segunda-feira, 15 de agosto de 2011


Missão Possível
(publicado no site Advir.com: click aqui )

Felippe Amorim

E este evangelho do reino será pregado no mundo inteiro, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim. Mateus 24:14



Recentemente o Brasil foi impactado pelo exemplo de fidelidade de uma jovem Adventista do Sétimo dia chamada Wasthi. Ela recusou a vaga em um Programa de televisão que poderia render para ela um bom emprego, porque queria se manter fiel a Deus observando o quarto mandamento de Sua lei, ou seja, santificando o sábado.

A entrevista na qual ela explicou seus princípios religiosos foi amplamente divulgada pela internet e certamente milhões de pessoas escutaram que existe um criador, um dia de guarda verdadeiro e uma igreja que preza pela verdade bíblica. Certamente foi uma grande contribuição à pregação do evangelho. Esse fato suscita uma reflexão séria.

Jesus deixou registrado na Sua palavra uma série de sinais que precederiam o Seu glorioso retorno a esta terra. Um estudo atento do capítulo 24 de Mateus nos apresenta sinais naturais, políticos, sociais, religiosos que facilmente identificamos em nossos dias.

O último grande sinal da volta de Jesus também está registrado no capítulo 24 de Mateus, é a pregação do Evangelho em todo o mundo. Este é o grande evento que precede o maior espetáculo já presenciado pelo universo.

Quando observamos o mundo em que vivemos podemos nos perguntar como o evangelho será pregado em todo o mundo. Hoje, mesmo com tantas facilidades tecnológicas, ainda enfrentamos grandes barreiras para a pregação do Evangelho. Países como a China e a Índia que detêm cerca de 1/3 da população mundial tem uma presença cristã muito pequena e se falarmos da presença Adventista, o número é ainda menor.

Mesmo aqui no Brasil a situação é desafiadora. Em São Paulo, por exemplo, a população é de aproximadamente 18,8 milhões de habitantes e quase 70 mil adventistas.

“No restante do mundo o desafio não é diferente, vejamos: Em Tóquio e adjacências vivem 35,6 milhões de pessoas e apenas 2.860 são adventistas. Em Nova Iork, são 19 milhões e 37.897 adventistas. Na Cidade do México, são 23,5 milhões de habitantes para 53.093 adventistas. Em Mumbai, na Índia, são 18,9 milhões e cerca de 10 mil adventistas. Se formos à China, um dos desafios do mundo atual, vamos encontrar Xangai com 14,9 milhões de habitantes para 6.274 membros, e em Beijing, 11,1 milhões de habitantes para 3300 adventistas. A mesma realidade pode ser vista em Buenos Aires, com 12,7 milhões de habitantes para 22.978 adventistas. No Cairo, Egito, com 11,8 milhões de habitantes, vivem 289 adventistas. Em Manila, nas Filipinas, são 11,1 milhões de habitantes e 30.775 adventistas. Moscou na Rússia, tem 10,4 milhões de habitantes e 3.500 são adventistas”.

Quando nos deparamos com este quadro, corremos o risco de ficarmos desanimados, pensando que será impossível pregarmos o evangelho em todo o mundo para que a volta de Jesus seja uma realidade o mais rápido possível.

Quando temos questões tão importantes como esta para responder, precisamos ir a mais confiável fonte de informações: A Bíblia. Nela encontramos relatos que nos dão o caminho para a solução deste nosso aparente empasse.

Noé e o Dilúvio

Começaremos analisando o projeto evangelístico que Deus designou Noé para realizar. O mundo antediluviano havia chegado no limite da paciência de Deus. O supremo criador resolveu então destruir o mundo, mas, graças a sua infinita misericórdia, quis salvar o maior número de pessoas e por isso deu uma mensagem a Noé e este deveria fazer uma série evangelística concomitante à construção da arca.

