quinta-feira, 7 de julho de 2011


Quem Morará no Céu?

Felippe Amorim


Introdução:


A hospitalidade é uma característica do cristão. Receber pessoas em casa geralmente é algo muito prazeroso, principalmente quando recebemos pessoas que amamos.

Infelizmente, no mundo em que vivemos não podemos abrir a porta de nossa casa indiscriminadamente. Há muita violência e isso nos deixa receosos quanto a quem irá frequentar nossa casa.

Sem dúvida, fazemos uma seleção de quem convidamos para estar conosco em casa. Que tipo de pessoa você convidaria para passar uns dias em sua casa? Que tipo de pessoa você convidaria para morar em sua casa?

Deus é o grande exemplo de hospitalidade. Mas, apesar disso, ele seleciona seus hóspedes. Deus tem uma casa temporária neste planeta, é a Sua igreja. Para esta casa Deus convida a todos. O maior pecador ou a mais inocente criança são convidados a frequentar a igreja. Mas dentro de algum tempo Deus nos levará para uma casa definitiva, que já está construída no céu. Para esta casa, Deus também convida a todos, mas não levará qualquer um. Ele fará uma seleção. O direito à entrada já foi garantido por Jesus na cruz, mas algumas características serão peculiares àqueles que desfrutarão da graça de estarem nas mansões celestiais. O salmo 15 nos diz quem morará com Jesus no céu. Neste salmo existem onze características dos que desfrutarão da eterna presença física de Jesus.


Deus é o anfitrião


Antes de apresentarmos as características dos cidadãos do céu apresentadas no Salmo 15, precisamos pensar em algumas questões importantes. A primeira coisa que necessitamos entender é que Deus é o anfitrião no céu. Como anfitrião, Ele tem todo o direito de estabelecer parâmetros para quem entrará em Sua casa. Deus é quem determina que tipo de hóspede quer receber.

Alguns creem na teoria universalista de que a morte de Jesus levará todas as pessoas, indiscriminadamente, para o céu. Mas não é isso o que a Bíblia apresenta. Percebemos claramente nas escrituras que no final dos tempos haverá um grupo de salvos e um grupo de perdidos. O pensamento de que “Deus é amor e por isso salvará a todos” não é bíblico. Deus salvará a todos que o aceitaram como Salvador e Senhor de sua vida. Aceitar Jesus como Salvador significa que entendemos que seu sacrifício foi suficiente para nos salvar do pecado e nos conduzir à vida eterna. Aceitá-lo como Senhor é submeter-se aos seus mandamentos. Todos os que morarão no céu, aceitaram, de acordo com a luz que tinham, as ordenanças de Deus em sua vida.

Outro aspecto importante que devemos entender é que precisamos ter um relacionamento com a pessoa que convidamos para morar em nossa casa. Deus só convidará para morar em Sua casa pessoas com as quais Ele tem um relacionamento. Não existe cristianismo sem relacionamento com Jesus Cristo.

As Características dos cidadãos do céu


O salmo 15 começa com uma pergunta importante: Quem, Senhor, habitará no teu tabernáculo? quem morará no teu santo monte? (Sl. 15:1). Sem dúvida essa é uma pergunta importante para o cristão e sua resposta é essencial para o destino eterno da cada um. Na sequência do texto encontramos 11 características que analisaremos brevemente a seguir.

Integridade

A primeira característica dos cidadãos do céu que o Salmo 15 nos apresenta é a integridade. Segundo o dicionário ser íntegro é ser "completo", "inteiro", "sem defeito".

Deus ordenou a Abraão, um dos personagens ideais do Antigo Testamento, que fosse íntegro (Gn. 17: l). Nós sabemos que a vida deste homem não foi uma vida perfeita, impecável. Abraão cometeu erros.

Portanto, do ponto de vista bíblico, ser íntegro não é viver em ausência de pecado. É estar completamente submisso à vontade de Deus. Ser integro é estar sempre submetido a Jesus.

O cristão íntegro entende que Deus não quer apenas uma parte de sua vida, Ele a quer completamente. Infelizmente há pessoas que se entregam parcialmente a Jesus. Reservam sua alimentação, suas músicas ou outras coisas para que elas mesmas tomem conta. Não é assim que o cidadão do céu faz, ele se entrega inteiramente a Deus e deixa com que Deus determine por onde ele anda, o que ele ouve, o que ele bebe, compra, ou seja, entrega-se integralmente a Jesus.

