em terceira pessoa em II Coríntios 12:2 e em I Coríntios 2:9, utilizando o texto de Isaias 64:4, ele diz que é muito melhor do que ele conseguiria descrever.

É melhor do que qualquer paisagem que o olho humano já tenha visto, melhor que qualquer quadro já pintado. É mais lindo que qualquer descrição feita aos ouvidos humanos, inclusive a de João no Apocalipse, melhor que qualquer poesia ou canção já compostas a respeito do céu. É tão sublime que nem nos melhores sonhos chegou à mente humana.

Através deste verso, Paulo nos ajuda a entender que o que Deus preparou para nós é simplesmente indescritível na linguagem humana.

Deus preparou

Quando amamos muito alguém, buscamos preparar para ela o melhor que nós temos. É por isso que Jesus falou: não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito; vou preparar-vos lugar. E, se eu for e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos tomarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também. (Jo. 14:1-3)

Algumas traduções deste verso dizem que na casa do pai há muito quartos. Esta é uma boa ideia a respeito das mansões celestiais. Todos os salvos morarão de forma igualitária. Não haverá desigualdade social, distinção de classes ou cor da pele. Todos terão igualmente um quarto na casa do Pai.

É a prova de que somos muito amados por Jesus. Ele foi preparar coisas tão maravilhosas que, mesmo inspirado por Deus, o apóstolo Paulo não conseguiu descrever. Isso tudo nos será entregue na segunda vinda de Cristo. Portanto, muito em breve.

Para quem são as coisas que Deus preparou?

O verso inicial de nossa reflexão tem um detalhe para o qual devemos dar bastante atenção. As coisas que olhos não viram, ouvidos não ouviram e não subiram ao coração humano, foram preparadas “para os que O amam”.

Este trecho do verso não pode passar despercebido. O céu não é para os que Jesus ama. Circula no meio teológico uma falsa doutrina chamada universalismo. Segundo ela, o amor de Jesus é tão grande que no dia do juízo final salvará a todas as pessoas da terra, pois, “Jesus não deixará seus filhos se perderem por causa de pecados”, dizem.

Mas essa não é a realidade bíblica. Jesus ama a todos. Ele ama os ladrões, ama os pedófilos, ama os estupradores, ama os homossexuais, ama os mentirosos, ama os desobedientes, ama os homicidas, mas deixou bem claro em apocalipse 21:8 que estes estarão fora do céu. Todos os que estarão no céu serão amados por Jesus, mas nem todos que são amados por Jesus estarão no céu. O apóstolo Paulo deixou claro que o céu é para os que amam a Jesus.

João, o discípulo amado, escreveu que “nós amamos porque ele nos amou primeiro (1 João 4:19). Não é mérito nosso amar a Jesus, apenas respondemos ao amor que dispensou para conosco. “Foi assim que Deus manifestou o seu amor entre nós: enviou o seu Filho Unigênito ao mundo, para que pudéssemos viver por meio dele (1 João 4:9). Nosso amor se baseia no amor de Jesus, que foi demonstrado primeiro.

Infelizmente, hoje o amor virou um sentimento banalizado. Um casal de namorados com alguns dias de namoro já estão usando a expressão “eu amo você”. Nos filmes e novelas, qualquer relacionamento descompromissado usa a palavra amor. Perdeu-se parcialmente o real significado da palavra amor.

Jesus, no entanto, demonstrou o que é o verdadeiro amor. É mais que um sentimento, amor é obra. Jesus demonstrou seu amor através da obra de morrer em nosso lugar e pede que nosso amor por Ele seja demonstrado também através de obras. O Mestre disse: Se vocês me amam, obedecerão aos meus mandamentos (João 14:15). A obediência é a prova de amor a Deus. Nas palavras daquele que é conhecido por ser muito amoroso temos mais uma confirmação de que amar a Jesus é mais que um sentimento: Sabemos que o conhecemos, se obedecemos aos seus mandamentos. Aquele que diz: "Eu o conheço", mas não obedece aos seus mandamentos, é mentiroso, e a verdade não está nele. Mas, se alguém obedece à sua palavra, nele verdadeiramente o amor de Deus está aperfeiçoado. Desta forma sabemos que estamos nele: aquele que afirma que permanece nele, deve andar como ele andou (1 João 2:3-6).

Conhecer a Deus é obedecê-lo e a obediência mostra que o amor de Deus foi aperfeiçoado em nós. Imagine um casal que vive dizendo um para o outro a frase: “eu amo você”, mas um vive fazendo exatamente o contrário do que o outro pede. Não há amor verdadeiro nesta relação. Da mesma forma devemos proceder para com Deus. Provaremos que o amamos quando estivermos dispostos a obedecê-lo.

Essa é a mensagem central do nosso verso inicial. De nada adianta sabermos que Jesus preparou um lugar indescritível para nós, se não o amamos de todo nosso coração e demonstramos isso em nossas atitudes. O céu é maravilhoso, mas pertence apenas àqueles que amam a Deus.

Enquanto não temos a oportunidade de ver o céu, podemos nos deliciar com as descrições inspiradas que encontramos na palavra de Deus: “Então o anjo me mostrou o rio da água da vida que, claro como cristal, fluía do trono de Deus e do Cordeiro, no meio da rua principal da cidade. De cada lado do rio estava a árvore da vida, que dá doze colheitas, dando fruto todos os meses. As folhas da árvore servem para a cura das nações. Já não haverá maldição nenhuma. O trono de Deus e do Cordeiro estará na cidade, e os seus servos o servirão. Eles verão a sua face, e o seu nome estará em suas testas. Não haverá mais noite. Eles não precisarão de luz de candeia nem da luz do sol, pois o Senhor Deus os iluminará; e eles reinarão para todo o sempre”. (Apocalipse 22:1-5)

Será um lugar maravilhoso e o preço da nossa entrada já foi pago por Jesus na cruz do calvário, nossa parte é amar do todo nosso coração àquele que nos amou primeiro. Diante de tudo que Jesus fez por nós, isso é muito fácil. Ame o Senhor!



terça-feira, 15 de novembro de 2011


É lógico crer em Deus?
Felippe Amorim



Introdução:



É comum, nos espaços acadêmicos seculares, ouvirmos pessoas argumentando contra a existência de Deus. Alguns querem impor a ideia de que é mais “intelectual” descrer da existência do Senhor. O ateísmo cresceu muito desde o século XVIII quando explodiram as teorias iluministas. Com o surgimento do evolucionismo no século XIX o sentimento “anti-Deus” se tornou cada vez mais forte.

Nos últimos anos temos escutado com cada vez maior frequência versões diversas da teoria da evolução. A indústria cinematográfica sempre reforça estas teorias lançando algum produto que faz apologia a estas ideias e, até alguns que se dizem cristãos estão aderindo a uma versão do evolucionismo chamada de “evolucionismo-teísta”.

