domingo, 11 de setembro de 2011

A Grande comissão:

privilégios e responsabilidades

Felippe Amorim

O que você diria se descobrisse agora que só tem mais dez minutos de vida? Quais seriam as suas últimas recomendações, saudações, pedidos? As últimas palavras de uma pessoa geralmente são as mais importantes de sua vida.

Embora todas as palavras de Cristo sejam importantes, as últimas certamente têm algo de mais especial. O que Jesus deixou como última lição para a humanidade antes de sua partida para o santuário celestial?

O evangelista Mateus registrou assim: E, aproximando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.(28: 18-20)

Sem dúvida, esta é uma missão desafiadora e vem acompanhada de grandes responsabilidades. Mas foi para isso que Deus nos chamou: “A igreja é o instrumento apontado por Deus para a salvação dos homens. Foi organizada para servir, e sua missão é levar o evangelho ao mundo” (Atos dos apóstolos, 9)

Toda missão envolve pelo menos três elementos: O preparo, a estratégia e o Líder. Encontramos os três na grande comissão de Cristo.

O preparo



O texto começa dizendo que Jesus “aproximou-se” dos discípulos. Nada está na Bíblia por acaso. Existe uma mensagem nesta expressão. O primeiro passo no preparo para cumprir a missão de Cristo envolve aproximação com o Mestre.

Não há fórmula mágica para fazer isso, é através da oração e estudo das escrituras que podemos estar próximo de Cristo.

O Próprio Senhor nos deu o exemplo: “Cristo não fez um serviço limitado. Não mediu o trabalho por horas. Seu tempo, Seu coração, Sua alma e força foram dadas ao trabalho para o bem da humanidade. Passava os dias em trabalho fatigante; transcorria longas noites prostrado em oração, pedindo graça e paciência para poder fazer um trabalho mais amplo. Com fortes gemidos e lágrimas, dirigia Suas petições ao Céu, para que fosse fortalecida a Sua natureza humana, a fim de poder estar preparado a lutar contra o inimigo e fortalecido para cumprir a missão de melhorar a humanidade. Cristo disse aos Seus obreiros: "Eu vos dei o exemplo, para que, como Eu vos fiz, façais vós também." João 13:15” (Ciência do Bom Viver, 500)

Essa aproximação com Cristo tem um propósito. Somente através dela podemos dar o próximo passo. Jesus disse: “Toda autoridade foi-me dada no céu e na terra”(v.8). Jesus foi investido com a autoridade do céu devido à sua vitória no plano da redenção. Certamente Cristo não cita sua autoridade aqui para exaltar-se, ele quer nos dar um recado. Devemos tomar posse desta autoridade. A palavra “portanto” nos indica que o que virá a seguir decorre e depende da autoridade de Cristo.

O medo é superado pela autoridade de Cristo. As barreiras serão derrubadas pela autoridade de Cristo. É por Sua autoridade que enfrentaremos as forças do mal e sairemos vencedores. É bom frisarmos que autoridade é somente dEle e por isso nenhum evangelista tem motivo para orgulhar-se.

Possuindo um preparo como este apresentado por Jesus, podemos partir para a estratégia de trabalho. O grande estrategista, Jesus Cristo, apresenta-a a nós.

A estratégia

O Senhor começa com uma palavra simples e profunda: “Ide”. Esta expressão nos dá ideia de movimento. Ninguém que esteja parado espiritualmente poderá cumprir a missão. É necessário sair da zona de conforto, deixar o banco da igreja “esfriar” um pouco e partir para o campo de trabalho.

“Quando Abraão foi chamado para tornar-se semeador da semente da verdade, foi-lhe ordenado: "Sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que Eu te mostrarei." Gên. 12:1. "E saiu, sem saber para onde ia." Heb. 11:8. Assim também recebeu Paulo a ordem divina, enquanto orava no templo em Jerusalém: "Vai, porque hei de enviar-te aos gentios de longe." Atos 22:21. Assim todos os que são chamados para unir-se a Cristo, precisam deixar tudo para segui-Lo. Velhas relações precisam ser cortadas, planos de vida abandonados, esperanças terreais renunciadas. Com trabalho e lágrimas, na solidão e por sacrifício, deve a semente ser lançada” (parábolas de Jesus, 37).

Há algum tempo escutei uma expressão interessante. “A igreja está obesa”. A pessoa estava se referindo ao fato de muito cristãos viverem apenas de “consumirem” sermões e não fazer nada em prol da obra de Deus. Para não fugir da metáfora, obesidade é causada, dentre outras coisa, por falta de atividade física, ou seja, a igreja está “obesa” porque se alimenta, mas fica parada. O pior é que obesidade pode fazer adoecer e até levar à morte. Precisamos de exercícios espirituais com urgência.

O segundo passo da estratégia é: “Fazei discípulos”. O discípulo é aquele que segue o mestre. Nosso primeiro objetivo em relação àqueles que não conhecem a Cristo é fazê-los seguidores dEle. Devemos motivá-los a isso. O apóstolo Paulo nos indica o caminho para influenciarmos pessoas. “Pois o amor de Cristo nos constrange” ( II Cor. 5:14). Fazer as pessoas entenderem o tamanho do amor de Jesus por elas e o presente da Salvação é o caminho. Quando elas entenderem a dádiva que receberam, elas o seguirão. A primeira lição é a da Justificação pela fé na Graça.