Por cento e vinte anos Noé pregou todos os dias a mesma mensagem, a mensagem presente para aquela época: o mundo seria destruído e as pessoas deveriam entrar na arca para se salvarem. Por certo, a maior série evangelística da história. No final de 120 anos apenas 8 pessoas foram salvas. Será que era a intenção de Deus condenar a maior parte das pessoas? Certamente não, mas Deus não poderia salvar aqueles que não aceitaram a mensagem. Como diz Ellen White: “O Redentor do mundo tinha muitos ouvintes, mas poucos seguidores. Noé pregou ao povo cento e vinte anos antes do dilúvio e, contudo, bem poucos souberam dar valor a esse precioso tempo de graça. Exceto Noé e sua família, ninguém mais foi contado entre os crentes, nem entrou na arca. De todos os habitantes vivos da Terra, somente oito almas aceitaram a mensagem; mas aquela mensagem condenou o mundo. A luz foi dada para que cressem, a rejeição da luz valeu-lhes a ruína. Nossa mensagem para o mundo será um cheiro de vida para todos quantos a aceitarem, e de condenação para todos os que a rejeitarem”. (Testemunhos Seletos v.3, 190)

A história de Noé nos dá a nossa primeira conclusão acerca da pregação de evangelho a todo o mundo. Devemos tentar alcançar o maior número de pessoas possível, mas para Deus a qualidade é mais importante que a quantidade. Se pudermos unir quantidade com qualidade seria o ideal, mas, segundo a história bíblica, se tivermos que optar por uma das duas devemos sempre ficar com a qualidade dos conversos.

ELIAS e o Monte Carmelo

Analisemos outra história. Elias foi um fiel servo de Deus. Em uma ocasião do seu ministério ele se deparou com um casal diabólico, Acabe e Jezabel. Este casal real havia feito o povo de Israel se distanciar de Deus e adorarem deuses falsos da fenícia.

A missão de Elias era repreender o povo em nome de Deus. O profeta do Deus verdadeiro deveria levar a mensagem de juízo ao rei e, sob risco de perder sua própria vida, entrou no palácio real e anunciou três anos e meio de seca na região. A palavra profética foi cumprida e quanto mais o tempo passava, mais a vida de Elias corria risco, pois Acabe e Jezabel queriam a todo custo a cabeça de Elias.

Passado o tempo determinado por Deus, Elias marcou um encontro entre ele e os inimigos de Deus no monte Carmelo. O profeta de Deus fez uma pergunta aos que estavam ali, pergunta esta que ecoa até nossos dias: E Elias se chegou a todo o povo, e disse: Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-o; mas se Baal, segui-o. O povo, porém, não lhe respondeu nada. (1 Reis 18:21)

Esta é uma questão que precisa ser pensada seriamente por todos os cristãos. A pergunta de Elias não oferece a opção do meio termo, era preciso uma posição firme por um dos lados – ou Deus ou baal. Podemos tirar outra lição. Durante toda a história do movimento profético Adventista do Sétimo dia, uma clara identidade nos diferenciou de outras denominações. Necessitamos preservá-la. Não podemos ficar servindo a dois senhores, ou melhor, a duas “teologias”, uma bíblica e outra contextual. A chamada ética circunstancial não pode ser aplicada na pregação do evangelho. A posição dos cristãos adventistas deve ser firme de tal forma que a identidade desta igreja seja mantida de acordo com a vontade de Deus expressa em Seus textos inspirados.

Após os improdutivos momentos de invocação dos profetas de baal recheados de muito barulho, Elias orou a Deus, sem barulho, sem gritaria, sem agitação, Elias apenas orou a Deus e o criador honrou a fidelidade do seu servo. A Bíblia registra assim aquele momento: Então caiu fogo do Senhor, e consumiu o holocausto, a lenha, as pedras, e o pó, e ainda lambeu a água que estava no rego. Quando o povo viu isto, prostraram-se todos com o rosto em terra e disseram: O senhor é Deus! O Senhor é Deus! (1 Reis 18: 38,39)

Ellen White descreve aquele momento: “Com impressionante distinção o grito ressoa sobre o monte e ecoa pela planície. Afinal Israel está desperto, esclarecido, penitente. O povo vê por fim quão grandemente havia desonrado a Deus. O caráter do culto de Baal, em contraste com a sensata adoração requerida pelo verdadeiro Deus, está plenamente revelado. O povo reconhece a justiça e misericórdia de Deus em haver retido o orvalho e a chuva até que tivessem sido levados a confessar o Seu nome. Agora estão prontos a admitir que o Deus de Elias está acima de qualquer ídolo”. (Patriarcas e Profetas. 153)

A vida fiel de Elias fez com que o evangelho fosse rapidamente espalhado por toda a região. Embora houvesse outros fiéis escondidos nas cavernas, naquela ocasião o testemunho de um homem fiel fez com que a mensagem presente para aquela época fosse pregada para “todo o povo” segundo a bíblia.