Há uma intencional tendência de ligar os cientistas ao ateísmo, e alguns chegam a afirmar que a ciência e a religião são incompatíveis.

Antes de avançarmos, é útil que pensemos um pouco sobre esta dita ciência. Não todos, mas uma boa parte dos cientistas são bastante incoerentes. Uma das premissas mais defendidas por eles é a característica da ciência de discutir diversas hipóteses e especulações. Porém quando chega a hora de considerarem a possibilidade da existência de Deus, eles não admitem entrar nesta discussão, ou seja, não há na ciência secular esta universalidade de possibilidade de discussão que eles tanto apresentam.

Um pensador ateu chamado D. Barker falou a seguinte frase: “Sou ateu porque não há evidência para a existência de Deus. Isso deve ser tudo que se precisa dizer sobre isso: sem evidência, sem crença”. Será que ele estava certo? Realmente não existem evidências da existência de Deus?

Nem todos os cientistas são ateus



Um primeiro ponto importante é sabermos que nem todos os cientistas são ateus. Muitos estudiosos do passado e do presente creem em Deus.

Os pais da ciência, por exemplo, criam em Deus como muitos cristãos de hoje. Isaac Newton, o grande estudioso da lei da gravidade era um cristão fervoroso. Além de suas influentes “Leis da física” que são a base da engenharia moderna, ele também escreveu sobre religião. Em seu livro “Princípia” escreveu: “este maravilhoso sistema composto pelo sol, planetas e cometas só poderia ter surgido a partir do conselho e domínio de um ser poderoso e inteligente”. Newton escreveu sobre religião tanto quanto escreveu sobre ciência. Em sua bibliografia estão livros sobre as profecias de Daniel e Apocalipse, por exemplo.

Outro pai da ciência que se mostrou crente em Deus foi Johannes Kepler (1571-1630). Enquanto demonstrava os movimentos dos planetas em torno do sol em padrão oval e não circular, também estudava a respeito do Deus criador, a ponto de dizer que queria encontrar na natureza “harmonias matemáticas da mente do criador”.

Podemos citar ainda Blaise Pascal (1623-1662) que lançou as bases da teoria da probabilidade matemática. Ele dizia que “o curso de todas as coisas deve ter como objetivo o estabelecimento e a grandeza da religião”.

Mas não são apenas os cientistas de séculos longínquos que tinham esta crença. Uma pesquisa realizada em 1996 nos EUA envolvendo mil pessoas do dicionário Biográfico “American Men and Women of Science”, constatou um dado interessante. 40% dos cientistas pesquisados afirmaram: “Eu creio em um Deus que se comunica com a humanidade de maneira intelectual e afetiva, ou seja, um Deus a quem podemos orar com a expectativa de obter uma resposta. Por “resposta” quero dizer mais do que o efeito psicológico e subjetivo da oração ”. É um número bastante expressivo e que nos mostra que no meio científico também há espaço para a fé em Deus.

Evidências Na natureza



Nossa crença em Deus não está totalmente baseada em uma fé cega. Quando olhamos para a natureza, facilmente podemos perceber as evidências de um criador que a projetou. Listarei apenas alguns exemplos:



1. Estrelas: O Físico Freeman Dyson afirma que se a distância entre as estrelas fosse dez vezes menor, haveria a forte probabilidade delas se aproximarem do nosso sistema solar e atrapalhar as órbitas dos planetas.

2. Matéria: Se a massa do próton fosse diferente em apenas uma parte em mil, não haveria átomos ou elementos e consequentemente não haveria nada.

3. Sol: Se o sol estivesse apenas 5% mais próximo ou 1% mais distante da terra, isso eliminaria toda a vida do nosso planeta.

4. Força nuclear forte: Se essa força fosse 2% mais forte, nós não teríamos hidrogênio e, consequentemente, nem sol, nem água, nem vida. Se fosse 5% mais fraca, teríamos apenas hidrogênio e nada mais .

5. O nível de Dióxido de Carbono (CO2): Se o nível fosse maior do que o atual, teríamos um efeito estufa que queimaria a todos. Se fosse menor as plantas não conseguiriam fazer a fotossíntese.

6. Gravidade: Se fosse alterada em 10-37 % (0,00000000000000000000000000000000000001 %), o sol não existiria.

7. Nunca nenhum cientista conseguiu dar vida a nada. Já deveriam ter concluído que vida somente pode ser dada por Deus.

Sem dúvida, nestes exemplos da natureza há uma precisão impressionante e fica difícil crer que tudo isso aconteceu como obra do acaso. É tão difícil quanto crer que da explosão de uma fábrica de papel surgiu uma linda biblioteca com muitos volumes organizados por assunto e por tamanho.

A Força do Criador



Alguns olham para estas evidências e tentam atribuí-las aos acaso. É certo que, no final, tudo é uma questão de escolha. Alguns escolhem não crer em Deus. Mas, com um mínimo de sensibilidade espiritual, ligaremos todas estas características da natureza a Gênesis. 1:1-31. Lá encontramos a descrição de como todas as coisas se formaram e de como nosso Senhor teve carinho em criar todas as condições para nosso conforto.

Neste trecho das escrituras podemos perceber que através de Sua palavra Deus criou tudo. Apenas um “disse Deus” foi suficiente para que tudo se formasse. Não temos porque não crer na existência desse Deus tão poderoso.

Mas, o relato da criação contem outra mensagem embutida. Deus criou tudo através de Sua palavra e esta palavra que criou, ainda tem poder de criar e recriar. Em hebreus lemos: Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até a divisão de alma e espírito, e de juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração (Hebreus 4:12).

Esta é uma das maiores evidências da existência de Deus e do poder de sua palavra: a capacidade que a palavra de Deus tem de transformar vidas. Quantos bêbados se tornaram homens sóbrios e responsáveis. Quantas vidas dominadas pelas drogas foram libertas. Várias famílias desfeitas foram restauradas, muitas vidas infelizes e vazias foram preenchidas com a felicidade vinda do céu.

Tenha total certeza da existência de Deus e tenha mais certeza ainda que Ele ama você e através de sua palavra quer te dar felicidade eterna. Apenas creia!

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Fidelidade a toda prova


Felippe Amorim


Introdução

Dentre as figuras que marcaram o triste cenário da segunda guerra mundial, destacam-se os pilotos japoneses conhecidos como Kamikazes. Eles partiam de suas bases com os aviões carregados de munição e com uma certeza no coração: nunca mais retornariam para casa.

Após descarregarem toda a munição contra seus inimigos, os pilotos Kamikazes apontavam os próprios aviões em direção ao alvo e faziam um mergulho mortal com a intenção de destruir o máximo possível de bases militares, navios ou qualquer outro equipamento de guerra do inimigo.

Conta-se a história de um desses pilotos que antes de atingir um porta-aviões americano teve o avião abatido e ao cai no mar sobreviveu. Ele ficou muito triste porque não conseguiu dar a sua vida nesta missão que ele considerava tão nobre.