O discípulo não conhece tudo de seu mestre nos primeiros contatos, mas, entende que deve segui-lo irrestritamente e por isso aprenderá cada dia mais no decurso do caminho. Os ensinamentos básicos devem ser passados para o novo converso e o restante ele aprenderá com o tempo, pois, “a vereda dos justos é como a luz da aurora que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito”(Pv 4:18). Sendo assim, poderemos passar para o próximo passo.

“Batizando-os em nome do pai, do Filho e do Espírito Santo”. Segundo o que Cristo nos ensinou, não é necessário que a pessoa tenha todo o conhecimento da Bíblia para dar o passo do batismo. A doutrina da salvação deve ser explicada com riqueza de detalhes, pois do bom entendimento dela deriva uma vitoriosa vida cristã. Quando entendemos o que Deus fez por nós, ficamos tão gratos que queremos retribuir com obediência irrestrita. As evidências do preparo de uma pessoa para o batismo são: conhecimento básico da vontade do Mestre e disposição para segui-Lo onde for. Uma pessoa assim facilmente aceitará as outras doutrinas que ainda não domina.

Sem dúvida é importante que ela conheça as exigências da vida cristã antes do batismo, para que possa avaliar criteriosamente a decisão que tomará. Porém, o texto bíblico nos sugere que depois do batismo é que ela aprenderá a guardar as doutrinas e normas cristãs. Cristãos que têm anos como discípulos ainda não compreendem tudo. Os discípulos de Cristo após três anos de aulas intensivas com o criador da teologia, Jesus, ainda não compreendiam bem a cruz e a natureza do reino de Deus. Por que deveríamos nós exigir um conhecimento perfeito daqueles que são apenas embriões espirituais? A consolidação do conhecimento virá na sequência das palavras inspiradas.

O próximo passo é efetivado logo em seguida: “Ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado”. Após o batismo a pessoa precisa continuar sendo instruída na palavra de Deus. Até que ela aprenda “todas as coisas”. Isso envolve todas as doutrinas bíblicas, reforma de saúde, regras de vestuário, liturgia e, inclusive, o “Ide”.

Esta estratégia é infalível. Mas para podermos cumpri-la, precisamos da companhia do Grande Líder.

O Líder

Em um discurso é apropriado que o melhor sempre fique para o final. Jesus fez isso. Terminou suas instruções dizendo: “Estarei convosco todos os dias até a consumação dos séculos”.

Esta é uma promessa condicional. Somente quem está cumprindo o “Ide” pode reclamá-la. “É fazendo a obra de Cristo que a igreja tem a promessa de Sua presença. Ide, ensinai a todas as nações, disse Ele; "e eis que Eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos" Mat. 28:20. Tomar o Seu jugo é uma das primeiras condições para receber-Lhe o poder. A própria vida da igreja depende de sua fidelidade em cumprir a comissão do Senhor. Certo, negligenciar essa obra é convidar a fraqueza e a decadência espirituais. Onde não há ativo trabalho em benefício de outros, o amor diminui e definha a fé”. (Desejado de Todas as Nações, 825)

Uma igreja ou um cristão parado não pode ter a certeza de que está na constante companhia do divino salvador. Mas aqueles, que usando os seus dons, trabalham na pregação do evangelho, podem ter a segurança de terem como líder em suas empreitadas evangelísticas o Senhor dos exércitos, o qual nunca perdeu uma batalha.

Você já se perguntou o que Deus sente por um cristão que não cumpre o “ide”? Imagine a seguinte situação: Um Pai mandou seu pequeno filho para um acampamento de verão. Por um descuido seu filho foi para uma parte mais funda de um rio e começou a se afogar. Enquanto seu filho se debate na água alguém liga para o pai e o avisa do que está acontecendo. Ele pega seu carro e parte para o local do acampamento. Quando o pai chega, recebe a notícia que seu filho morreu afogado e que a menos de um metro dele havia um adulto que, se estendesse a mão, poderia salvá-lo.

Quais os sentimentos do pai em relação ao adulto que não fez coisa alguma para salvar seu filho? Ira, ódio e muitos outros sentimentos naturais do ser humano.

Se um humano pecador se sentiria assim, como você acha que Deus se sente em ralação a um cristão que poderia ter feito algo para salvar um filho dEle e não o faz? Deus cobrará no dia do juízo final cada omissão em relação à missão que ele deixou para cada um de nós. “Os sofrimentos de cada homem são os sofrimentos de um filho de Deus, e os que não estendem a mão em socorro de seus semelhantes quase a perecer, provocam-Lhe a justa ira. Esta é a ira do Cordeiro. Aos que professam ser companheiros de Cristo, e todavia se têm mostrado indiferentes às necessidades dos semelhantes, declarará Ele no grande dia do Juízo: "Não sei de onde vós sois; apartai-vos de Mim, vós todos os que praticais a iniquidade." Luc. 13:27” (Desejado de Todas as Nações, 826)

Aqueles que estão se empenhando na missão de Deus, não devem se preocupar com o juízo. A perspectiva destes é outra.

Quando chegarmos ao céu o primeiro abraço que procuraremos dar certamente será em Jesus. Vamos querer agradecê-lo pelo sacrifício no calvário, único motivo de estarmos lá. Mas o segundo abraço que vamos dar certamente será naquele que nos ajudou a conhecermos a mensagem da cruz. Você consegue se imaginar recebendo muitos abraços de pessoas emocionadas lhe agradecendo por tê-las apresentado a Jesus? Por que não começar o trabalho agora mesmo e reservar muitos abraços para aquela primeira manhã na Nova Jerusalém? Deus quer nos dá este privilégio. Comece agora.

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