Sadraque, Mesaque e Abdenego

Analisemos a história registrada no capítulo 3 do livro de Daniel. Os três amigos do profeta, Sadraque, Mesaque e Abedenego receberam a ordem da adorar a imagem que o rei Nabucodonosor havia construido.

“A idéia de estabelecer um império e uma dinastia que perdurassem para sempre, apelou fortemente ao poderoso monarca cujas armas as nações da terra tinham sido incapazes de resistir. Com o entusiasmo nascido da ilimitada ambição e orgulho personalístico, ele tomou conselho com seus sábios quanto à maneira de levar avante o projeto. Esquecendo as assinaladas providências relacionadas com o sonho da grande imagem; esquecendo também que o Deus de Israel, por intermédio de Seu servo Daniel, tinha-lhe esclarecido o significado da imagem, e que em conexão com esta interpretação os grandes homens do reino tinham sido salvos de morte ignominiosa; esquecendo tudo, exceto o seu desejo de estabelecer o seu próprio poder e supremacia, o rei e seus conselheiros de Estado decidiram que todos os meios possíveis seriam utilizados para exaltar Babilônia como suprema, e digna de submissão universal”. (Profetas e Reis. 505)

Existia uma mensagem que deveria ser espalhada por todo o mundo: Somente o Deus de Israel era verdadeiro. Esta era a mensagem presente naquela ocasião. O desafio era muito grande, pois aparentemente tudo conspirava contra a mensagem de Deus.

O rei Nabucodonosor tentou obrigar os jovens fiéis hebreus a adorarem a imagem de ouro, usando como instrumento de coerção, a fornalha ardente. Sadraque, Mesaque e Abedenego foram fiéis sem pensar nas consequências: Responderam Sadraque, Mesaque e Abednego, e disseram ao rei: Ó Nabucodonozor, não necessitamos de te responder sobre este negócio. Eis que o nosso Deus a quem nós servimos pode nos livrar da fornalha de fogo ardente; e ele nos livrará da tua mão, ó rei. Mas se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste. (Daniel 3:16-18)

O rei portanto os jogou na fornalha e naquele momento Jesus apareceu no meio da fornalha e os livrou da morte.

Os versículos 28 e 29 do capítulo 3 de Daniel falam algo sobre o qual nós deveríamos refletir bastante: “Falou Nabucodonozor, e disse: Bendito seja o Deus de Sadraque, Mesaque e Abednego, o qual enviou o seu anjo e livrou os seus servos, que confiaram nele e frustraram a ordem do rei, escolhendo antes entregar os seus corpos, do que servir ou adorar a deus algum, senão o seu Deus. Por mim, pois, é feito um decreto, que todo o povo, nação e língua que proferir blasfêmia contra o Deus de Sadraque, Mesaque e Abednego, seja despedaçado, e as suas casas sejam feitas um monturo; porquanto não há outro deus que possa livrar desta maneira”. (Daniel 3: 28,29)

É impressionante este relato. Todo o império babilônico, que abarcava quase todo o mundo conhecido da época, recebeu a mensagem do evangelho em um só dia.

O testemunho de três jovens fiéis foi o suficiente para que a mensagem fosse pregada em todo o mundo rapidamente. Sem mídia eletrônica, sem grandes meios de comunicação em um dia a mensagem foi pregada de forma espetacular.

DANIEL

Ainda no livro de Daniel temos outro relato que pode responder nossa pergunta inicial. Em Daniel no capítulo 6 encontramos a famosa passagem da Daniel na cova dos leões.