Embora os motivos destas ações suicidas sejam passíveis de discussão, sem dúvida estas histórias são de extrema coragem e amor por uma causa. Estes pilotos não temiam dar a própria vida por aquilo que acreditavam.

Na Bíblia encontramos uma história de muita coragem e amor pela causa de Deus e que deve motivar cada cristão a repensar a sua vida e o quanto têm se entregado à causa do evangelho.

Em Daniel 3: 1-7 lemos o seguinte: O rei Nabucodonosor fez uma estátua de ouro, cuja altura era de sessenta côvados, e a sua largura de seis côvados; levantou-a no campo de Dura, na província de babilônia. Então o rei Nabucodonosor mandou reunir os príncipes, os prefeitos, os governadores, os conselheiros, os tesoureiros, os juízes, os capitães, e todos os oficiais das províncias, para que viessem à consagração da estátua que o rei Nabucodonosor tinha levantado. Então se reuniram os príncipes, os prefeitos e governadores, os capitães, os juízes, os tesoureiros, os conselheiros, e todos os oficiais das províncias, à consagração da estátua que o rei Nabucodonosor tinha levantado; e estavam em pé diante da imagem que Nabucodonosor tinha levantado. E o arauto apregoava em alta voz: Ordena-se a vós, ó povos, nações e línguas:

Quando ouvirdes o som da buzina, da flauta, da harpa, da sambuca, do saltério, da gaita de foles, e de toda a espécie de música, prostrar-vos-eis, e adorareis a estátua de ouro que o rei Nabucodonosor tem levantado. E qualquer que não se prostrar e não a adorar, será na mesma hora lançado dentro da fornalha de fogo ardente. Portanto, no mesmo instante em que todos os povos ouviram o som da buzina, da flauta, da harpa, da sambuca, do saltério e de toda a espécie de música, prostraram-se todos os povos, nações e línguas, e adoraram a estátua de ouro que o rei Nabucodonosor tinha levantado.

O cenário

A campina de Dura estava repleta de autoridades vindas de todos os lugares do império babilônico. A intenção de Nabucodonosor era espalhar a adoração àquela imagem pelo máximo de lugares possível e por isso convidou todas as autoridades do império. Por algum motivo que desconhecemos o profeta Daniel não estava naquele lugar, mas seus três fiéis amigos, Sadraque, Mesaque e Abednego, foram convidados. Satanás sempre enviará convites para que os fiéis filhos de Deus façam coisas más.

Logo que chegaram àquela campina todos puderam contemplar a magnífica escultura de aproximadamente trinta metros de altura e três de largura erigida por Nabucodonosor. Se prestarmos atenção no relato bíblico, perceberemos que por várias vezes é repetida a expressão “que o rei Nabucodonosor tem levantado”. Aquela estátua fora estabelecida para exaltar o nome de Nabucodonosor em direta oposição ao nome do Deus verdadeiro, o qual havia dado o sonho da imagem algum tempo antes para o rei. Além disso, o império babilônico também estava mostrando para todos, o quão rico e poderoso era. Ao invés de apenas a cabeça de ouro (como mostrado no sonho do capítulo dois), toda a estátua era de ouro puro, um recado de que a babilônia seria eterna.

Uma grande orquestra foi organizada e a ordem era que todos ao ouvirem o som dos instrumentos deveriam curvar-se e adorá-la. Seria uma grande festa de blasfêmia ao nome de Deus. O arauto avisou que a pena para quem não obedecesse seria a fornalha ardente. Mas nem todos os convidados estavam dispostos a obedecer à ordem do rei.

A Cena

A orquestra tocou, chegara o momento de todos adorarem a estátua que tinha sido esculpida. Imagine a pressão de grupo que os três hebreus sofreram. Milhares se ajoelhando, será que apenas os três seriam os diferentes?

Aquele era um momento onde eles poderiam ter tomado algumas atitudes para fugir daquela situação constrangedora. Eles poderiam ter disfarçado e dado um jeito de fingir que estavam ajoelhados apenas por um momento. Eles poderiam ter racionalizado: “Deus conhece meu coração, sabe que estou me ajoelhando, mas não é para adorar a estátua” ou “vou procurar um lugar onde ninguém me conhece, me ajoelho e depois peço perdão a Deus, Ele sempre perdoa mesmo...” ou ainda “Deus não quer que eu morra, então vou apenas me abaixar para não me expor ao perigo”.

Nenhuma dessas justificativas foi usada. Aqueles três jovens não tinham medo de serem os diferentes. Aliás, eles devem ter ficado em pé, com o peito estufado, mostrando exatamente a quem eles pertenciam.

Logo a notícia de que os três jovens hebreus não tinham se prostrado chegou aos ouvidos de Nabucodonosor, provavelmente levada por um grupo de invejosos que não suportavam o sucesso notório que aqueles jovens tinham desde que chegaram como escravos nas terras babilônicas.

Neste momento algo estranho aconteceu. O rei havia dito que “qualquer que não se prostrar e não a adorar, será na mesma hora lançado dentro da fornalha de fogo ardente. (Daniel 3:6)”. Mas não foi o que aconteceu. O rei ofereceu uma segunda chance para os três. Provavelmente porque aqueles jovens faziam parte do grupo dos mais inteligentes e eficientes dos seus funcionários, Nabucodonosor havia descoberto isso ainda no início da história dos hebreus como cativos babilônicos (Daniel 1:20) e não os queria perder.

O rei ofereceu uma segunda chance de os jovens se ajoelharem e escutou uma das mais lindas declarações de fé contidas na Bíblia: “Ó Nabucodonosor, quanto a isso não necessitamos de te responder. Se o nosso Deus, a quem servimos quer livrar-nos, ele nos livrará da fornalha de fogo ardente e de tuas mãos, ó rei. Se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus deuses, nem adoraremos a imagem de ouro que levantastes” (v. 16-18).

Que resposta magnífica! Aqueles rapazes não eram fiéis a Deus por estarem interessados em ganhar algo em troca. Diferentes de alguns cristãos, se Deus os abençoasse eles seriam fiéis, mas se, por acaso, Deus resolvesse não derramar nenhuma benção sobre eles, continuariam sendo fiéis ao Senhor. Isso é fé! Nossa fidelidade não deve estar condicionada a coisas que Deus fará por nós, mas àquilo que Deus já fez por nós na cruz do calvário. Para eles era mais importante o compromisso com Deus que a própria vida. Eles não negariam o nome de Deus ao se prostrarem diante da estátua.

Em nosso falho julgamento, diante de tanta fidelidade, o livramento da fornalha seria a melhor recompensa, não? Se nós fossemos os escritores dessa história talvez neste momento desceriam poderosos anjos do céu e livrariam aqueles jovens da fornalha, mas isso não aconteceu e os três foram jogados em uma fornalha sete vezes mais aquecida, tão mortal que os homens que os lançaram não suportaram a temperatura.