Pratica a Justiça

Para entendermos o que significa praticar a justiça podemos apelar para o que o apóstolo João escreveu em 1 João 3: 6- 10: “Todo o que permanece nele não vive pecando; todo o que vive pecando não o viu nem o conhece. Filhinhos, ninguém vos engane; quem pratica a justiça é justo, assim como ele é justo; quem comete pecado é do Diabo; porque o Diabo peca desde o princípio. Para isto o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do Diabo. Aquele que é nascido de Deus não peca habitualmente; porque a semente de Deus permanece nele, e não pode continuar no pecado, porque é nascido de Deus. Nisto são manifestos os filhos de Deus, e os filhos do Diabo: quem não pratica a justiça não é de Deus, nem o que não ama a seu irmão”.

Praticar a justiça é não viver no pecado voluntário. O pecado na vida do cristão deve ser apenas um acidente. Deus deixou em Sua palavra a Sua vontade revelada. Pecado é ir contra esta palavra.

Devemos seguir o que Deus determina mesmo que não seja o que nós queremos, pois a vontade de Deus sempre é melhor que a nossa.

Fala a verdade de coração.


Esta é sem dúvida uma característica desafiadora. Vivemos em uma época na qual a mentira está generalizada. Nesta sociedade os fins justificam os meios, mentir não importa muito, contanto que se leve alguma vantagem, essa é a filosofia da nossa sociedade.

O cidadão do céu preza pela verdade. Sua palavra é como Jesus determinou: “Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não; pois o que passa daí, vem do Maligno”(Mt 5:37). O verdadeiro cristão é totalmente sincero, não trabalha com “meia-verdade”.

Ele fala a verdade de coração, ou seja, suas palavras verdadeiras derivam de um coração que está em harmonia com o criador. O cidadão do céu cuida do seu coração, seguindo a recomendação de Salomão: “Guarda com toda a diligência o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida”(Pv. 4:23)

As três primeiras características apresentadas pelo salmo 15 são internas. Deus tem uma mensagem com isso. Primeiro devemos cuidar das nossas questões internas. No movimento de reavivamento e reforma, esta sequência precisa ser respeitada. Reforma sem reavivamento prévio gera legalismo. O que importa não são formas nem cerimônias, senão o caráter que se manifesta nas ações nobres.

Não difama

O cidadão do céu não lança palavras mentirosas contra seu irmão. Falar mal do próximo, mesmo contra uma pessoa má, não é uma característica de um cristão. Mesmo ouvir a difamação já é participar deste pecado.

“Quando damos ouvidos a uma difamação contra nosso irmão, somos responsáveis pela mesma. [...] Devemos esforçar-nos por pensar bem de todos os homens, especialmente de nossos irmãos, até que sejamos forçados a pensar de outro modo. Não devemos ter pressa em acreditar em relatórios maus. Eles são muitas vezes resultado de inveja ou mal-entendidos, ou podem proceder de exageros ou de uma exposição de fatos tendenciosa. O ciúme e a suspeita, uma vez se lhes tendo dado lugar, espalhar-se-ão aos quatro ventos, como as sementes de cardo. Se um irmão se desvia, é então ocasião de nele mostrardes vosso real interesse. Ide ter com ele bondosamente, orai com ele e por ele, lembrados do preço infinito que Cristo pagou por sua redenção. Deste modo podereis salvar da morte uma alma e cobrir multidão de pecados.” (Conselho Sobre Educação. 88,89)

Obreiros fervorosos não têm tempo para demorar-se nos defeitos alheios. Contemplam o Salvador, e contemplando-O transformam-se em Sua semelhança. Ele é Aquele cujo exemplo devemos seguir na formação do nosso caráter. Em Sua vida na Terra Ele revelou claramente a natureza divina. (Testemunhos Seletos v. 3, 230)


Não faz mal ao semelhante


Na vida de um cidadão que morará no céu o fazer o bem é uma ação constante. Sua preocupação constante é como ajudar ao semelhante. Uma pergunta importante é “quem é meu semelhante?”

Jesus respondeu a esta pergunta com a parábola do Bom Samaritano, segundo esta história, o nosso semelhante são todas as pessoas que estão próximas de nós e são necessitadas de ajuda.

A partir deste princípio o cidadão do céu é alguém que faz bem a TODOS, sem exceção.


Não lança calúnia


O cidadão do céu vive segundo a regra de ouro: “Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós a eles; porque esta é a lei e os profetas” (Mat. 7: 12).

“Quando alguém chega a vós com uma história acerca de vosso semelhante, deveis recusar-vos a ouvi-la. Deveis dizer-lhe: "Falaste com a pessoa interessada a esse respeito?"... Dizei-lhe que ele deve obedecer a regra bíblica, e ir primeiro a seu irmão, e dizer-lhe em particular sua falta, e com amor. Caso os conselhos de Deus fossem seguidos, cerrar-se-iam os diques à maledicência”. (Review and Herald, 28 de agosto de 1888.)