A fidelidade de Daniel e o prestígio que ele ganhou junto ao rei Dario da Pérsia, fez surgir inveja nos seus colegas de trabalho que incentivaram o rei a fazer uma lei que obrigava a todos orarem somente a ele mesmo. Daniel que seguia o princípio bíblico de agradar a Deus e não aos homens, continuou fazendo suas orações com a janela aberta em direção a Jerusalém.

A pena para o desobediente seria a morte na cova dos leões. Mesmo relutante, o rei Dario cumpriu sua palavra e jogou Daniel na cova dos leões. O anjo do senhor protegeu o profeta fechando a boca dos leões.

Novamente a vida fiel de um servo de Deus faz um grande trabalho missionário, como vemos na bíblia: “Então o rei Dario escreveu a todos os povos, nações e línguas que moram em toda a terra: Paz vos seja multiplicada. Com isto faço um decreto, pelo qual em todo o domínio do meu reino os homens tremam e temam perante o Deus de Daniel; porque ele é o Deus vivo, e permanece para sempre; e o seu reino nunca será destruído; o seu domínio durará até o fim. Ele livra e salva, e opera sinais e maravilhas no céu e na terra; foi ele quem livrou Daniel do poder dos leões”. (Daniel 6:25-27)

A mensagem presente para a época foi pregada em todo o reino da Medo-Pérsia em um só dia. Este é um grande exemplo de como podemos pregar a verdade de Deus em todo mundo. A vida de um fiel, Daniel, fez com que se espalhasse a mensagem de Deus em todo o mundo conhecido.

PAULO

No novo testamento podemos encontrar outro exemplo de pregação do evangelho em todo mundo.

Em colossenses 1:23 Paulo diz: “se é que permaneceis na fé, fundados e firmes, não vos deixando apartar da esperança do evangelho que ouvistes, e que foi pregado a toda criatura que há debaixo do céu, e do qual eu, Paulo, fui constituído ministro”.

Um pequeno grupo de fiéis seguidores de Jesus foi o suficiente para pregar o evangelho em todo o mundo conhecido como lemos no texto acima. A vida deles foi uma pregação não verbal que convenceu multidões a seguir a Jesus.

Os exemplos bíblicos que relatamos nas linhas acima nos mostram que a fidelidade de um cristão pode revolucionar o mundo.

Imagine que o decreto dominical saiu e o mundo inteiro está se adaptando a esta lei que supostamente trará a paz mundial. De repente surge um grupo de pessoas que são fiéis à bíblia e, portanto, guardam o sábado, o verdadeiro dia do Senhor.

Um fiel adventista do 7º dia é preso e mesmo sob ameaça de perder sua própria vida ele não abre mão da verdade bíblica. Os jornais farão entrevistas para conhecer quem é este fiel adventista e farão reportagens sobre a Igreja Adventista e escreverão artigos sobre as doutrinas adventistas. As universidade farão debates sobre o sábado e em pouquíssimo tempo o evangelho será conhecido em todo o mundo.

O Exemplo de Wasthi mostra que a parábola que contamos acima não é algo difícil de acontecer. Como falamos, milhares de pessoas hoje sabem da mensagem do sábado por causa do exemplo de uma jovem fiel. Certamente ela não é perfeita. Nenhum dos personagens bíblicos que citamos acima o era. Mas quando o ser humano decide colocar-se nas mãos de Deus, o Supremo Pai o faz fiel.

Um fiel é tudo o que Deus precisa, apenas um fiel e o evangelho pode ser pregado em todo o mundo.

Cada cristão Adventista do sétimo dia precisa buscar a Jesus de tal forma que quando chegar o momento certo Deus trabalhe através da sua fidelidade e termine a pregação do evangelho em todo o mundo. Após a pregação em todo o mundo Jesus voltará e nos levará para junto dele e passaremos a eternidade sem a presença do pecado e com a presença de Jesus.

Texto baseado no sermão do Pr. Joaquim Azevedo

Bibliografia

Revista Adventista. Nº 1218. novembro de 09. Ano 104.

WHITE, Ellen G. Testemunhos Seletos. Volume 3. 6ª Edição. Casa Publicadora

Brasileira. Tatuí-SP,

WHITE, Ellen G. Patriarcas e Profetas. Casa Publicadora Brasileira, Tatuí-SP, 2007

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