As “estátuas” mudam.

Ao longo da história da humanidade sempre existiram “estátuas” diante das quais o inimigo de Deus tentou os fiéis a se prostrarem, basta seguirmos um pouco na linha do tempo e as descobriremos.

Os apóstolos, por exemplo, foram tentados a renunciar a sua fé para pouparem suas vidas. Mas firmemente preferiram morrer das piores mortes a negar a Cristo. Dos apóstolos, apenas João morreu naturalmente, mesmo assim por ter escapado de um caldeirão de óleo fervente.

Se avançarmos um pouco mais na história encontraremos novas histórias de fiéis que não se prostraram às “estátuas” do mundo.

Sob o julgo do imperador Marco Aurélio (162 d.C) muitas pessoas foram martirizadas por sua fidelidade a Cristo. “As crueldades executadas nestas perseguições foram de tal calibre que muitos dos espectadores estremeciam de horror ao vê-las, e ficavam atônitos diante da coragem dos que a sofriam. Alguns dos mártires eram obrigados a passar, com os pés já feridos, sobre espinhos, cravos, conchas afiadas, etc. Outros eram açoitados até que seus tendões e veias ficassem expostos, e, depois de haverem sofrido os mais atrozes tormentos já inventados, eram mortos das maneiras mais terríveis” (John Fox. O Livro dos Mártires, 11).

Outro relato impressionante é o que encontramos na seguinte carta do ano 112 d.C.: “Nesse ínterim, segui os seguintes procedimentos com relação aos que se me apresentam como cristãos. Perguntei-lhes, pessoalmente se eram cristãos. Aos que confessavam, perguntei-lhes duas, três vezes. Os que não voltaram atrás foram executados. Qualquer que fosse o sentido da sua fé, sabia que sua pertinácia e obstinação tinham de ser punidos. Outros, possuidores da cidadania romana, mantiveram-se na loucura e foram enviados para julgamento em Roma. Os que negavam serem, ou terem sido cristãos, se evocassem os deuses, segundo a fórmula que lhes ditava, e se sacrificassem, com incenso e vinho, diante da sua imagem, que trazia comigo para tanto, juntamente com estátuas de outras divindades; se, além disso, blasfemassem Cristo – atitudes que, diz-se, não são possíveis de obter de verdadeiros cristãos –considerei apropriado liberar [...]A questão pareceu-me digna da sua atenção, em particular devido ao número de envolvidos. Há muita gente, de toda idade, condição social, de ambos os sexos, que estão ou estarão em perigo. Não apenas nas cidades, como nos vilarejos e no campo, expande-se o contágio dessa superstição. Parece-me, entretanto, que se possa delimitá-la e corrigi-la. (Carta de Plínio ao Imperador Trajano, 112 d.C.)

Um pouco mais a frente na linha do tempo encontraremos os mártires do período da reforma protestante, homens e mulheres que preferiram a morte a negar a Jesus. Uma dessas histórias é a de Jerônimo de Praga em 1415. Quando o seu carrasco fez menção de por fogo atrás dele, ouviu: “Venham aqui e ateiem o fogo diante do meu rosto; se houvesse temido as chamas, não teria vindo a este lugar”. Que coragem! Que fé! Mas a história continua.


Hoje: “Estátuas” diferentes, fidelidade igual.

Hoje as “estátuas” mudaram, mas a fidelidade dos servos de Deus deve continuar a mesma. No entanto quando comparamos as histórias das opressões sofridas pelos cristãos do passado e as nossas, percebemos o quão pequenas são as provas pelas quais passamos em nome da fidelidade a Deus.

Em um futuro bem próximo, novamente a vida dos cristãos será ameaçada por causa do evangelho. Mas hoje, no Brasil, dificilmente seremos ameaçados de morte por causa de nossa fé.

O que entristece é que mesmo assim muitas pessoas negam o nome de Cristo. Enquanto nossos irmãos do passado enfrentavam fogueiras para não negar o nome de Cristo, muitos hoje O negam por muito menos que uma fogueira.

Alguns se deparam com a “estátua” da pressão dos amigos e se curvam diante dela. Outros diante da “estátua” da pressão da família negam a fé em Cristo. Às vezes é diante da “estátua” da liberação sexual que muitos jovens e adultos cristãos tem se prostrado. Talvez a “estátua” da perda de um emprego por causa do sábado seja o motivo da prostração espiritual de alguns. Estes são apenas alguns exemplos de como nós hoje negamos a Cristo por muito menos que tortura física ou qualquer outro dano que possamos sofrer.

A esta altura devemos nos perguntar: o que dava tanta força para os mártires enfrentarem aquelas situações?

Para responder esta pergunta voltaremos ao episódio da campina de Dura. A história bíblica conta que os três foram jogados na fornalha e naquele momento algo extraordinário aconteceu. “Então o rei Nabucodonosor se espantou, e se levantou depressa; falou, dizendo aos seus conselheiros: Não lançamos nós, dentro do fogo, três homens atados? Responderam e disseram ao rei: É verdade, ó rei. Respondeu, dizendo: Eu, porém, vejo quatro homens soltos, que andam passeando dentro do fogo, sem sofrer nenhum dano; e o aspecto do quarto é semelhante ao Filho de Deus. Então chegando-se Nabucodonosor à porta da fornalha de fogo ardente, falou, dizendo: Sadraque, Mesaque e Abednego, servos do Deus Altíssimo, saí e vinde! Então Sadraque, Mesaque e Abednego saíram do meio do fogo. E reuniram-se os príncipes, os capitães, os governadores e os conselheiros do rei e, contemplando estes homens, viram que o fogo não tinha tido poder algum sobre os seus corpos; nem um só cabelo da sua cabeça se tinha queimado, nem as suas capas se mudaram, nem cheiro de fogo tinha passado sobre eles”(Daniel 3:24-27).

Esse era o segredo da fidelidade de todos os cristãos ao longo da história. Quando vamos para o fogo por causa da fidelidade a Deus, Jesus estará no fogo conosco e apenas o que nos prende será queimado. Não precisamos temer, com a força que Cristo nos dá, devemos ser fiéis e das consequências Ele cuida. Mesmo que tenhamos que enfrentar o fogo, Jesus estará conosco lá e se, por acaso, a morte for o preço, a ressurreição está garantida e a vida eterna será o nosso presente.

“Aquele que andou com os hebreus valorosos na fornalha ardente, estará com os Seus seguidores em qualquer lugar. Sua constante presença confortará e sustentará. Em meio do tempo de angústia - angústia como nunca houve desde que houve nação - Seus escolhidos ficarão firmes. Satanás com todas as forças do mal não pode destruir o mais fraco dos santos de Deus. Anjos magníficos em poder os protegerão, e em favor deles Jeová Se revelará como "Deus dos deuses" (Dan. 2:47), capaz de salvar perfeitamente os que nEle puseram a sua confiança”(Profetas e Reis, 513).