“Os pastores e leigos desagradam a Deus, permitindo a indivíduos falar-lhes acerca dos erros e defeitos de seus irmãos. Não deveriam atender a essas informações, mas sim inquirir: Acaso fizeste como manda o Salvador? Foste ter com o teu ofensor, advertindo-o de suas faltas entre ti e ele só? E recusou ouvir-te? Tomaste contigo, depois de orar sobre o caso, duas ou três testemunhas, buscando convencê-lo com ternura, humildade e mansidão, e com o coração palpitante de simpatia por ele?” (Testemunhos Seletos v. 2, 260)
Rejeita o desprezível


Essa é uma expressão muito interessante. Rejeitar o desprezível significa se afastar de coisas proibidas.

Alguns cristãos gostam de estar perto de coisas que são proibidas. Vivem se perguntando “até onde posso ir sem pecar?” Esta não é a pergunta correta. Deveríamos nos perguntar “como devo viver para estar bem longe do pecado?”

Deveríamos rejeitar tudo o que não agrada a Deus. Programas de televisão, músicas, conversas, comidas, enfim, o cristão que morará no céu é inimigo daquilo que Deus é inimigo.

Honra os que temem ao Senhor

Essa característica diz respeito a como o cristão encara as homenagens que presta a outras pessoas. O texto nos diz que nós podemos prestar homenagens. Porém, também nos é apresentado quem merece nossas homenagens.

O cristão genuíno honra aos verdadeiros seguidores de Deus. Dá mais importância à verdadeira piedade que à linhagem e à posição.

Bajular pessoas por causa de sua riqueza ou por causa de algum benefício que possa receber não é uma ação do cidadão do céu. A honra deve ser dada àqueles que temem a Deus, esse é o verdadeiro critério para as homenagens do cristão.

Mantêm a palavra mesmo prejudicado

Pode-se ter absoluta confiança no que o cidadão do céu prometeu. Ele sempre cumpre sua palavra, mesmo que sua promessa o faça ter prejuízo, ele sempre cumpre-a. Ele sempre é fiel em seus negócios, cumpre os horários combinados.

Este cristão tem a consciência de que “os cálculos de cada negócio, os pormenores de cada transação passam pelo exame de auditores invisíveis, agentes dAquele que nunca transige com a injustiça, nem abona o mal, nem passa por alto o erro” (Educação, 144).

Não empresta visando lucro


A décima característica diz respeito a não exploração dos pobres. O cidadão do céu não se aproveita de pessoas em condições piores que a dele para tirar proveito financeiro.

Isso se aplica também na hora de comprar e vender. Não se deve aproveitar-se da situação de desespero das pessoas para lucrar com isso. Os negócios precisam ser feitos com justiça nos preços e nos lucros.

Não aceita suborno

A última característica tem relação com a honestidade. Em um mundo onde a desonestidade tem virado “virtude” dos espertos, estamos precisando de mais cidadãos do céu que são honestos na hora de fazer uma prova, na hora de fechar um negócio, na hora de vender seus produtos.

Outro aspecto importante deste ponto é que o cidadão do céu faz o que é certo mesmo quando alguém lhe oferece vantagens para que ele faça o que é errado.

Poderíamos resumir estes onze pontos com uma citação muito significativa: “A maior necessidade do mundo é a de homens - homens que se não comprem nem se vendam; homens que no íntimo da alma sejam verdadeiros e honestos; homens que não temam chamar o pecado pelo seu nome exato; homens, cuja consciência seja tão fiel ao dever como a bússola o é ao pólo; homens que permaneçam firmes pelo que é reto, ainda que caiam os céus”. (Educação, 57)


A Fonte das características


O salmo termina de uma forma muito significativa: “Quem desse modo procede não será abalado”(v.5)

A pessoa em cujo caráter se mostra as características enumeradas nos versos 2-5 é digna de ser hóspede de Deus. Como está colocada sobre uma base segura, não será abalada. Mas qual é essa base segura. Como o cristão pode “não ser abalado”?

Mateus 7:24-25 nos diz quem é este cristão que não será abalado: “Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em prática, será comparado a um homem prudente, que edificou a casa sobre a rocha. E desceu a chuva, correram as torrentes, sopraram os ventos, e bateram com ímpeto contra aquela casa; contudo não caiu, porque estava fundada sobre a rocha”.

Somente quando nos firmamos na Rocha, ou seja, em Cristo, é que podemos não ser abalados. Todas estas características do cidadão do céu somente são possíveis de existirem em uma pessoa se ela estiver firmada na rocha da salvação. Só Jesus conseguiu cumprir tudo perfeitamente e quando falhamos é nos méritos dEle que confiamos para continuarmos a caminhada. Confiados em Seus méritos é que viveremos aqui como cidadãos do céu e finalmente entraremos nas mansões celestiais.

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