Jesus está olhando para sua igreja hoje e procurando os seus fiéis do século XXI. Será você um dos que Ele encontrará? Se entregue a Jesus e você receberá a força que não tem para ser um fiel cristão.

sábado, 15 de outubro de 2011

O Cálculo
Uma realista e direta mensagem de Jesus para a igreja


Felippe Amorim

Professor de história no IAENE e aluno do 6º período do SALT-IAENE

Vinícius Mendes

Professor de Português no IAENE, mestrando em Ciências Sociais pela UFRB e Formando em Teologia no SALT-IAENE



Introdução:

            A obra mais famosa do arquiteto catalão AntoniGaudí é a igreja da Sagrada Família, em Barcelona, um castelo que tem a peculiar característica de parecer ser feito de areia, com torres prestes a desmoronar a qualquer momento. Iniciada em 19 de março de 1882, esta fantástica obra teve que ser interrompida pela morte do seu arquiteto: Gaudí morreu atropelado por um bonde em 1926 antes de poder finalizá-la.
Seu corpo foi enterrado na cripta da igreja, que possui também um museu em que estão maquetes que mostram como o arquiteto/artista imaginava o local. E a obra permanece inacabada até hoje, eternamente em construção, e muitos afirmam que ela nunca será terminada. Esta, sem duvida, é uma das atrações daquele lugar.
Alguns críticos dizem que uma possível versão final do edifício de Gaudi vai parecer muito pouco com o projeto original. Gaudí se recusou a desenhar todo o projeto durante a construção e preferiu fazer alterações com a obra em andamento. Os desenhos originais, durante a Guerra Civil espanhola, foram muito estragados pelos anarquistas. Gaudí passou 40 anos supervisionando o trabalho no edifício, e quando morreu, em 1926, a igreja estava longe de terminar.
Quando vamos realizar uma obra, grande ou pequena, para que tenhamos sucesso, precisamos calcular o que necessitaremos para a sua conclusão em tempo hábil. Quando não damos este passo corremos o risco de repetir o que aconteceu com a basílica da sagrada família em Barcelona: uma grande obra que não pode ser concluída.

A vida cristã pode ser comparada a uma obra que está sendo construída. Sendo assim necessitamos fazer os cálculos para avaliarmos o que precisaremos para avançar. Jesus falou sobre o cálculo para a vida cristã em Lucas 14:25-33. Em seguida vamos analisar este trecho das escrituras.


O realismo de Jesus
           
            O texto começa assim: “Ora, iam com ele(Jesus) grandes multidões; e, voltando-se, disse-lhes: (v. 25)”.  Muitos pregadores se impressionam quando multidões param para ouvi-lo. Às vezes nós mesmos medimos o sucesso de uma igreja pela quantidade de pessoas que estão frequentando as reuniões, mas com Jesus é diferente.
            Neste episódio uma multidão o seguia, mas Cristo parou e virou-se para ela. Certamente não virou para alimentar a vaidade de ser seguido por muitos, tampouco queria conferir se alguém tinha sido acrescentado à multidão. O que ele queria era alertar àquelas pessoas que o caminho que estavam tomando exigiria delas renúncias e por isso elas deviam avaliar se valeria a pena.
            Muitos naquela multidão seguiam a Jesus por motivos errados: popularidade, benefícios físicos, emocionais e sociais. Hoje não é diferente. Ser um cristão em nossa sociedade é motivo de elogios, os cristãos tem uma vida social bastante satisfatória proporcionada pela convivência com os irmãos na igreja. Há vantagens em ser um cristão, mas não é por isso que devemos seguir a Jesus. No momento em que se virou para a multidão Jesus queria alertá-la a respeito do preço de sua decisão.

            O preço da caminhada

Ao olhar para aquelas pessoas Jesus com o coração cheio de amor fala algo que precisamos compreender bem: “Se alguém vier a mim, e não aborrecer a pai e mãe, a mulher e filhos, a irmãos e irmãs, e ainda também à própria vida, não pode ser meu discípulo. Quem não leva a sua cruz e não me segue, não pode ser meu discípulo (v. 26,27)”.
            Primeiro precisamos entender o sentido da palavra aborrecer, para que não pensemos que Jesus estava desprezando uma instituição que ele mesmo criou: a família. Quando o Senhor proferiu esta palavra ela tinha o sentido de “Amar menos”. Na verdade a frase de Cristo reforçou o valor da família. Em outras palavras Ele disse: a família é algo muito importante, porém, mesmo ela não pode ser mais importante do que Deus.
            Jesus usou o exemplo máximo para que nós entendêssemos os menores. Se a família, sendo tão importante, não pode estar acima de Cristo, imagine, por exemplo,um emprego que não lhe proporcione oportunidade de guardar o sábado, ou quem sabe um namoro fora dos princípios bíblicos. Podemos aplicar esse conceito também às amizades, aos divertimentos entre outras coisas. Nada pode ser mais importante que Jesus.
O Salvador, portanto, estava falando sobre prioridades. Ele estava querendo nos dizer que as nossas tradições familiares, a opinião do nosso cônjuge, de nossos pais ouqualquer outra questão familiar não pode ser mais importante para nós do que a vontade de Deus.
Jesus vai mais fundo no texto falando em aborrecer à própria vida. Neste momento ele se refere à caminhada cristã. O evangelho de Lucas é uma narrativa da viagem de Cristo em direção à Jerusalém. Neste contexto Cristo estava dizendo àquelas pessoas da multidão: “vocês estão me seguindo, mas devem saber que o final da minha caminhada é a cruz, ou seja, a morte. Querem continuar?”
Sem dúvida isso é uma metáfora da vida cristã, que é uma caminhada para a morte espiritual. O apóstolo Paulo compreendia bem isso quando disse: “Pois eu pela lei morri para a lei, a fim de viver para Deus. Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé no filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim(Gl 2:19,20).
A Bíblia nunca nos escondeu os desafios da vida cristã e é vontade de Deus que calculemos todas as implicações de escolhermos este caminho para nós. Por isso que Jesus foi tão enfático: se não tomar a cruz NÃO PODE ser discípulo.

O Cálculo

            Jesus é o maior professor que já existiu e para ensinar aquela lição Ele deu dois exemplos: “Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se senta primeiro a calcular as despesas, para ver se tem com que a acabar? Para não acontecer que, depois de haver posto os alicerces, e não a podendo acabar, todos os que a virem comecem a zombar dele,dizendo: Este homem começou a edificar e não pode acabar.Ou qual é o rei que, indo entrar em guerra contra outro rei, não se senta primeiro a consultar se com dez mil pode sair ao encontro do que vem contra ele com vinte mil? No caso contrário, enquanto o outro ainda está longe, manda embaixadores, e pede condições de paz”(v. 28-32).
            Estes exemplos podem ser resumidos em uma frase: “Querer não é poder”. Neles nos foi mostrado que para seguir Jesus é preciso mais do que vontade. Os dois homens tinham vontade de realizar seu empreendimento, mas não calcularam os custos da obra, ou seja, não sabiam que não tinham condições logísticas de executar aquilo que desejavam.
            Outro requisito básico para ser um discípulo é ter ciência de que há um preço. Todo este discurso de Cristo nos alerta a respeito do preço de segui-lO. Muitas pessoas querem ser cristãs, mas não estão dispostas a pagar o preço, que pode ser traduzido em renúncias profundas. Em outras palavras, não dá para ser cristão e aproveitar o mundo ao mesmo tempo. Por isso Jesus deu o exemplo do cálculo. Quem seguir sem calcular as renúncias que necessita fazer não chegará ao final da caminhada e acabará envergonhado.
Para entendermos melhor, vamos ilustrar: Imagine que um namorado convide sua namorada para visitar um ponto turístico na cidade vizinha e deseja tomar um sorvete naquela cidade. O dinheiro que ele tem, no entanto, dá apenas para pagar a passagem de ida e volta de ônibus, não sobrando o suficiente para o sorvete. Eles então vão, lá decidem tomar o sorvete e na hora de voltar descobrem o que um simples cálculo prévio esclareceria: ele não tem dinheiro suficiente para pagar as passagens de volta. Que vergonha para o namorado!
Este exemplo nos ajuda a entender o conceito que Jesus gostaria de passar. Não dá para servir a Deus e continuar com as coisas do mundo. Há um preço para a vida cristã, o qual se configura em renunciar aquilo que não tem coerência com a caminhada para o céu.
Há outra coisa que podemos perceber neste trecho das escrituras:Jesus não mendiga nosso discipulado. Quando Ele se virou para a multidão queria deixar claro que aqueles que não estivessem dispostos a renunciar os prazeres transitórios do pecado não teriam a mínima condição de continuar a caminhada cristã.
É muito comum no mundo evangélico atual ouvirmos pregadores apresentando um Cristo que se oferece para as pessoas por qualquer preço. Oferecendo uma graça barata. Esse não é o Cristo bíblico.
É útil salientarmos que embora tenhamos que pagar um preço para seguir Jesus, não é esse o preço que paga a nossa salvação. Trata-se, na verdade, de uma implicação natural da aceitação da salvação divina.O discípulo verdadeiro entende o tamanho do presente que recebeu de Cristo e, em gratidão,está disposto a pagar o preço de seguir a Jesus.
No último verso do trecho que estamos analisando,Jesus arremata o que estava dizendo com uma afirmação bastante realista: “Assim, pois, todo aquele dentre vós que não renuncia a tudo quanto possui, não pode ser meu discípulo”(Lc. 14:33). Você percebeu a expressão “Não pode” de Cristo? Ele está dizendo que mesmo que queira seguir Jesus, o cristão que se apega a este mundo não pode segui-lo. Em outras palavras: “você não tem condições de me seguir enquanto continuar amando o que ama, valorizando o que valoriza.”
Sinceramente, quando ouvi Jesus dizer isso para mim, através da leitura devocional dessa passagem de Lucas, me senti impotente, sem a mínima condição de prosseguir na caminhada cristã. Fiz o cálculo e percebi que não tenho a mínima chance de continuar por mim mesmo. Era como se Jesus estivesse dizendo para mim: “soldado, pede pra sair”. Então, tomei uma decisão: caí de joelhos e clamei a Deus para que Ele me desse o poder para continuar a caminhada, dizendo para Ele: “afinal de contas, foi o Senhor que me chamou para essa jornada. Não pode simplesmente agora dizer que estou fora. Lutei com Ele como Jacó e supliquei que não fosse abandonado sem o poder necessário para prosseguir. Tal como Pedro, reconheci: “Para onde irei, pois só tu tens as palavras da vida eterna”(Jo. 6:68). Entendi, então, qual era o objetivo de Jesus ao me dizer palavras tão diretas e realistas: Ele mais uma vez queria que eu entendesse minha total dependência dEle e buscasse nEle o poder para continuar. Graça maravilhosa!
Nos últimos dias da igreja de Cristo neste planeta haverá três classes de pessoas: Os que farão o cálculo da vida cristã e decidirão sair, os que não farão o cálculo e “ficarão” por algum tempo até saírem envergonhados e os que farão o cálculo, perceberão que não podem por si mesmos e pedirão o poder de Deus para prosseguir. Hoje é o dia de pedirmos o poder de Deus para carregarmos nossa cruz e sermos verdadeiros discípulos de Cristo.

domingo, 11 de setembro de 2011

A Grande comissão:

privilégios e responsabilidades

Felippe Amorim

O que você diria se descobrisse agora que só tem mais dez minutos de vida? Quais seriam as suas últimas recomendações, saudações, pedidos? As últimas palavras de uma pessoa geralmente são as mais importantes de sua vida.

Embora todas as palavras de Cristo sejam importantes, as últimas certamente têm algo de mais especial. O que Jesus deixou como última lição para a humanidade antes de sua partida para o santuário celestial?

O evangelista Mateus registrou assim: E, aproximando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.(28: 18-20)

Sem dúvida, esta é uma missão desafiadora e vem acompanhada de grandes responsabilidades. Mas foi para isso que Deus nos chamou: “A igreja é o instrumento apontado por Deus para a salvação dos homens. Foi organizada para servir, e sua missão é levar o evangelho ao mundo” (Atos dos apóstolos, 9)

Toda missão envolve pelo menos três elementos: O preparo, a estratégia e o Líder. Encontramos os três na grande comissão de Cristo.

O preparo



O texto começa dizendo que Jesus “aproximou-se” dos discípulos. Nada está na Bíblia por acaso. Existe uma mensagem nesta expressão. O primeiro passo no preparo para cumprir a missão de Cristo envolve aproximação com o Mestre.

Não há fórmula mágica para fazer isso, é através da oração e estudo das escrituras que podemos estar próximo de Cristo.

O Próprio Senhor nos deu o exemplo: “Cristo não fez um serviço limitado. Não mediu o trabalho por horas. Seu tempo, Seu coração, Sua alma e força foram dadas ao trabalho para o bem da humanidade. Passava os dias em trabalho fatigante; transcorria longas noites prostrado em oração, pedindo graça e paciência para poder fazer um trabalho mais amplo. Com fortes gemidos e lágrimas, dirigia Suas petições ao Céu, para que fosse fortalecida a Sua natureza humana, a fim de poder estar preparado a lutar contra o inimigo e fortalecido para cumprir a missão de melhorar a humanidade. Cristo disse aos Seus obreiros: "Eu vos dei o exemplo, para que, como Eu vos fiz, façais vós também." João 13:15” (Ciência do Bom Viver, 500)

Essa aproximação com Cristo tem um propósito. Somente através dela podemos dar o próximo passo. Jesus disse: “Toda autoridade foi-me dada no céu e na terra”(v.8). Jesus foi investido com a autoridade do céu devido à sua vitória no plano da redenção. Certamente Cristo não cita sua autoridade aqui para exaltar-se, ele quer nos dar um recado. Devemos tomar posse desta autoridade. A palavra “portanto” nos indica que o que virá a seguir decorre e depende da autoridade de Cristo.

O medo é superado pela autoridade de Cristo. As barreiras serão derrubadas pela autoridade de Cristo. É por Sua autoridade que enfrentaremos as forças do mal e sairemos vencedores. É bom frisarmos que autoridade é somente dEle e por isso nenhum evangelista tem motivo para orgulhar-se.

Possuindo um preparo como este apresentado por Jesus, podemos partir para a estratégia de trabalho. O grande estrategista, Jesus Cristo, apresenta-a a nós.

A estratégia

O Senhor começa com uma palavra simples e profunda: “Ide”. Esta expressão nos dá ideia de movimento. Ninguém que esteja parado espiritualmente poderá cumprir a missão. É necessário sair da zona de conforto, deixar o banco da igreja “esfriar” um pouco e partir para o campo de trabalho.

“Quando Abraão foi chamado para tornar-se semeador da semente da verdade, foi-lhe ordenado: "Sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que Eu te mostrarei." Gên. 12:1. "E saiu, sem saber para onde ia." Heb. 11:8. Assim também recebeu Paulo a ordem divina, enquanto orava no templo em Jerusalém: "Vai, porque hei de enviar-te aos gentios de longe." Atos 22:21. Assim todos os que são chamados para unir-se a Cristo, precisam deixar tudo para segui-Lo. Velhas relações precisam ser cortadas, planos de vida abandonados, esperanças terreais renunciadas. Com trabalho e lágrimas, na solidão e por sacrifício, deve a semente ser lançada” (parábolas de Jesus, 37).

Há algum tempo escutei uma expressão interessante. “A igreja está obesa”. A pessoa estava se referindo ao fato de muito cristãos viverem apenas de “consumirem” sermões e não fazer nada em prol da obra de Deus. Para não fugir da metáfora, obesidade é causada, dentre outras coisa, por falta de atividade física, ou seja, a igreja está “obesa” porque se alimenta, mas fica parada. O pior é que obesidade pode fazer adoecer e até levar à morte. Precisamos de exercícios espirituais com urgência.

O segundo passo da estratégia é: “Fazei discípulos”. O discípulo é aquele que segue o mestre. Nosso primeiro objetivo em relação àqueles que não conhecem a Cristo é fazê-los seguidores dEle. Devemos motivá-los a isso. O apóstolo Paulo nos indica o caminho para influenciarmos pessoas. “Pois o amor de Cristo nos constrange” ( II Cor. 5:14). Fazer as pessoas entenderem o tamanho do amor de Jesus por elas e o presente da Salvação é o caminho. Quando elas entenderem a dádiva que receberam, elas o seguirão. A primeira lição é a da Justificação pela fé na Graça.

O discípulo não conhece tudo de seu mestre nos primeiros contatos, mas, entende que deve segui-lo irrestritamente e por isso aprenderá cada dia mais no decurso do caminho. Os ensinamentos básicos devem ser passados para o novo converso e o restante ele aprenderá com o tempo, pois, “a vereda dos justos é como a luz da aurora que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito”(Pv 4:18). Sendo assim, poderemos passar para o próximo passo.

“Batizando-os em nome do pai, do Filho e do Espírito Santo”. Segundo o que Cristo nos ensinou, não é necessário que a pessoa tenha todo o conhecimento da Bíblia para dar o passo do batismo. A doutrina da salvação deve ser explicada com riqueza de detalhes, pois do bom entendimento dela deriva uma vitoriosa vida cristã. Quando entendemos o que Deus fez por nós, ficamos tão gratos que queremos retribuir com obediência irrestrita. As evidências do preparo de uma pessoa para o batismo são: conhecimento básico da vontade do Mestre e disposição para segui-Lo onde for. Uma pessoa assim facilmente aceitará as outras doutrinas que ainda não domina.

Sem dúvida é importante que ela conheça as exigências da vida cristã antes do batismo, para que possa avaliar criteriosamente a decisão que tomará. Porém, o texto bíblico nos sugere que depois do batismo é que ela aprenderá a guardar as doutrinas e normas cristãs. Cristãos que têm anos como discípulos ainda não compreendem tudo. Os discípulos de Cristo após três anos de aulas intensivas com o criador da teologia, Jesus, ainda não compreendiam bem a cruz e a natureza do reino de Deus. Por que deveríamos nós exigir um conhecimento perfeito daqueles que são apenas embriões espirituais? A consolidação do conhecimento virá na sequência das palavras inspiradas.

O próximo passo é efetivado logo em seguida: “Ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado”. Após o batismo a pessoa precisa continuar sendo instruída na palavra de Deus. Até que ela aprenda “todas as coisas”. Isso envolve todas as doutrinas bíblicas, reforma de saúde, regras de vestuário, liturgia e, inclusive, o “Ide”.

Esta estratégia é infalível. Mas para podermos cumpri-la, precisamos da companhia do Grande Líder.

O Líder

Em um discurso é apropriado que o melhor sempre fique para o final. Jesus fez isso. Terminou suas instruções dizendo: “Estarei convosco todos os dias até a consumação dos séculos”.

Esta é uma promessa condicional. Somente quem está cumprindo o “Ide” pode reclamá-la. “É fazendo a obra de Cristo que a igreja tem a promessa de Sua presença. Ide, ensinai a todas as nações, disse Ele; "e eis que Eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos" Mat. 28:20. Tomar o Seu jugo é uma das primeiras condições para receber-Lhe o poder. A própria vida da igreja depende de sua fidelidade em cumprir a comissão do Senhor. Certo, negligenciar essa obra é convidar a fraqueza e a decadência espirituais. Onde não há ativo trabalho em benefício de outros, o amor diminui e definha a fé”. (Desejado de Todas as Nações, 825)

Uma igreja ou um cristão parado não pode ter a certeza de que está na constante companhia do divino salvador. Mas aqueles, que usando os seus dons, trabalham na pregação do evangelho, podem ter a segurança de terem como líder em suas empreitadas evangelísticas o Senhor dos exércitos, o qual nunca perdeu uma batalha.

Você já se perguntou o que Deus sente por um cristão que não cumpre o “ide”? Imagine a seguinte situação: Um Pai mandou seu pequeno filho para um acampamento de verão. Por um descuido seu filho foi para uma parte mais funda de um rio e começou a se afogar. Enquanto seu filho se debate na água alguém liga para o pai e o avisa do que está acontecendo. Ele pega seu carro e parte para o local do acampamento. Quando o pai chega, recebe a notícia que seu filho morreu afogado e que a menos de um metro dele havia um adulto que, se estendesse a mão, poderia salvá-lo.

Quais os sentimentos do pai em relação ao adulto que não fez coisa alguma para salvar seu filho? Ira, ódio e muitos outros sentimentos naturais do ser humano.

Se um humano pecador se sentiria assim, como você acha que Deus se sente em ralação a um cristão que poderia ter feito algo para salvar um filho dEle e não o faz? Deus cobrará no dia do juízo final cada omissão em relação à missão que ele deixou para cada um de nós. “Os sofrimentos de cada homem são os sofrimentos de um filho de Deus, e os que não estendem a mão em socorro de seus semelhantes quase a perecer, provocam-Lhe a justa ira. Esta é a ira do Cordeiro. Aos que professam ser companheiros de Cristo, e todavia se têm mostrado indiferentes às necessidades dos semelhantes, declarará Ele no grande dia do Juízo: "Não sei de onde vós sois; apartai-vos de Mim, vós todos os que praticais a iniquidade." Luc. 13:27” (Desejado de Todas as Nações, 826)

Aqueles que estão se empenhando na missão de Deus, não devem se preocupar com o juízo. A perspectiva destes é outra.

Quando chegarmos ao céu o primeiro abraço que procuraremos dar certamente será em Jesus. Vamos querer agradecê-lo pelo sacrifício no calvário, único motivo de estarmos lá. Mas o segundo abraço que vamos dar certamente será naquele que nos ajudou a conhecermos a mensagem da cruz. Você consegue se imaginar recebendo muitos abraços de pessoas emocionadas lhe agradecendo por tê-las apresentado a Jesus? Por que não começar o trabalho agora mesmo e reservar muitos abraços para aquela primeira manhã na Nova Jerusalém? Deus quer nos dá este privilégio. Comece agora.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Transformação possível

Felippe Amorim





Algumas pessoas lutam contra seus defeitos de caráter, mas, frequentemente, perdem a batalha. Há coisas em sua personalidade que prejudicam a elas e às pessoas que estão ao seu redor.

Certamente elas reconhecem que precisam mudar suas atitudes e até tentam, mas em pouco tempo repetem-nas de forma que magoam a si mesmas e ao semelhante. O que acontece com essas pessoas? Por que é tão difícil mudar traços de personalidade defeituosos? Como podemos melhorar nossa personalidade de forma que não machuquemos mais quem está ao nosso redor?

Jesus contou uma parábola que nos ajuda a encontrarmos uma resposta para nossa pergunta. Está registrada em Mateus 13:33: “Outra parábola lhes disse: O reino dos céus é semelhante ao fermento que uma mulher tomou e misturou com três medidas de farinha, até ficar tudo levedado”.

Quando Jesus pronunciou esta parábola estava cercado de pessoas de todas as classes. Ricos, pobres, fariseus, publicanos, ladrões, pessoas precisando de cura física etc. Havia, porém, uma coisa em comum entre todas elas. Cada uma tinha algo em sua personalidade que não estava de acordo com o que Deus planejara e precisavam mudar estes traços.

O Senhor sabendo disso, através da metáfora do fermento, mostrou-lhes como esse processo de mudança se daria. Naquele momento, o fermento não representava o pecado, como era costumeiro entre eles. O fermento representava a palavra de Deus. A massa era a vida de cada um deles.

A primeira coisa que precisamos observar é que o fermento é algo externo à massa e precisa ser colocado lá por outra pessoa, pois a massa não o pode fazer. Outra coisa importante é que o fermento fará a transformação na massa de dentro para fora.

Todas as pessoas que ouviam Jesus necessitavam entender que a palavra do Senhor era o fermento que poderia modificar a vida. Os defeitos de caráter que existiam naquela “massa” só seriam modificados se elas permitissem que Jesus introduzisse nelas os seus ensinamentos.

Cada um de nós precisa aprender esta lição. Nossos defeitos de caráter machucam a nós mesmos e àqueles que convivem conosco e por isso precisam ser abandonados.

“Frequentemente surge a questão: Por que, pois, há tantos pretensos crentes na Palavra de Deus, nos quais não se vê uma reforma na linguagem, no espírito e no caráter? Por que há tantos que não podem sofrer oposição a seus propósitos e planos, que manifestam temperamento não santificado, e cujas palavras são rudes, insultuosas e apaixonadas? Vê-se em sua vida o mesmo amor-próprio, a mesma condescendência egoísta, a mesma índole e linguagem precipitada, vistos na vida do mundano. Há o mesmo orgulho sensitivo, a mesma entrega ao pendor natural, a mesma perversidade de caráter, como se a verdade lhes fosse inteiramente desconhecida. A razão é que não são convertidos. Não esconderam no coração o fermento da verdade. Não teve ele oportunidade de realizar sua obra. Suas tendências naturais e cultivadas para o mal não foram subjugadas a seu poder transformador. A vida dessas pessoas revela a ausência da graça de Cristo, uma descrença em Seu poder de regenerar o caráter”. (Parábolas de Jesus, 100)

Três coisas são essenciais para a mudança: Primeiro é necessário QUERER que o fermento aja, depois precisamos ABRIR o coração para que o fermento seja colocado dentro dele e terceiro é necessário PERMITIR que o fermento nos transforme.

Todos aqueles que precisam modificar um mau traço de caráter tem que entrar em contato diário com a Palavra de Deus, pois, “A fé é pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus."(Rom. 10:17). Cristo orou assim: "Santifica-os na verdade; a Tua Palavra é a verdade." (João 17:17). “Estudada e obedecida, a Palavra de Deus atua no coração, subjugando todo atributo não santificado” (Parábolas de Jesus, 100).

Para sermos mais parecidos com Jesus só há um jeito: “Recebido no coração, o fermento da verdade regulará os desejos, purificará os pensamentos e dulcificará a índole. Vivifica as faculdades do espírito e as energias da alma. Aumenta a capacidade de sentir, de amar” (Parábolas de Jesus, 101)

Todos nós temos traços de caráter que necessitamos mudar. Há coisas em nós que prejudicam outras pessoas. Somente deixando Cristo agir em nós através de Sua palavra é que conseguiremos transformação. “Como purificará o jovem o seu caminho? Observando-o de acordo com a tua palavra [...] Escondi a tua palavra no meu coração, para não pecar contra ti”. (Salmo 119: 9,11)

Deus quer fazer de nós uma massa linda e que abençoe quem está ao nosso redor. A parte mais difícil desse processo Ele faz. Para nós resta apenas uma tarefa. Entrar em contato diário com o fermento que nos transformará, ou seja, estudar mais a Bíblia com oração. O resultado será uma vida cada vez mais parecida com a vida de Cristo.